Conteúdo e comunicação alternativa sobre África Contemporânea
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Programa
Tradução em Libras disponível. Faça sua solicitação no ato da inscrição, com no mínimo dois dias de antecedência da atividade.
Uma exposição itinerante de arte contemporânea, a explosão do teatro africano em um festival, um hub de inovação e tecnologia, um prêmio pioneiro de literatura infantil, uma revista descolada sobre o renascimento do continente, um museu de esculturas a céu aberto que faz um contraste entre savana e expressão artística. Estas são apenas algumas das pautas oferecidas pelo Afreaka.
O Afreaka apresenta um lado pouco conhecido da África, fugindo de estereótipos e cobrindo as expressões culturais africanas e afro-brasileiras. Com conteúdo inédito e pesquisa multidisciplinar in loco, trabalha como um site de jornalismo independente e design, produção cultural e educacional.
Homenageado pela Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva pela defesa do povo negro e selecionado para o Prêmio Empreendedor Sustentável, organizado pelo PapoReto, o coletivo Afreaka procura agora cada vez mais a educação como ferramenta de fomento e conscientização da importância do estudo da cultura negra brasileira e das diferentes culturas presentes em África. Neste sentido foi lançado o Curso de Formação em Comunicação Alternativa e Produção de Conteúdo em África Contemporânea.
Objetivos
1: Tornar público material que busca e revela as referências e os exemplos positivos da África, a partir de apuração feita durante viagens a quinze países. O trabalho visa desmitificar a imagem estereótipo do continente, visto internacionalmente como um lugar de fome e pobreza, e contar outro lado da história, pouco abordada.
2: Através das já realizadas pesquisa histórica, apuração jornalística e entrevistas, entender os movimentos contemporâneos africanos, fazendo um paralelo com a cultura tradicional, criando uma ponte maior de conhecimento entre o Brasil e a África e trazendo o resultado desse trabalho para o público brasileiro.
3: Promover workshop de elaboração de textos e valorizar a difusão de novos meios de comunicação e das mídias alternativas como forma de empoderamento da população.
4: Por meio de exercícios de análise da construção e estrutura das formas escritas, ajudar os participantes das oficinas a melhorar a redação de textos, de forma a promover uma escrita acessível, horizontal e clara.
5: Promover o estudo das novas mídias como quebra de um modelo comunicacional um-todos e da informação transmitida de modo unidirecional, para a transformação e difusão de um modelo horizontal, múltiplo e transmissão todos-todos
6: Valorizar, por meio da análise dos movimentos culturais africanos protagonistas, um sistema de comunicação contemporâneo interativo e participativo que difunde a produção de conteúdo cidadão.
7: Estudar as possibilidades dos novos meios de comunicação de promover o diálogo holístico, a voz comunitária, as decisões participativas e a construção de plataformas de mídia alternativa, fazendo assim registro permanente por meio do material lúdico e inspirador produzido pelo projeto de um importante movimento sociocultural que influenciou e continua influenciando a cultura nacional.
8: Retratar artisticamente a África como continente protagonista e sócio culturalmente ativo.
9: Promover o resgate da identidade brasileira entendendo melhor grande e importante parte de sua origem, a africana.
10: Possibilitar a estudantes e professores, acesso a conhecimentos relativos à história e cultura africana e afro-brasileira. Dessa forma, o projeto pode ser compreendido também em seu caráter didático, com vistas a promover o cumprimento da Lei 10.639/03.
Programa de Aulas:
Aula 1/12
O primeiro encontro traz exemplos de uma África pouco conhecida no Brasil, fora dos clichês da mídia e discute não apenas o continente africano, mas, sobretudo, a sua produção cultural e intelectual, o enxergando como um espaço ativo e protagonista. Ao desconstruir a imagem estereótipo do continente, rompe-se um fluxo de informação negativa que permeia o conteúdo hoje disposto em parte das redes de ensino e das grandes mídias brasileiras. Os fundadores do Afreaka, a jornalista Flora Pereira da Silva e o designer Natan Aquino também dividem com o público suas experiências durante a estadia em África, para que a partir disso os alunos entendam este outro lado da história, muito menos abordado: uma África proativa, inovadora, positiva e que, ao nos indicar muitos exemplos a serem seguidos, quebram uma linha pejorativa atribuída a cultura africana e afro-brasileira.
