Noticiário ou ficção? A superposição de gêneros televisivos

A televisão brasileira, assim como seus similares pelo mundo, construiu seu discurso a partir da divisão de sua grade de programas em gêneros, entre eles o noticiário, o humorístico, a telenovela, o musical, etc. À medida que o imperativo da audiência passou a comandar a criação de novos programas e que o público receptor passou a dominar o consumo midiático audiovisual, a mistura desses gêneros deixou de comprometer o resultado específico de cada um. Por exemplo, a telenovela passou a absorver campanhas sociais como a busca por desaparecidos, a discussão de temas nacionais, como a realidade dos trabalhadores sem-terra, a ascensão da classe média, etc., temas que eram exclusivos do noticiário. Este, por sua vez, passou a usar a estrutura clássica do melodrama, base da telenovela, para compor suas narrativas jornalísticas. Assim, passou a eleger mocinhos e vilões na construção da notícia, e também a incorporar elementos melodramáticos como o herói virtuoso, a vítima do sistema, o vilão desmascarado, a providência, a reviravolta, etc. A atividade visa analisar essa mistura de gêneros e a forma como o receptor percebe as interseções entre noticiário e ficção televisiva.

*Este debate faz parte do “Ciclo Linguagem Televisiva e Gestão”, que discute alguns formatos e conteúdos gerados e difundidos pela televisão no Brasil, e o modo como essa produção se relaciona com a cultura e a sociedade brasileira.

 

As inscrições podem ser feitas a partir de 26 de agosto, às 14h, pela Internet ou nas unidades do Sesc em São Paulo.