Música e religião

 

Sambas com inúmeras referências ao candomblé são cantados pelos brasileiros, independentemente de sua religião. Artistas evangélicos levam milhares de fãs a seus shows, em que cantam repertório de cunho marcadamente religioso, e movimentam o mercado fonográfico. Mais recentemente, padres-cantores, muitos oriundos da Renovação Carismática, apresentam-se na TV como artistas pop. A relação entre a religião e a indústria musical, no entanto, não é nova e objetivo deste curso será justamente analisá-la.

 

 

 

O samba e suas variantes, como a bossa nova, são herdeiros rítmicos diretos da música sacra das religiões dos orixás. Nas décadas de 1920 e 1930, quando o samba se encontrava em formação, muitos compositores e intérpretes da nova música popular brasileira, produtores de discos e radialistas tinham contato estreito com a religião afro-brasileira então cultivada no Rio de Janeiro, sobretudo pela população negra originária da Bahia que habitava os morros cariocas. Nomes importantes da história do samba estão ligados às primeiras gravações de músicas que falam dos terreiros, dos orixás e dos espíritos caboclos, do feitiço, da umbanda em formação e do candomblé da Bahia, constantemente referido nas letras. Nomes como Donga, Pixinguinha, Sinhô, João da Baiana, Bide, Bahiano, Amor e muitos outros estão ligados à história da música, do rádio e das religiões afro-brasileiras. De lá para cá, em diferentes períodos e correntes da MPB, compositores e intérpretes se somaram na consolidação da presença de termos e outros elementos das religiões afro-brasileiras nas letras de sambas e canções dos mais variados estilos.

 

 

Com Reginaldo Prandi.

 

 

 

Um estudo sobre a explosão gospel e sua expressão entre os diferentes segmentos do cenário religioso cristão contemporâneo no Brasil. Inicialmente um movimento musical, o gospel explodiu na última década do século XX entre os evangélicos, avançou entre os católicos e deu forma a um modo de vida religioso configurado pela tríade música-consumo e entretenimento. Esse modo de vida se expressa, aqui denominado "cultura gospel", se manifesta, especialmente, em novas formas de culto religioso, na relativização da ética protestante restritiva de costumes e na significativa mediação das mídias impressas e eletrônicas em todo o processo. Este é um fenômeno sociocultural que tem marcado a indústria cultural no Brasil, em especial pelo fato de os cristãos terem se tornado um segmento de mercado e ao mesmo tempo passarem a ocupar espaço nas programações e conteúdos das mídias não-religiosas. A aula terá por objetivos a descrição do processo de formação e da dinâmica da cultura gospel e a análise de como esta forma cultural religiosa interage com a indústria cultural. Para isso, será oferecida uma exposição oral dos conteúdos relacionados à descrição do fenômeno conjugada com a análise a partir de discussão com os estudantes a partir de exemplos ilustrativos tomados das mídias religiosas e não-religiosas.

 

 

Com Magali do Nascimento Cunha.


As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do inicio da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

 

Cunha, Magali do Nascimento. A explosão gospel. Um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico contemporâneo. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.
Prandi, Reginaldo – Segredos guardados. São Paulo, Companhia das Letras, 2005.

Prandi, Reginaldo – Orixás na música popular brasileira, de 1902 a 2000. Letras. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/mpb-down.htm