Tópicos Abordados
África contemporânea
Iniciativas africanas inovadoras
Foco: Sul e Leste da África
Diálogo holístico
Comunicação horizontal
Comunicação compartilhada
Aula 3/12
Como segundo eixo, o curso terá foco na reflexão sobre conteúdo de comunicação alternativa, construindo novas formas de abordagens de pautas, temas e pesquisa para a construção de textos. Começando por entender o que é a Mídia Alternativa, e pensando em como e onde se dá o processo de ruptura das versões tradicionais, será discutido onde encontrar os laboratórios de novas formas, qual a sua importância e qual é o seu papel na mídia contemporânea. Trazendo exemplos de conteúdos diferenciados sobre a África e outras pautas abordadas por mídias alternativas, os encontros dentro desta temática têm como objetivo analisar os meios de comunicação nas sociedades atuais como atores centrais do processo de promoção do desenvolvimento, dos direitos humanos e da democracia. Com aula teórica, dinâmicas de comunicação e exercícios práticos, serão abordadas as formas de promoção da participação direta da população na produção de conteúdo ligados à pluralidade de opiniões e à horizontalidade de informações por meio das novas formas de mídias, das mídias alternativas e das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
Tópicos Abordados:
Midia Tradicional x Mídia Alternativa
Mídia Alternativa x Mídia Independente
Comunicação alternativa x jornalismo alternativo
Forma e Línguagens de Mídias Alternativa e Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)
Qualidade da informação
Problemas da versão única
Democratização da Mídia
Aula 8/12
Fundamentadas no conteúdo pesquisado e produzido pelo projeto Afreaka, o terceiro encontra procura quebrar preconceitos raciais históricos já na formação do cidadão, ao resgatar a constituição da identidade brasileira, trazendo para mais perto conhecimento sobre protagonismo africano e África contemporânea, utilizando uma linguagem visual moderna e trabalhando com novas plataformas artísticas e de comunicação. Como resultado, o encontro prevê a promoção da cultura de forma ampla - e das culturas negras, especificamente -, trazendo uma transversalidade de linguagens capaz de sensibilizar e dialogar com o público, incitando, por meio da análise de estruturas midiáticas e dos meios de comunicação contemporâneos, uma discussão mais ampla sobre uma das principais regiões de origem da população brasileira. Ainda, ao estimular a ruptura de estereótipos, traz à tona um debate sobre a importância da multiplicidade de versões, revelando o continente africano ilustrado de forma inédita.
Tópicos Abordados:
Fontes de Informação e Segmentação da Informação
Segmentação da Informação sobre África
Fontes de Pesquisa - Mídias Africanas e Afro-Brasileiras
Foco: Oeste da África
Aula 15/12
O quarto eixo abordado no curso será a Comunicação para o Desenvolvimento, teoria que enxerga o processo de comunicação como uma forma de empoderamento, pertencimento e autonomia da população, dando voz ao público frente às desigualdades. Neste contexto, a comunicação é vista como um círculo eficaz para a partilha de conhecimento, onde a informação pode ser dividida, compartilhada, questionada. Pensando na construção de novas plataformas de comunicação, o curso promove a discussão da realidade contemporânea de África e Diáspora, quebrando estereótipos formados pela mídia tradicional. Durante o percurso didático, cada participante irá desenvolver com o acompanhamento dos palestrantes, notas para internet, que serão publicadas no site Afreaka. As notas serão elaboradas com o auxílios dos oficineiros, que ajudarão na construção do esqueleto do texto, instruindo para uma estrutura mais clara e ensinando o aluno como redigir um texto de narrativa horizontal.
Tópicos Abordados:
Comunicação para o Desenvolvimento
Desenvolvimento participativo
Empoderamento, pertencimento e autonomia
Perspectiva da escassez (deficit model) x empoderamento (empowerment model)
Com Flora Pereira. Fotógrafa e escritora do projeto Afreaka, do qual é idealizadora e diretora de criação. Graduada em jornalismo, com especialização em estudos africanos e comunicação para o desenvolvimento. Tem experiência em coordenação de comunicação, produção cultural e de exposições, reportagem fotográfica e facilitação de processos de comunicação participativa. Entre outras atuações, trabalhou na ONU (FAO) com comunicação para o desenvolvimento e foi diretora local de comunicação do projeto Células de Transformação. Recebeu o Prêmio Top Blog sustentabilidade como responsável pelo Blog Natura Ekos e o Prêmio de Sustentabilidade Green Nation para o melhor vídeo institucional (roteirista). Teve trabalhos fotográficos expostos no Museu SABINA e Projeto Encontros do Metrô de SP e na Biblioteca Mário de Andrade. Em 2013, pela defesa da luta do povo negro, foi homenageada pela Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do inicio da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
Nosso canal no YouTube oferece mais de nossa programação. Fique por dentro.
Palestrantes

Flora Pereira
Fotógrafa e escritora do projeto Afreaka, do qual é idealizadora e diretora de criação. Graduada em jornalismo, com especialização em estudos africanos e comunicação para o desenvolvimento.

