Albert Camus e a Democracia
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O escritor franco-argelino Albert Camus (1913-1960) não pensou por meio de sistemas e tratados.
Sua profunda desconfiança em relação aos modos totalizantes de filosofar o afastou desse tipo de produção teórica. As noções por ele elaboradas são, assim, de caráter mais fragmentário e circunstancial, emergindo de forma não sistemática ao longo de sua obra ficcional e não ficcional.
Em relação à ideia de democracia, a situação é ainda mais sutil. A noção não é das mais notórias na obra Camusiana, sendo, a bem da verdade, abordada pelo autor de maneira apenas tangencial em alguns de seus escritos jornalísticos (vide, p. ex., Democracia e modéstia publicado, em 1947, no jornal Combat).
Entretanto, pensamos que um olhar mais atento não apenas aos escritos jornalísticos de Camus, mas, principalmente, à noção de revolta, expressada em obras como A peste (1947) e O homem revoltado (1951), revela uma história um tanto quanto diferente.
Distanciando-se de uma ideia de democracia como regime político meramente formal (uma ideia, diga-se de passagem, bastante arraigada em muitos de nós), a noção de revolta permite pensar a democracia como processo inacabado, vibrante e, principalmente, em constante abertura a novas intervenções sociais antagônicas.
O curso deseja investigar precisamente essa noção "dissidente" de democracia, bem como avaliar como ela pode contribuir para o debate contemporâneo sobre o tema.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
Condições especiais de atendimento, como tradução em libras, devem ser informadas por email ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade.
centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600
Palestrantes
Márcio Pereira
Doutor pela Universidade de Queen's (Canadá), em cotutela com a USP. É professor da UFCE.
Dentre as suas últimas publicações, estão: "Salvar os corpos, conectar revoltas: para uma noção de Direito em Camus", Revista Princípios (2018), em co-autoria com Amsterdan Duarte e "In Praise of Rebellion: Constituent Power and Dissent in the American Revolution", Law, Culture
and the Humanities (2017).
(Foto: Acervo Pessoal)
Bibliografia
ALONSO, Sonia; KEANE, John; and MERKEL, Wolfgang (eds.), The Future of
Representative Democracy. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.
CAMUS, Albert. O homem revoltado. Trad. Valerie Rumjanek. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1999.
CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Trad. Ari Roitman e Paulina Watch. 2 ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2012.
CAMUS, Albert. A peste. 3 ed. Trad. Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: BestBolso, 2013.
CAMUS, Albert. Camus à Combat. Ed. Jacqueline Lévi-Valensi. Paris: Gallimard, 2002.
CROUCH, Colin, Post-Democracy. Malden: Polity Press, 2004.
DAHL, Robert, Democracy and its Critics. New Haven: Yale University Press, 1991.
FOLEY, John. Albert Camus: From the Absurd to Revolt. Londres: Routledge, 2014.
GRAEBER, David, The Democracy Project: A History, a Crisis, a Movement. Nova York: Spiegel & Grau, 2013.
HARDT, Michael; e NEGRI, Antonio. Multidão: Guerra e democracia na era do
Império. Rio de Janeiro: Record, 2005.
HARDT, Michael; e NEGRI, Antonio. Declaração. São Paulo, N-1: 2014.
TODD, Olivier. Albert Camus: uma vida. Trad. Monica Stahel. Rio de Janeiro: Record, 1998.
TORMEY, Simon. The End of Representative Politics. Malden: Polity, 2015.
URBINATI, Nadia, Representative Democracy: Principles and Genealogy. Chicago: University of Chicago Press, 2006.
ZARETSKY, Robert. A Life Worth Living: Albert Camus and the Quest for Meaning. Cambridge: Belknap Press, 2016.
Data
05/05/2018 a 12/05/2018
Dias e Horários
Sábados, 14h às 17h.
As inscrições podem ser feitas a partir de 24 de abril às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.