A arte contemporânea brasileira

Este ciclo de palestras se debruça sobre o processo de criação estética impulsionado por diferentes grupos e artistas que, desde a década de 1960 ao início do século XXI, moldaram novas formas de relação com o universo da produção artística e forjaram as bases do processo de constituição e consolidação da arte contemporânea brasileira.   

Desta forma, o ciclo busca discutir as diferentes propostas de intervenção artísticas, ao longo deste período, tendo em vista, o trabalho e atuação dos agentes que se dedicaram à exploração e experimentação de novos objetos, suportes, espaços e conceitos no campo da produção artística no Brasil.

 

A palestra examinará as trajetórias de Lygia Clark e Hélio Oiticica que produziram uma inflexão na arte construtiva brasileira, ao promoverem de modo singular a expansão do plano na pintura geométrica para o dito “espaço real”.  Reconstituirá, em particular, o percurso de Lygia Clark iniciado nos anos 1950 com as soluções formais que apresentou aos problemas da figuração do espaço no plano e que culminou nos anos 1970, em um “trabalho terapêutico”, situado entre arte e clínica.

Com Ricardo Nascimento Fabbrini.

 

Como a arte brasileira de vanguarda reagiu, em termos estéticos e ideológicos, frente às contradições culturais dos ditos “anos de chumbo” do regime militar? Partindo dessa questão, percebemos que não é ausente de sentidos históricos a coincidência cronológica entre os primeiros anos de vigência do Ato Institucional nº 5 (1969-1973) e o surgimento de uma produção artística conceitual no Brasil. Buscando caracterizar as principais intenções estético-ideológicas da arte conceitual brasileira, analisaremos obras-chave de Antonio Manuel, Cildo Meireles e Artur Barrio, bem como suas estratégias de atuação e reação no campo da arte de guerrilha no Brasil.

Com Artur Freitas.

 

A palestra enfocará a relação histórica entre o debate crítico e a produção artística da década de 1980, propondo uma reflexão sobre o modo como certas obras e tendências – sobretudo a chamada “volta da pintura” – obtiveram enorme visibilidade, em detrimento de outras linguagens. Nesse sentido, o objetivo é reforçar a identidade plural do período, (re)vendo obras importantes dos anos 80 e contextualizando-as em relação ao cenário político, social e cultural da época. Serão abordados determinados eventos do período, a trajetória de diferentes artistas, assim como os principais tópicos da agenda crítica que norteou o debate e o modo como a arte então produzida era entendida nas mais diversas instâncias do circuito artístico e cultural brasileiro.

Com Ivair Junior Reinaldim.

 

A partir da identificação dos tensionamentos espaciais e conceituais estabelecidos entre o local/global, dentro/fora e do fluxo/fixo na constituição da arte contemporânea, a palestra discutirá um conjunto de projetos artísticos atuais a fim de localizar seus pontos de equalização frente aos valores da contemporaneidade artística. Por meio da leitura crítica pretende-se explorar a condição que se pode nomear de arte extramuros que, por sua vez, demonstra-se, em forma e formatividade, como campo apropriado às dimensões, estratégias, formulações e participações do outro no processo da criação contemporânea brasileira.
Com Sylvia Furegatti.