Atividades

Produção e emergências de corpos na contemporaneidade

Corpos em formação: Produções na contemporaneidade

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Programa

A tônica das reflexões propostas baseia-se no entrecruzamento dos desenvolvimentos sobre corpo nas ciências sociais à produção de tecnologias no âmbito biomédico, das ciências e da tecnologia. 

Considerando que o corpo ocupa uma dimensão central na nossa sociedade (nas chamadas sociedades ocidentais contemporâneas) para o processo de constituição de subjetividades e identidades pessoais, constitui-se também cada vez mais como um objeto/sujeito legítimo na pesquisa acadêmica e para reflexões fundantes atualmente.

Os aspectos ditos como "sociais" são também cada vez mais alvo de interesses.

Há paradoxos e ambiguidades associados ao corpo, pois se por um lado é considerado fundamental para a existência, para a expressão do self e da reflexividade individual (Giddens, 1993), por outro lado sua obsolescência é anunciada, sobretudo por meio de tecnologias. Se por um lado há inúmeras tentativas de personalização do corpo, por outro há tentativas de superação.

Com a centralidade do corpo e sua disciplinarização, combinada à existência de estratégias próprias de um Estado jardineiro (Bauman, 1991), a saúde torna-se não apenas um foco de atenção e preocupação, mas um valor, um padrão a partir do qual se julga condutas e fenômenos sociais, como sugere Le Breton (2011).

Inúmeros fenômenos contemporâneos relativos ao corpo e à saúde evidenciam seu caráter moral atualmente. Lipovetsky, ao descrever um novo processo de personalização nas sociedades democráticas, identificado como uma nova fase do individualismo ocidental, uma segunda revolução individualista, destaca o investimento narcisístico no corpo, expresso nas mil práticas diárias relativas à saúde, cuidados anti-envelhecimento, higiene, etc.

Em seu diagnóstico, atravessamos um processo de personalização que opera como despadronização e padronização ao mesmo tempo. O narcisismo realiza uma normalização do corpo, ao mesmo tempo em que exerce uma função de personalização. Para ele, "o corpo não mais designa uma abjeção ou uma máquina, mas designa nossa identidade profunda da qual não mais se tem motivo para sentir vergonha" (Lipovetisky, p.42).

Tendo em vista os fenômenos relativos à produção e utilização de corações artificiais, o mais produtivo seria considerar a convivência das concepções dos corpos como máquinas na biomedicina contemporânea, mas ao mesmo tempo como lócus da individualidade, da identidade.

O desenvolvimento de corações artificiais pode ser lido como um esforço de ordenamento, de empreendimento classificatório, que a um só tempo produz ordenamento e transformações nos modos de compreender vida e morte, num processo ambivalente, cujo empenho em alimentar uma guerra contra o caos, como sugere Bauman (1991), está intimamente entrelaçado à própria instituição do Estado e das formas de poder modernos (tipicamente fragmentados) associado à ciência moderna.

Olhar para fenômenos contemporâneos relativos à utilização de tecnologias e discursos que acabam por constituir novos corpos nos permitirá observar a emergência de instabilidades em termos do que é considerado natural ou cultural, humano ou não-humano, vida ou morte.

Desse modo, o intuito é investigar temáticas em torno da regulação da vida e da morte, das patologias, do desenvolvimento científico e médico que interfere de maneira profunda na constituição de subjetividades e na própria definição do humano.

A partir dos corações artificiais poderemos propor essas tecnologias médicas como dispositivos que disparam novas potencialidades frente à dimensão da finitude da vida, aproximando-se à temática do Antropoceno.

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600

(Foto: Juliana Farinha)

Palestrantes

Marisol Marini

Marisol Marini

Mestre e doutora em Antropologia Social pela USP, se dedica ao entrecruzamento de teorias feministas, antirracistas e queer com os estudos sociais da ciência, tecnologia e biomedicina. Artista de teatro por formação amadora, antropóloga de formação acadêmica, inventora de filme por ocasião e comunicadora por vocação.
(Foto: Acervo Pessoal)

Data

16/09/2019 a 30/09/2019

Dias e Horários

Segundas, 19h30 às 21h30.

As inscrições podem ser feitas a partir de 27 de agosto, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

Valores

R$ 4,50 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 7,50 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 15,00 - inteira