Corpo-concreto: relações entre cidade, gênero e sexualidade
Voltar para o inícioPrograma
Tradução em Libras disponível. Faça sua solicitação no ato da inscrição, com no mínimo dois dias de antecedência da atividade.
Nos últimos anos, o olhar para a relação entre cidade, gênero e sexualidade têm aumentado em número e qualidade de ações, pesquisas e intervenções. Este ciclo parte de uma abordagem da antropologia urbana produzida em São Paulo que tem problematizado a questão urbana ao não tratar o espaço como algo dado, estático, mas como produto de relações sociais, bem como das contribuições de outras áreas.
Observamos como, a cada ano, cresce o número de abordagens cujos objetivos se voltam para o cruzamento de perspectivas “centrais” e “periféricas”, e mais que isso, para a complexa relação entre marginalidades/centralidades e gêneros e sexualidades. Temos visto como a agenda urbana tem sido impactada por tais temas, em especial em períodos de intenso debate eleitoral.
É a partir desse escopo que procuraremos desenvolver este ciclo de palestras com um amplo debate que leva em conta a articulação de cidade e espaço urbano, gênero e sexualidade, classe social, raça/cor, geração e juventude, memória e patrimônio, produção cultural, regionalidades, sociabilidades, festas e visualidades.
04/10: Pontos de partida
Esta mesa tem como objetivo traçar um panorama geral sobre o ciclo com vistas a contextualizar a proposta temática e o modo como foram pensadas as demais mesas. Trata-se, portanto, menos de exercitar um esforço genealógico a respeito dos campos científicos que nos dão base – os estudos sobre cidade e os de gênero e sexualidade – e mais refletir em torno da potencial relação entre tais áreas. Isto posto, a principal questão que nos colocamos e que acreditamos ser o direcionamento do ciclo é: o que a articulação entre essas áreas tem a nos dizer?
Com Bruno Puccinelli, Doutorando em Ciências Sociais pela Unicamp e Mestre em Ciências Sociais pela UNIFESP. Atualmente é membro do PAGU (Núcleo de Estudos de Gênero/Unicamp), do VISURB (Grupos de Pesquisas Visuais e Urbanas/UNIFESP) e do GEAC (Grupo de Estudos de Antropologia da Cidade/USP).
Com Ramon Reis, Doutorando em Antropologia Social pela USP e Mestre em Ciências Sociais pela UFPA. É membro do NUMAS (Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença/USP) e do NósMulheres (Grupo de Pesquisa Pela Equidade de Gênero Étnicorracial/UFPA).
06/10: A produção social das diferenças: consumo, cidade e subjetividades homossexuais
Os espaços de consumo localizados nos centros de grandes cidades têm sido espaços privilegiados para pensar a produção social das diferenças e a constituição de subjetividades homossexuais. Nos últimos anos aumentou exponencialmente a produção de pesquisa e o olhar crítico a tais espaços, gerando perspectivas analíticas potenciais e diversas sobre a cidade e seus equipamentos sócio-espaciais. A cidade, de maneira recorrente, tomou fôlego para ser refletida tanto pelo seu caráter ordinário quanto por ser um palco para manifestações e expressões públicas sobre gêneros e sexualidades. Portanto, objetivamos nesta mesa propor um debate acerca dos agenciamentos e das ocupações em distintos espaços urbanos, tomando como uma das bases reflexivas a relação entre antropologia e a geografia, bem como ações de lazer que tencionam a ideia mais sedimentada de um espaço identitariamente marcado e reconhecível.
Com Isadora Lins França, Doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e Mestre em Antropologia Social pela USP. Pesquisadora vinculada ao Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, professora do Depto. De Antropologia da Unicamp.
Com Tiago Guiness, Arquiteto formado pela UFC, trabalha com cenografia e expografia. DJ residente na festa mensal Tenda.