Natan de Aquino
Ilustrador, videomaker e diretor de arte do Afreaka. Formado em design gráfico. Foi diretor de Arte da Secretaria de Cultura e da Secretaria do Verde e do meio ambiente do município de SP, além de atuar como designer em duas agências em Roma, Itália.
Bibliografia
BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação? 7. ed. São Paulo: Brasiliense S.a, 1985.
BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é comunicação rural? São Paulo: Ed. Brasiliense, 1985
CASTELLO, Ricardo Del; BRAUN, Paul Mathias (Ed.). Framework on Effective Rural Communication for Development. Roma: Fao e Gtz, 2006.
CIMADEVILLA, Gustavo. Extensión y Comunicación Antecedentes, articulaciones y contrastes. In: CIMADEVILLA, Gustavo; E, Carniglia. Comunicación, ruralidad y desarrollo: Mitos, paradigmas y dispositivos para el cambio. Buenos Aires: Ediciones Inta, 2004. p. 155-199. Instituto Nacional de Tecnología Agropecuária. Disponível em: <http://www.inta.gov.ar/extension/profeder/comydes/doc/art1.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2011.
DA SILVA, Flora Pereira. Comunicação Rural para o Desenvolvimento Sustentável: da passividade ao protagonista. Florianópolis. ed. UFSC, 2011.
DEMO, Pedro. Participação é conquista: noções de política social e participativa. São Paulo: Cortes, 2 ed, 1993.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
ANYAEGBUNAM, Chike; MEFALOPULO, Paolo; MOETSAB, Titus.Diagnóstico Participativo de Comunicación Rural. 2. ed. Roma: Organizacão Das Nacões Unidas Para A Agricultura e A Alimentação, 2008.
MEFALOPULOS, Paolo; KAMLONGERA, Chris. Diseño Participativo para una Estrategia de Comunicación. 2. ed. Roma: Organizacão Das Nacões Unidas Para A Agricultura e A Alimentação, 2008.
MELO, José Marques de. Para entrar en la Sociedad del Conocimiento: dilemas de la Comunicación en América Latina. Revista de Economía Política de Las Tecnologías de La Información Y Comunicación, Online, v. 10, n. 1, p.28-52, abr. 2008.
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RAMÍREZ, Ricardo; QUARRY, Wendy. Communication for Development: A Medium for Innovation in Natural Resource Management. Otawa e Roma: Idrc e Fao, 2004.
SEVILLA GUZMÁN, E. Agroecología y desarrollo rural sustentable: una propuesta desde Latino América in SARANDÓN, S. (ed): Agroecología. El camino para una agricultura sustentable. Rosario (Argentina), 2000.
Bibliografia Complementar
CALLOU, Angelo Brás Fernandes (2004). Estratégias de comunicação em contextos populares: implicações contemporâneas no desenvolvimento local sustentável. In: CIMADEVILLA, Gustavo (coord.). (2004). Comunicación, tecnologia y desarrollo. Córdoba : Universidad Nacional de Rio Cuarto. p. 163-173.
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FAO, Iniciativa de Comunicación para el Desarrollo Sostenible. Documento do Projeto, 2007.
FEEK, Warren. Virtual Change: Indicators for assessing the impact of ICTS in development. Roma: Fao, 2009.
JUNTOS, Mover (Ed.). Da Teoria à Pratica. Disponível em: <http://moverjuntos.blogspot.com/p/o-projeto_28.html>. Acesso em: 05 abr. 2011.
KLUSENER, C. S., PINHEIRO, P. L., CRUZ, R. M. Decomposição do processo de comunicação na ação de comunicar nas organizações In: VI Seminário Internacional de Comunicação - cultura, poder e tolerância em um mundo complexo, 2002, Porto Alegre
MARTÍN-BARBERO, Jesús. América Latina e os anos recentes: os estudos da recepção em comunicação social. In SOUSA, Mario Wilton de. Sujeito o lado oculto do receptor. São Paulo: Brasiliense, 1995. p.39-68.
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POTIENS, Juliana Pereira; CRUZ, Marina Brabo. Comunicação Dialógica no Processo da Sustentabilidade. 2008. f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de Londrina, Londrina, 2008.
QUESEDA, Gustavo. Comunicação e Comunidade: mitos da mudança social. São Paulo: Edições Loyola, 1980.
SCHWARZ, A. A. y SCHWEPPE, R.P. (2003): El botiquín filosófico: recetas y estrategias de Confucio a Schopenhauer. Diálogo, Valencia
Data
01/12/2015 a 15/12/2015
Dias e Horários
Terças e quinta, 14h às 18h.