Movimentos políticos da América Latina

Programa

Composta por países dependentes e periféricos na economia capitalista, a América Latina vivenciou ao longo do século XX movimentos contestatórios de populações indígenas e camponesas e/ou de ideologia nacionalista e desenvolvimentista, alinhados a uma política internacional terceiro-mundista e não alinhada, no contexto da Guerra Fria. Alguns desses movimentos foram reprimidos por ditaduras civis-militares. A década de 90 do século passado representou um avanço do neoliberalismo, gerando novos movimentos contestatórios, enquanto a primeira década de século XXI testemunhou a chegada ao poder na América Latina de vários governos identificados com a esquerda. O presente ciclo abordará três movimentos políticos latino-americanos, suas semelhanças e suas especificidades.       

08/09 – A Teologia da Libertação
A Teologia da Libertação foi um dos mais significativos movimentos político-religiosos ocorridos na América Latina. A ênfase num cristianismo militante que buscava a transformação de uma realidade de pobreza e subdesenvolvimento difundiu-se por todo o continente no decorrer dos anos 1960, 1970 e 1980. Seu legado discursivo ainda ecoa, seja na atuação de movimentos sociais ou nas palavras do Papa Francisco. Ao partir de uma leitura da realidade construída pela sociologia crítica dos anos 1960, a Teologia da Libertação adotou a agenda política da esquerda. Seus ideais perpassaram todos os níveis hierárquicos de instituições como a Igreja Católica e engajaram leigos e religiosos na luta contra as ditaduras militares, na promoção de valores como direitos humanos e na crítica social. Entretanto, se trata de um movimento heterogêneo, com vertentes teóricas diversas, com realidades nacionais e locais singulares e desenvolvimento histórico peculiar.

Com Mairon Escorsi Valério.

15/09 – avanços e recuos do Zapatismo
O curso debate a retração dos movimentos sociais e políticos na América Latina nos anos 1990, decorrentes de diversos fatores, como a expansão do neoliberalismo. Demarca, porém, que alguns movimentos conseguiram resistir, como o Zapatismo no México. No novo século, os Zapatistas recolhem-se, mas mantém sua autonomia política frente à institucionalização. Assim, o curso destina-se a conhecer o que motivou o movimento Zapatista, como ele se organizou e qual o seu percurso ao longo destes últimos anos. Debate as “ações diretas” empreendidas pelo Zapatismo e os avanços e problemas decorrentes destas ações.

Com Antonio Julio de Menezes Neto.

17/09 – Bolivarianismo: a via venezuelana ao socialismo
A revolução bolivariana tem sua especificidade na conquista gradual e pacífica do poder político sem postular a ruptura imediata com a ordem capitalista, seguindo a via legítima de radicalização democrática até a criação de um sistema múltiplo de propriedade com o objetivo de superar em médio e longo prazo as bases de dominação capitalista. A política de redistribuição petroleira segue indiretamente fortalecendo algumas frações capitalistas de forma indireta. Discutir-se-á se a tática prolongada de transição ao socialismo tende, contraditoriamente, a fortalecer o regime de acumulação capitalista de determinadas frações, fato que pode levar a revolução a sua interrupção.

Com Raphael Seabra.

Indicações bibliográficas para a aula de 15/09:
MENEZES NETO, Antonio Julio. Mariátegui e a fé na educação socialista. In: MENEZES NETO, A.J. ET alli. Socialismo e educação, Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.

MENEZES NETO, Antonio Julio. Movimentos sociais na América Latina: o MST e o Zapatismo entre a autonomia e a institucionalização. São Paulo: Editora Alameda, 2015. (prelo).

(Foto: Antonio Julio de Menezes Neto)

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do inicio da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

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