Mediador: Bruno Puccinelli
11/10: Cidade, memória e patrimônio: narrativas espaço-temporais e visualidades
Refletir sobre a cidade é também um exercício de aproximação entre pessoas e estruturas (materiais e simbólicas) no que se refere ao trabalho do tempo e da imagem. Acreditamos, portanto, que não há como pensar a cidade desatrelada a visualidades, narrativas e histórias específicas, sejam estas arquétipos cartográficos ou movimento-ações desestabilizadores. Nesse sentido, a intencionalidade desta mesa sugere reflexões urbanas e, novamente, antropológicas que lancem olhar para a importância da memória e do patrimônio não como meros vetores estáticos, mas sim como constituintes das relações, independente do tempo e do caráter valorativo que isso possa sugerir. Tais reflexões procuraram dar conta da análise de grupos LGBT, ou não, em diferentes contextos de sociabilidade, dentro e fora de São Paulo, com vistas à compreensão dos potenciais imagéticos, estéticos e artísticos subjacentes ao(s) processo(s) de produção(ões) da(s) cidade(s).
Com Renan Quinalha, advogado e militante de direitos humanos, com formação em Direito e em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu o Mestrado em Sociologia do Direito e, atualmente, cursa o Doutorado em Relações Internacionais. É membro da diretoria do Grupo de Estudos sobre Internacionalização do Direito e Justiça de Transição (IDEJUST), do Conselho de Orientação Cultura do Memorial da Resistência e foi assessor da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”. Publicou o livro intitulado “Justiça de Transição: contornos do conceito” (Dobra/Expressão Popular, 2013) e, junto com James Green, organizou o livro “Ditadura e Homossexualidades” (EdUFSCar, 2014).
Com Renato Cymbalista, Doutor e Mestre em Estruturas Ambientais Urbanas ambos pela FAU-USP. É docente do Depto. de História da Arquitetura e Estética do Projeto da FAU, coordenador do Núcleo de Urbanismo do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais.
Mediador: Ramon Reis
13/10: Cidade em diferentes escalas: sexualidades e regionalidades
Se parte importante do debate acerca da cidade, do gênero e das sexualidades ocorre a partir das e nas grandes cidades, podemos apontar um crescimento de abordagens que tematizam outras escalas do urbano, problematizando a relação entre metrópole e homossexualidade, por exemplo. Isso nos auxilia a trazer para este debate trabalhos que, inseridos em contextos rurais ou de cidades menores, invertem a lógica do urbano ligado a grandes escalas e ponderam os diversos pontos conectivos entre tais tópicos. A cidade, a sexualidade e as relações de gênero se processam em contextos múltiplos e multiplicados pelas relações de sujeitos e espaços em trânsito. Aqui temos exemplos de capitais e cidades do interior nordestino como exemplos da diversificação potente de olhares para o urbano.
Com Roberto Marques, Doutor em Antropologia pela UFRJ e Mestre em Sociologia pela UFPB. Atualmente é professor do Depto. de Ciências Sociais da Universidade Regional do Cariri.
Com Roberto Efrem Filho, Doutorando em Ciências Sociais pela Unicamp e Mestre em Direito pela UFPE. É Professor do Depto. de Ciências Jurídicas da UFPB, coordenador do GPLutas – Grupo de Pesquisa Marxismo, Direito e Lutas Sociais – e do NEP – Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru, ambos da UFPB.
Mediador: Bruno Puccinelli.
18/10: Geração e juventude: experiências, mudanças sociais e sociabilidades
Pensando nos processos de transformação espaço-temporal referentes às elaborações de compreensões mais acuradas sobre o trabalho do tempo e da história na cidade, temos, de um lado, trânsitos citadinos gestados em termos de juventude, e de outro a existência de contribuições importantes a partir de ideias de envelhecimento. As últimas décadas, em especial, têm mostrado como as noções de velhice ou juventude são variáveis também impactadas pelo espaço urbano, bem como noções de masculinidade e feminilidade. Desta feita, não há como refletir sobre a cidade sem olhar os agenciamentos de indivíduos ou grupos LGBT que agregam características peculiares entre si relacionadas à geração e juventude e que marcam realidades distintas. Assim, daremos ênfase nesta mesa a pesquisas que têm se dedicado ao tema com foco nas homossexualidades masculinas e nas travestilidades.
