A reedição de álbuns clássicos em CD

Desde o início da era do CD, no final dos anos 1980, até o declínio mais concreto da indústria fonográfica nos anos 2000, as grandes gravadoras instaladas no país não olhavam para os próprios acervos com interesse comercial. O mercado de lançamentos estava aquecido. Discos de novos artistas formatados nos moldes do gênero musical da estação (como o sertanejo, o axé, o pagode etc) vendiam milhões de cópias e davam muito lucro. Eram, portanto, o foco do investimento. Na outra ponta, projetos de reedição de álbuns clássicos eram raros e tímidos. Com isso, praticamente toda a discografia brasileira produzida no século passado ficava esquecida nos porões dessas empresas. E o público a perdia de vista. Hoje, o cenário é o oposto. E projetos de reedição do acervo de uma gravadora podem render tanto ou mais do que seus artistas de catálogo. Um dos pioneiros na produção de reedições de álbuns clássicos da MPB, o pesquisador Marcelo Fróes conta ao jornalista Marcus Preto o caminho percorrido entre seus primeiros trabalhos nessa área, nos anos 1990, e a criação da gravadora Discobertas, que lança dezenas de títulos por ano. Na conversa, os dois dissecam a tese de que tais relançamentos são responsáveis pelos melhores caminhos que a nova música brasileira segue atualmente, já que a reedição dessa discografia clássica possibilitou que a mesma, em pouco tempo, voltasse a ser forte influência para quem faz música hoje.

*O debate integra o Ciclo “As transformações do mercado fonográfico”, que discute as estratégias do mercado fonográfico, a transformação do CD em suporte da memória da MPB e artigo de colecionador, bem como a redescoberta e revalorização do vinil pelas novas gerações.

 

As inscrições podem ser feitas a partir de 26 de agosto, às 14h, pela Internet ou nas unidades do Sesc em São Paulo.