Cinema entre Montagens da História e Ficções de Memória
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A partir de exemplos de documentários contemporâneos, o curso aborda a questão da montagem, em sua relação com a história e com a memória.
Se, em termos técnicos, nos referimos sempre à montagem no singular, em termos estéticos, as formas da montagem são múltiplas e se estendem ao infinito. Figuras de montagem recorrentes, como o raccord e o intervalo, por exemplo, ganham diferentes funções segundo o modo como são utilizadas em processos de atualização do passado e de elaboração da memória.
Cada acontecimento histórico, cada matéria prima (imagem, documento textual, testemunho, lugar de história) tem sua singularidade, sua historicidade e demanda um tipo de montagem específico. Chris Marker, um dos maiores montadores do cinema, não monta da mesma forma a história das lutas sociais dos anos 1960-1970 (O fundo do ar é vermelho) que a história do cineasta russo Alexandre Medvedkine (Elogio a Alexandre).
A montagem é uma escrita da história renovada a cada novo acontecimento abordado. Ela nos ensina que a imagem do passado não é ilustração, mas sobrevivência, matéria viva, da mesma forma que a fala não é informação, mas testemunho, poética.
Quando a imagem falta e a fala se emudece, a montagem talha a representação do passado no silêncio das palavras e das ruínas da história, para construir uma memória possível, mesmo que ficcional.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
Condições especiais de atendimento, como tradução em libras, devem ser informadas por email ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade.
centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600
(Foto: Filme Retratos de identificação - Anita Leandro, Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro)
Palestrantes
Anita Leandro
Professora da UFRJ, com formação em cinema pela Paris 3. Coordenou o master profissional Réalisation de Documentaires et Valorisation des Archives de Bordeaux 3. É autora de diversos textos sobre cinema e de documentários, entre eles, Retratos de identificação (2014, 73’).
(Foto: Acervo Pessoal)
Bibliografia
AGAMBEN, G. "O cinema de Guy Debord". Blog Intermídias. Consultado em 02/02/2018.
http://intermidias.blogspot.com.br/2007/07/o-cinema-de-guy-debord-de-giorgio.html
BRESSON, Robert. Notas sobre o cinematógrafo. São Paulo: Iluminuras, 2009 (1975).
RANCIERE, J. "A ficção documental. Marker e a ficção de memória". Arte & Ensaios. Revista do PPGAV|EBA|UFRJ, nº 21, 2010, pp.178-189.
http://www.ppgav.eba.ufrj.br/wp-content/uploads/2012/01/ae21_Jacques_Ranciere.pdf
REVEL, J. "Micro-história, macro-história: o que as variações de escala ajudam a pensar em um mundo globalizado". Revista Brasileira de Educação, v.15, n.45, set-dez 2010, pp. 434-444.
Data
22/03/2018 a 23/03/2018
Dias e Horários
Quinta e Sexta, 14h às 18h
As inscrições podem ser feitas a partir de 22 de fevereiro às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.