Com o cérebro na mão: no século que gosta de si mesmo

 

Segundo José Teixeira Coelho Netto, se for possível explicar a um viajante do tempo, ou mesmo a um contemporâneo, o que é e o que faz um telefone celular, será provavelmente possível entender o que é a cultura contemporânea e sua dinâmica. Explicá-lo pode não ser tarefa simples; mas é viável  pelo menos desenhar dois grandes quadros da dinâmica cultural atual, um relativo a seu hardware –materializado no sistema de produção cultural—e o outro referente ao software que preenche os produtos culturais desse sistema, seu conteúdo por dizê-lo assim,  os modos de sua formação e disseminação. Hoje temos um cérebro sempre disponível na mão mesmo se pareça faltar uma conexão com o cérebro que fica sobre os ombros. Essa reconexão, caso se faça e para que se possa fazer, dificilmente poderá evitar, pelo menos no caso da política cultural, a reintrodução em cena de um velho ator social, o valor,  ao lado do abandono de antigos conceitos e programas históricos hoje saturados em sua concepção e efeitos. Tais reflexões são desenvolvidas por Teixeira Colho, no recém –lançado livro “Com o cérebro na mão: no século que gosta de si mesmo” (Iluminuras), onde assumem a forma de ideias experimentais partindo do pressuposto de que é sempre necessário formular novas perguntas  para obterem-se novos resultados, particularmente  num campo como o da política cultural, conforme o autor, acostumado à repetição de velhos conceitos geradores de respostas consagradas mas nem por isso adequadas e atuais. Neste encontro são discutidas as questões abordadas nesta obra.