A arte de falar em público

Ocorre sempre algo misterioso, e de certo modo imprevisível, quando se toma a palavra em público. Nenhuma disciplina pode se vangloriar de ter essa exclusividade do falar em público: nem a semiótica, nem a retórica, e muito menos a linguística. Falar em público é uma arte: uma arte com ausência de técnicas. Aprender a falar em público, de fato, não é uma habilidade que se aprende adquirindo regras standard  válidas para cada contexto. Portanto, não existem instruções para seu uso.

Certamente, é verdadeiro que o exercício contínuo pode conduzir a uma melhoria das próprias performances da oratória. Assim como é verdadeiro, que a observação de algumas regras essenciais possa tornar mais adequada e eficaz a própria capacidade expositiva. 

Não obstante, a arte da oratória é uma arte eminentemente individual, que se realiza e se define através de uma especificidade e de um estilo próprio, e somente num segundo momento com a cultura, com a língua e com as tradições de um país.

De qualquer modo, e sob determinadas condições, todos são capazes de falar em público. Teoricamente não existem propensões naturais que levam uma pessoa a falar melhor do que a outra.

No ato de falar em público se revela não somente a capacidade de entrar em sintonia consigo  próprio, mas principalmente  a capacidade de entrar em contato com partes profundas de si mesmo. Um bom orador está sempre próximo de compreender as razões que o impelem a tomar a palavra, mesmo que lhe seja perfeitamente claro que não poderá dizer todas as coisas de uma só vez, mas que principalmente muitas coisas estão destinadas a permanecer indizíveis.

 

Haverá tradução italiano-português.


(Foto: Schermata)