Atividades

Perspectivas indígenas e não-indígenas sobre a crise sanitária e a destruição ambiental

Curso On-Line
Cruzando práticas de conhecimento: (r)existir em um mundo sob a covid-19

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Programa

Objetivo:
A ideia do encontro é fomentar um diálogo entre intelectuais indígenas, alguns deles antropólogos e acadêmicos, e cientistas não-indígenas que atuam em diferentes áreas  disciplinares de modo a debater e imaginar conjuntamente -- num verdadeiro esforço de composição -- saídas para uma crise global, e para um processo de destruição sem precedentes na história.
 
Justificativa:
A pandemia da covid-19 coloca-nos diante de um cenário de incertezas: o que “se sabe”, de fato, ainda é pouco para conter o avanço da doença e salvar vidas. A constatação de que a ação humana predatória -- desmatamentos, extrativismo, monocultura, criação industrial de animais para abate, entre tantos outros fatores -- contribuiu para esse quadro é cada vez mais pungente. E esta constatação segue ao encontro de reflexões indígenas a respeito de sua relação com o mundo que habitam. É nesse cenário de crise do humanismo e de profundas incertezas que conhecimentos indígenas e científicos (no sentido moderno do termo) não só podem como devem se encontrar, traçando novos horizontes e novas alianças.
 
Sobre o ciclo
Este ciclo, composto por cinco encontros, envolverá conhecimentos indígenas e conhecimentos advindos de diferentes áreas das ciências ditas “duras”, tendo em vista temas relevantes sobre o estado de emergência climático, político e sanitário que estamos vivenciando, estado este que se agrava diante da pandemia de Covid-19. A mediação de cada encontro será realizada por um(a) pesquisador(a) do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP), vinculado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).
 
Programação
 
30/11
10h às 12h - 1º Encontro: Agentes patogênicos e biodiversidade: vírus e outros seres não-humanos
Entre cientistas parece haver um consenso de que a ação humana encontra-se na origem de novas zoonoses. Seriam estas doenças antes inexistentes entre humanos, causadas por patógenos que circulavam entre outras espécies. É a degradação da floresta, e a sua substituição por campos de monocultura, que favorece que microorganismos como vírus, bactérias e fungos encontrem novos hospedeiros entre os humanos. Outras são as perspectivas indígenas. Entre os Tukano, por exemplo, tudo que existe, desde cachoeiras, a matas, rios e caças têm “donos”. Destruir os seus locais, as suas moradas, influencia diretamente os corpos-donos-espíritos que já estariam na origem de doenças e males que afetam os humanos. Se há algo em comum entre as duas visões, é que o modo como tecemos nossas relações com o mundo, parecem estar eles mesmos na origem de formas cada vez mais potentes e desestabilizadoras de adoecimento.
Com João Paulo Tukano e Cecília Siliansky de Andreazzi.
Mediação: Renato Sztutman.

1/12
10h às 12h - 2º Encontro: A covid-19 e a saúde indígena
Segundo dados levantados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), até o momento são 36.082 casos de covid-19 confirmados entre os povos indígenas, com 846 mortes. Um total de 158 povos já foram afetados pela pandemia. O alto índice de mortalidade e contaminação das populações indígenas pela covid-19 está diretamente relacionado às condições sociais e ao desmonte das políticas de atenção à saúde nos territórios indígenas. Paralelamente à pandemia, diversas práticas de cuidado com os corpos-espíritos começaram a se intensificar nas aldeias com a intenção de se produzirem coletivamente mais fortes e resistentes. Como pensar alianças possíveis entre essas distintas práticas de conhecimento em um contexto de pandemia?
Com Sofia Mendonça e Sandra Benites.
Mediação: Juliana Rosalen.

