Curso Presencial
Cultura e política: a Guerra Fria cultural nos anos 1960
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Programa
O curso volta aos anos 1960 para abordar um tema histórico que ganha atualidade no contexto de nossos dias em âmbito internacional: a disputa das grandes potências por influência política e econômica planetária, indissociável de embates culturais e de oportunidades de intercâmbio junto aos meios acadêmicos e artísticos nacionais.
A primeira aula é dedicada à análise da relação entre política e cultura nos anos 1960, marcados na América Latina pela revolução cubana, desafiando a ordem internacional comandada pelos EUA, que trataram de responder à ameaça. No Brasil, houve uma politização extraordinária da sociedade no começo da década, culminando no golpe de 1964. Os militares, associados às classes dominantes, promoveram nos anos seguintes a modernização conservadora do país, com suporte dos EUA, por intermédio de uma ditadura. Ela inicialmente reprimiu sobretudo os setores populares, deixando algum espaço de manifestação às classes médias, de onde surgiram setores críticos do regime militar, sobretudo estudantes, intelectuais e artistas. Eles protagonizaram um memorável florescimento cultural, interrompido com a edição do Ato Institucional n. 5 em dezembro de 1968, fechando de vez o regime, cujo caráter repressivo se acentuou, junto com o chamado milagre econômico. Em paralelo, consolidou-se uma indústria cultural digna desse nome no Brasil, sintonizada com a produção em escala internacional.
Na segunda aula, o destaque vai para as redes intelectuais e artísticas internacionais formadas ou consolidadas no período, tendo a ditadura militar brasileira como associada, interlocutora ou inimiga. Essas redes se costuravam, por exemplo, por intermédio de revistas que se propunham a difundir a produção cultural da América Latina. De um lado, Casa de las Américas, produzida em Havana, Cuba. De outro, revistas como Cuadernos, Cadernos Brasileiros, Mundo Nuevo e Aportes, financiadas pelo Congresso pela Liberdade da Cultura, sediado em Paris, com verbas secretas vindas dos EUA, inclusive da CIA. Cientistas sociais, escritores e artistas originários da América Latina em geral, e do Brasil em particular, colaboraram com essas revistas, num arco de conexões internacionais que foi muito além dos responsáveis pelas publicações, ajudando por exemplo a organizar o chamado boom da literatura latino-americana no período.
A terceira aula trata da disputa por corações e mentes dos estudantes universitários brasileiros nos anos 1960, quando os EUA se sentiram ameaçados pela influência da revolução cubana e por iniciativas de intercâmbio universitário com a União Soviética e outros países socialistas. Uma das respostas foi o apoio à Associação Universitária Interamericana, que atuou de 1962 a 1971, organizada por esposas de empresários dos EUA a trabalho no Brasil. Muito bem relacionadas, elas fizeram jogadas de mestre no tabuleiro da Guerra Fria cultural para obter financiamento a fim de conquistar ideologicamente estudantes brasileiros. Assim, eles tiveram a oportunidade de conhecer os quatro templos do modo de vida americano: o templo do lar, ficando hospedados em casas de moradores locais que lhes apresentavam a vida em família; o templo do saber na Universidade Harvard, onde faziam um curso de verão com professores renomados como Henry Kissinger; o templo da democracia em Washington, onde tinham entrevistas com políticos do porte do presidente John Kennedy; e finalmente o templo da modernidade, em Nova York. Sucede que esses templos foram trincados pela agitação social ao longo da década de 1960, e os estudantes brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer in loco a contestação por parte de setores da sociedade dos EUA, convulsionada nos chamados anos rebeldes.
As inscrições podem ser feitas a partir das 14h do dia 28/10 no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc ou através do nosso app.
Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.
O pagamento pode ser feito através do cartão de crédito, débito ou em dinheiro. Trabalhamos com as bandeiras Visa, Mastercard, Elo e Hipercard.
Ao término do curso, você poderá solicitar sua declaração de participação pelo e-mail declaracao.cpf@sescsp.org.br
A declaração será encaminhada em até 30 dias
O cancelamento poderá ser realizado com até 48 horas antes do início da atividade, por email: atendimento.cpf@sescsp.org.br
(Foto: Domínio Público)
Palestrantes
Marcelo Ridenti
Professor titular de Sociologia na Unicamp. Autor dos livros O segredo das senhoras americanas; Brasilidade revolucionária; Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, publicados pela ed. Unesp. E do romance histórico Arrigo, Boitempo ed.
(Foto: Antônio José Scarpinetti)
Data
13/11/2025 a 04/12/2025
Dias e Horários
Quintas, 19h às 21h30.
Exceto dia 20/11.
Curso Presencial
Inscrições a partir das 14h do dia 28/10, até o dia 13/11.
Enquanto houver vagas.