Curadorias Afro-diaspóricas: Éticas e Estéticas Negras em exposição
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Neste ciclo, organizado por Renata Felinto, partimos do pressuposto de que a pessoa profissional de curadoria que atua, especialmente no escopo das exposições e mostras que articulam os conhecimentos materiais e imateriais que se presentificam na área das artes visuais, relacionando esses objetos e/ou conceitos, com as demais áreas do conhecimento, necessita de conhecimento e envolvimento amplo acerca dos processos históricos que se referem à constituição da nação Brasil.
Essa necessidade se atualiza e se torna urgente na medida em que em 2019 não é possível mais que existam exposições que excluam de sua gênese a discussão que perpasse a intersecção etnia/raça, gênero e classe socioeconômica, articulada a esses processos históricos e que reflitam sobre como essas relações afetam, tanto a história das artes visuais brasileiras que temos registrado e narrado quanto as possibilidades de formação, de produção, de propagação e de reconhecimento das artes visuais realizadas a partir de pressupostos, cânones, realidades e existências humanas que se afastam dos referencias hegemônicos.
Estendendo para além das produções artistas visuais e dos contextos nas quais as mesmas foram geradas, também atentamos ao próprio sistema das artes visuais e sobre como o reconhecimento e a validação dessas produções estão submetidos ao aval e atuação de agentes como o/a profissional de curadoria.
Se as formações desse/a profissional não inclui as questões acima brevemente explicitadas que consideram o contexto do ser artista visual negro/a no Brasil, entendendo o impacto que as negligências e as falhas na incorporação e legitimação desse segmento populacional como cidadã, temos então, manutenção de um sistema que exclui a pessoa negra de varias áreas da vida social, o que abrange a profissional, pois que é premente a compreensão do fazer artes visuais em suas diversas ramificações como profissão e negocio engendrado por um sistema próprio.
Dessa forma, propomos que discutamos a incorporação do/a profissional negro/a de curadoria e apontemos os desafios da realização desse trabalho num contexto de exclusão no qual o/a não-branco/a é racionalizado, entretanto, o/a branco/a é entendido como a hegemonia.
A racialização e o apontamento de que temos tratado de uma artes visuais branca numa estrutura social e, portanto, de trabalho em artes visuais também branca, é fundamental para que ampliemos a reflexão e o entendimento de que todas/as os/as que não são vistos/as como brancos/as são tidos como exóticos/as, estranhos/as e externos/as ao mercado e sistema de artes visuais.
15/1 - A importância das curadorias realizadas por pessoas negras no país que não as incorporou como artistas visuais em sua história da arte: a gestação das narrativas que serão visíveis.
Com Carolle Lauriano e Ayrson Heráclito.
22/1 - O impasse do colorismo nas curadorias focadas na decolonialidade no país que persiste no elogio à “mulataria”: éticas e estéticas negras em exposição.
Com Alexandre Araujo Bispo e Amanda Carneiro.
29/1 - Os impasses e as limitações da abordagem da questão racial nas curadorias afro-orientadas: Entre o ideal e o possível.
Com Claudinei Roberto da Silva e Rosana Paulino.
5/2 - As instituições brasileiras, a resistência às curadorias negras e a derradeira discussão sobre racismo no sistema da arte: a quem atende a exposição de arte.
Com Fabiana Lopes e Ana Beatriz S. Almeida.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.
Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600
(Foto: André Ricardo)
Palestrantes
Amanda Carneiro
Curadora assistente no MASP, editora na Revista Afterall e pesquisadora do projeto 'Arte e descolonização'. Graduou-se e é mestre pela Universidade de São Paulo. Recentemente, co-organizou o catálogo e a mostra 'Beatriz Milhazes: Avenida Paulista' e 'Conceição dos Bugres: tudo é da natureza do mundo'.
(Foto: Acervo Pessoal)
Ayrson Heráclito
Artista, curador e professor no curso de Artes Visuais da UFRB. É doutor pela PUC-SP e mestre pela UFBA. Entre suas exposições mais recentes estão "Ayrson Heráclito", Sala de Vídeo, MASP, São Paulo (2018); 57ª Edição da Bienal de Veneza (2017); e "Pérola Negra", Blau Projects Galeria, São Paulo (2016). Foi co-curador da 3ª Bienal da Bahia, no Museu de Arte Moderna, Salvador, e da exposição "Histórias Afro-Atlânticas", no MASP (2018).
(Foto: Acervo Pessoal)
Renata Aparecida Felinto dos Santos
Artista visual, pesquisadora e professora. Doutora em Artes Visuais IA/UNESP. Especialista em Curadoria e Educação em Museus de Arte MAC/USP. Fellowship PostDoctoral Center for Africana Studies, University of Pennsylvania. Professora adjunta Licenciatura em Artes Visuais e PROFARTES URCA/CE.
(Foto: Jaqueline Rodrigues)
Alexandre Araujo Bispo
Antropólogo, crítico e curador independente.
(Foto: Acervo Pessoal)
Claudinei Roberto da Silva
Artista, curador e educador. Graduado em Artes Visuais pela USP, foi curador do 37º Panorama da Arte Brasileira no MAM-SP, entre outras exposições.
(Foto: Joao Liberato)
Fabiana Lopes
Curadora Independente radicada em Nova York e São Paulo, e Doutoranda em Estudos de Performance pela New York University, onde ela é uma Corrigan Doctoral Fellow. Sua pesquisa está centrada na produção contemporânea de artistas da Diáspora Africana no Brasil e nas Américas.
(Foto: Acervo Pessoal)
Rosana Paulino
Artista visual e educadora. Doutora em Artes Visuais pela USP. Em 2018 realizou a exposição “Rosana Paulinho: a costura da memória, Pinacoteca do Estado de São Paulo”.
Ana Beatriz S. Almeida
Mestre em História e Estética da arte pelo MAC-USP e doutoranda pela UCL (UK). Curadora da Bienal de Glagow 2020 e co-fundadora da plataforma 01.01.(Foto: Acervo Pessoal)
Carolle Lauriano
Data
15/01/2020 a 05/02/2020
Dias e Horários
Quartas, 19h30 às 21h30.
As inscrições podem ser feitas a partir de 20 de dezembro, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.