2/12
10h às 12h - 3º Encontro: Sonhos e epidemias
Nesta pandemia, sonhos e pesadelos têm sido um importante tema de reflexão coletiva. O que fazem-dizem os sonhos? Qual a importância de sonhar, sobretudo num contexto de incertezas e inseguranças? Sonhar pode ajudar na cura de doenças? Essa mesa propõe um diálogo com os sonhos e as várias formas de habitá-los.
Com Catarina Tupi-Guarani e Claudinei Eduardo Biazoli Junior.
Mediação: Karen Shiratori.
 
 3/12
10h às 12h - 4º Encontro: Destruição ambiental e sua relação com a pandemia
Há muito os povos indígenas vêm alertando sobre os efeitos da devastação ambiental sobre seus territórios e ensinando outras concepções sobre a origem das doenças, muitas delas derivadas do modo de vida e do “rastro dos brancos nesta terra”, nas palavras de Davi Kopenawa Yanomami. Em um mundo sob a névoa covid-19, fruto também dessa destruição, como exercitar, na prática, a capacidade de escuta aos saberes e construir alianças para uma existência em comum?
Com Eliel Benites e Paulo Cesar Basta.
Mediação: Uirá Felippe Garcia.
 
4/12
10h às 12 - 5º Encontro: Luto
Ao longo de sua história os povos indígenas viveram muitas epidemias trazidas pelos não-indígenas. As memórias dessas catástrofes têm sido atualizadas com a chegada da pandemia de Covid-19 em seus territórios, o contágio massivo e a morte de jovens, adultos e anciãos. O direito ao luto e aos devidos rituais funerários foram radicalmente transformados ou mesmo impossibilitados, seja por protocolos sanitários que atendem apenas aos mundos não-indígenas, seja por violações diretas e recorrentes de direitos. Nesse contexto, como viver o luto? Quais possibilidades podem ser abertas entre as várias formas de cuidado coletivo e o devido acompanhamento dos que padeceram à essa crise? Como seguir adiante?
Com: Watatakalu Yawalapiti e Christian Dunker.
Mediação: Emerson de Oliveira Souza.


Comitê acadêmico organizador - Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP):


Renato Sztutman, Aline Aranha, André Neves, Emerson Oliveira, Fábio Zuker, Gabriel Bertolin, Karen Shiratori, Marina Ghirotto, Tatiane Klein



Obs: O participante precisa ter celular e computador e conhecer os princípios básicos para uso desses equipamentos. Após a conclusão da sua inscrição on-line na atividade e/ ou curso, você receberá por e-mail um link de acesso à plataforma Zoom, onde será realizada a atividade e/ou curso, com até 1 (um) dia de antecedência da data de início. O acesso também poderá ser realizado através do web navegador de sua preferência.

As inscrições podem ser feitas a partir das 14h do dia 28/10, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.

O pagamento dever ser feito através do cartão de crédito, e trabalhamos com as bandeiras Visa, Mastercard, Elo e Hipercard.

*Este curso será 100% Online. Após o encerramento, será possível solicitar sua declaração de participação, enviando um email para declaração.cpf@sescsp.org.br


**Vagas limitadas.


***Pagamentos somente com cartão de crédito.

(Arte: Walter Cruz)

Palestrantes

Watatakalu Yawalapiti

Watatakalu Yawalapiti

Coordenadora do Movimento Mulheres do Xingu, representa as mulheres xinguanas na Associação Terra Indígena do Xingu. Tem papel ativo nas ações indígenas de combate à covid-19, atuando mais especificamente no Parque Indígena do Xingu.
(Foto: Acervo pessoal)

Karen Shiratori

Karen Shiratori

Pós-doutoranda no Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e pesquisadora do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA). Trabalha na região sul do estado do Amazonas com povos falantes de línguas arawá e tupi kagwahiva. Suas pesquisas tem como foco o xamanismo, sonho, plantas, parentesco e organização social.
(Foto: Acervo Pessoal)

João Paulo Lima Barreto Tukano

João Paulo Lima Barreto Tukano

Indígena do povo Yepamahsã (Tukano), doutor em Antropologia Social pela UFAM. Fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi.
(Foto: Acervo Pessoal)