Com Júlio Simões, Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Antropologia Social pela Unicamp. Professor do Depto. de Antropologia da USP, pesquisador do NUMAS (Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença/USP).
Com Ane Talita da Silva Rocha, Mestra em Antropologia Social pela USP, técnica de programação no Sesc Itaquera. Desenvolve investigações sobre juventude, gênero e sexualidade.
Mediador: Ramon Reis
20/10: Relações raciais e produção cultural: ativismos, instituições e políticas
O espaço citadino não é um compósito pré-dado, tampouco são/estão os sujeitos raciais/racializados pré-definidos neste espaço. Há muito tempo ativistas e pesquisadoras/es têm mostrado como a ocupação da cidade é desigual e segregada com maior ou menor grau de violência. As ações estatais podem aprofundar tais desigualdades ou agir para diminuí-las, e vemos na produção cultural uma potência de mudança. Nesta mesa será realizado um debate que considera importante cruzar expressões culturais e linguagens artístico-políticas cuja questão racial interpela definições de sujeitos em termos de gênero e sexualidade. Tais ativismos podem ser vistos a partir do questionamento de hegemonias que interditam a cidade a determinados sujeitos, evidenciando segregações cujo vetor racial se torna ponto crucial para sua compreensão.
Com Valéria Souza, Doutoranda e Mestre em Antropologia Social pela USP. É membro do NUMAS (Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença/USP). Desenvolve pesquisa sobre as práticas discursivas referentes à raça, gênero, sexualidade.
Com Linn da Quebrada, Linn Santos é funkeira e rapper, ativista dos direitos trans e moradora e ativista da periferia na Grande São Paulo. Lançou em 2016 o álbum “Enviadescer” e discute discriminação em termos de gênero, sexualidade, raça e espaço urbano.
Mediador: Bruno Puccinelli
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
(Foto: Miwok)
Palestrantes
Linn da Quebrada
Funkeira e rapper, ativista dos direitos trans e moradora e ativista da periferia na Grande São Paulo.
(Foto: Acervo Pessoal)
Valéria Souza
Doutoranda e Mestre em Antropologia Social pela USP.
(Foto: Acervo Pessoal)
Ramon Reis
Doutor em Antropologia Social pela USP. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Interfaces (UFPA), coordenando a linha de pesquisa Territorialidades, Produção Social das Diferenças e Diversidade Sexual e de Gênero. Desenvolve pesquisa na interface entre Antropologia Urbana e estudos de Gênero e Sexualidade.
(Foto: Acervo Pessoal)
Roberto Marques
Doutor em Antropologia pela UFRJ e Mestre em Sociologia pela UFPB.
(Foto: Acervo Pessoal)
Roberto Efrem Filho
Professor do Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e doutor em Ciências Sociais (Unicamp). Pesquisa nos temas: violência, criminalização e reciprocidades constitutivas entre relações e conflitos de classe, gênero, sexualidade e territoriais.
(Foto: Acervo Pessoal)
Isadora Lins França
Bacharel em História pela USP, mestrado em Antropologia Social pela USP e doutorado em Ciências Sociais pela Unicamp.
(Foto: Acervo Pessoal)
Ane Talita da Silva Rocha
Mestre em Antropologia Social (USP) e técnica de programação do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.
(Foto: Acervo Pessoal)
Júlio Simões
Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Antropologia Social ambos pela Unicamp.
Tiago Guiness
Arquiteto formado pela Universidade Federal do Ceará, trabalha com cenografia e expografia.
(Foto: Acervo Pessoal)
Data
04/10/2016 a 20/10/2016
Dias e Horários
Terças e Quintas, 15h às 18h
As inscrições podem ser feitas a partir de 27 de setembro, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.