Atividades

Uma conversa sobre a igualdade na arte com relação aos espaços, os tempos e as obras.

As artes e os pobres: políticas e poéticas da igualdade

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Programa

Um cineasta chamado Pedro Costa trabalhou durante anos em um bairro que já não existe. Como tantos lugares miseráveis, foi demolido em nome do progresso. Viviam ali, em casas que eles mesmos haviam construído, imigrantes do norte de Portugal, que chegaram nos anos 60 e imigrantes cabo-verdianos, que chegaram um pouco mais tarde. Todos pobres. Porém, não é da pobreza que vamos tratar aqui. A pobreza não é novidade, como tampouco é novidade “o problema da pobreza” entre os que não são pobres. A pobreza nunca falta. Como tampouco faltam os “visibilizadores” da pobreza, os que tratam de dar voz e rosto aos pobres; nem os “explicadores” da pobreza, os que tratam de fazê-la inteligível mostrando sua conexão com lógicas sociais, culturais, políticas ou econômicas; nem os “pregadores” da pobreza, os que tratam de “sensibilizar” aos que não são pobres sobre a pobreza; nem os “trabalhadores” da pobreza, os que tentam “oferecer alternativas” que passam por colocar em marcha práticas inclusivas focadas na educação, na arte, na cultura ou em diversas formas de intervenção social.  Mas Pedro Costa não foi a Fontaínhas para informar, nem para visibilizar, nem para explicar, nem para conscientizar, nem para intervir. Ele esteve lá porque queria fazer um filme, e este filme o levou a outro e logo a outro.
 
No processo destes três filmes teve que refletir sobre suas relações sobre suas relações com o bairro, com o cinema e consigo mesmo. E, o que mais nos interessa, teve que dar uma resposta prática, na materialidade de seu próprio trabalho, à questão da igualdade . A pobreza, para os especialistas, os moralistas e a maioria dos educadores, expressa a desigualdade. Mas para nós, não se trata de mostrar a desigualdade, ou de explicá-la, ou de tratar de reduzi-la, mas de verificar a igualdade. Do que se trata é de saber se as práticas educativas, artísticas e culturais nos bairros da periferia tem como pressuposto uma desigualdade a reduzir ou uma igualdade a verificar. Porque a igualdade, como disse Jacques Rancière, é algo que depende, uma e outra vez, “da iniciativa dos indivíduos e dos grupos que, contra o curso ordinário das coisas, (assumem) o risco de verificá-la, de inventar as formas, individuais ou coletivas, de sua verificação”.

(Foto principal: Cena extraida do filme "Juventude em Marcha" (2006), de Pedro Costa)

Palestrantes

Jorge Larrosa

Jorge Larrosa

Professor de Filosofia na Universidade de Barcelona. Tem escrito sobre a experiência de formação como experiência estética. Trata das ideias do público e do comum em relação à cultura, à educação e às artes. Tem colaborado com artistas plásticos, da dança e do teatro, e com a Bienal de São Paulo.

Data

23/10/2014 a 23/10/2014

Dias e Horários

Quinta, 14h30 às 19h.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 
4º andar do prédio da FecomércioSP
Bela Vista - São Paulo/SP

Valores

R$ 10,00 - comerciários e dependentes
R$ 25,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 50,00 - inteira
 

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