Cecília Siliansky de Andreazzi

Cecília Siliansky de Andreazzi

Tecnologista na Fundação Oswaldo Cruz, mestra em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutora em Ecologia pela Universidade de São Paulo. Pesquisa as interações parasita-hospedeiro e redes tróficas.
(Foto: Acervo Pessoal)

Sofia Mendonça

Sofia Mendonça

Médica sanitarista, Mestre em Antropologia, Doutora em Saúde Coletiva. Coordenadora do Projeto Xingu, programa de extensão universitária da Unifesp. Trabalha com saúde e povos indígenas desde 1981. Membro do GT de Saúde Indígena da ABRASCO.
(Foto: Acervo Pessoal)

Sandra Benites

Sandra Benites

Nascida na Terra Indígena Porto Lindo, município de Japorã (MS), é pesquisadora e ativista Guarani. Atua como antropóloga, curadora de arte e educadora. Tem mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, onde realiza pesquisa de doutorado. Em 2019, foi contratada como curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo, tornando-se a primeira curadora indígena atuante em um museu de arte do Brasil. É Diretora de Artes Visuais da Funarte.
(Foto: Acervo Pessoal)

Juliana Rosalen

Juliana Rosalen

Doutora em Antropologia pela Universidade de São Paulo, desde 1998 desenvolve pesquisas no campo da Antropologia da Saúde junto aos Wajãpi do Amapari (AP). Coordena a formação de Agentes de Saúde Wajãpi. Atua principalmente nos seguintes temas: saúde indígena, concepções de pessoa, cosmologias ameríndias, medicalização, políticas de saúde indígena.
(Foto: Acervo Pessoal)

Catarina Tupi-Guarani

Catarina Tupi-Guarani

Xamã, liderança e educadora, vive na TI Piaçaguera (SP) e é especialista nos cantos-rezas e saberes do povo Tupi-Guarani.
(Foto: Acervo Pessoal)

Eliel Benites

Eliel Benites

Professor indígena kaiowá na Faculdade Intercultural Indígena (FAIND/UFGD) e presidente da Associação dos Realizados Culturais Indígenas (ASCURI). Possui mestrado em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco, atua nos seguintes temas: guarani e kaiowá, educação escolar indígena, cosmologias e resistências.
(Foto: Acervo Pessoal)

Paulo Cesar Basta

Paulo Cesar Basta

Médico, é pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde também atua como docente. Possui vasta experiência em saúde dos povos indígenas, tendo também conduzido estudos recentes a respeito dos impactos do garimpo ilegal na saúde yanomami e sobre as práticas tradicionais de cura kaiowa e guarani.
(Foto: Acervo Pessoal)

Uirá Felippe Garcia

Uirá Felippe Garcia

Professor na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Desenvolve pesquisas junto aos Awá-Guajá, povo de língua Tupi-Guarani no Maranhão, com foco na relação entre a caça e seus saberes socioambientais.
(Foto: Acervo Pessoal)

Emerson de Oliveira Souza

Emerson de Oliveira Souza

Indígena do povo guarani, é professor na rede estadual de educação de São Paulo, e mestrando no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo onde desenvolve pesquisa a respeito de indígenas que vivem em contextos urbanos. Faz parte da organização do evento anual Agosto Indígena.
(Foto: Acervo Pessoal)

Claudinei Eduardo Biazoli Junior

Claudinei Eduardo Biazoli Junior

Médico, professor no Centro de Matemática, Computação e Cognição da Universidade Federal do ABC. Coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Neurociência do Desenvolvimento Afetivo e Social.
(Foto: Acervo Pessoal)

Data

30/11/2020 a 04/12/2020

Dias e Horários

Segunda a Sexta, 10h às 12h.

Curso 100% online

Inscrições a partir das 14h do dia 28/10

Local

Em Casa

Valores

R$ 21,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 35,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 70,00 - inteira

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