Curso Presencial
Decolonização e Psicanálise
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Programa
No século XXI, articulada ao campo simbólico do que pode ser denominado Sul Global, uma lente de leitura em diálogo perspectivista ganhou força, revirando pelo avesso distintas disciplinas e convidando saberes informais e tradicionais ao diálogo na convivência com cosmologias plurais.
Cientes de que a herança de processos de colonização dá causa e movimento a uma perspectiva interseccional que reconhece a geopolítica e a historicidade como elementos que afetam o inconsciente, o discurso, o laço social, as determinações econômicas e as relações societárias e políticas, visamos discutir seus efeitos, bem como os modos de intervenção sobre essa herança: escrita, clínica e política.
A itinerância com que as teorias insurgentes e em elipse decolonial afetaram o modo cisheteropatriarcal burguês branco e cristão de se forçar idealmente como universal desmontou a suposta hierarquia naturalizada dos corpos e tem forçado as teorias a revisitarem seus pressupostos.
E, como não existe o fora do mundo, o fora dessa trama, precisamos consolidar ferramentas potentes para a transformação de seus efeitos internos e neocoloniais deletérios, bem como reconhecer a inscrição de novos códigos afirmativos de pertencimento, presença e participação.
Atentar-se para o fato de que corpus teóricos impõem seus elementos conceituais e práticos como narrativas particulares e em disputa, quebra a ideologia de um suposto centro hegemônico universal, neutro e racional, eurocêntrico.
Assim, num eixo Sul-Sul e também num movimento transversal, pretendemos discutir, desde uma perspectiva psicanalítica, modos como a teoria e a práxis contra/de/des e anticolonial mobilizam novos movimentos advindos da geopolítica pós-colonial e de sua atualidade histórica.
Na consolidação de um trabalho em curso, que se escreve em língua própria e não desconhece a cor, a classe e o gênero, suas acessibilidades e criptas, convidamos psicanalistas do Sul Global a fim de trazerem o testemunho de sua práxis em elipse decolonial.
Numa metodologia que deslocaliza o centro e dá a ver, como um véu que suavemente se levanta, o modo como o gozo imperialista moldou corpos, cores, gêneros e etnias inteiras. E que indica como se constroem modos contra hegemônicos de não adoecer - "a gente combinamos de não morrer" - mas de se afirmar.
Assim, propomos uma novidade metodológica. Partimos, como inspiração, de um fenômeno característico do rio Amazonas, de águas caudalosas, denominado pororoca ou mupororoca. É a forma como são denominados os macaréus que ocorrem no norte e nordeste do Brasil.
Trata-se de um fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com as águas oceânicas. Pororoca origina-se do tupi poro'roka, que é o gerúndio do verbo poro'rog, «estrondar».
O fenômeno manifesta-se, no Brasil, na foz do rio Amazonas e afluentes do litoral paraense e amapaense (rio Araguari, rio Maiacaré, rio Guamá, rio Capim e Rio Moju) e na foz do rio Mearim, no Maranhão. Esse choque das águas derruba árvores de grande porte e modifica o leito dos rios.
Buscamos exatamente a inspiração do método deste seminário neste acontecimento que modifica a paisagem oriunda do encontro de águas de fontes distintas. O que resta deste processo como construção destrutiva?
Do encontro intenso entre as águas conhecidas da teoria psicanalítica e a chuva torrencial de nossa geopolítica e de nosso período histórico pós-colonial, iremos operar sobre qual paisagem e com quais ferramentas?
O movimento das ondas assim produzidas derruba paisagens familiares. São, porém, boas para surfar. Indicação de uma direção.
Programa:
10h15 - Abertura
10h30 - Conferência Derek Hook
Mediação: Christiane Matozinho
12h30 - Almoço
14h30 - Conferência Fuad Ahmat Ramaht
Mediação: Omar David Moreno-Cárdenas
16h30 - Paulo Bueno entrevista Andréa Máris C. Guerra
18h – Encerramento
Recomendamos o uso de máscara cobrindo nariz e boca.
Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, solicite pelo e-mail centrodepesquisa.cpf@sescsp.org.br, após a conclusão e efetivação do pagamento da sua inscrição, com até 48 horas de antecedência do início da atividade.
As inscrições podem ser feitas a partir das 14h do dia 27/10 no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc ou presencialmente em qualquer unidade do Sesc São Paulo. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.
O pagamento pode ser feito através do cartão de crédito, débito ou em dinheiro. Trabalhamos com as bandeiras Visa, Mastercard, Elo e Hipercard.
Ao término do curso, você poderá solicitar sua declaração de participação pelo e-mail declaracao.cpf@sescsp.org.br
A declaração será encaminhada em até 30 dias
O cancelamento poderá ser realizado com até 48 horas antes do início da atividade, por email: centrodepesquisa.cpf@sescsp.org.br
(Artista: Uyra Sodoma. Foto: Matheus Belém)
Palestrantes

Fuad Rahmat
Professor assistente em Mídia, Linguagem e Culturas Digitais na Universidade de Nottingham (Campus Malásia).
(Foto: Acervo Pessoal)

Derek Hook
Professor de Psicologia na Universidade de Duquesne, nos EUA e professor extraordinário na Universidade de Pretória, na África do Sul.
(Foto: Acervo Pessoal)

Andréa Máris C. Guerra
Professora assistente de Psicologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
(Foto: Acervo Pessoal)

Paulo Bueno
Docente da pós-graduação do Instituto Gerar.
(Foto: Acervo Pessoal)

Omar David Moreno Cárdenas
Pesquisador do Núcleo Psilacs – UFMG.
(Foto: Acervo Pessoal)

Christiane Matozinho
Coordenadora do Programa Já é - UFMG.
(Foto: Acervo Pessoal)
Data
16/11/2023 a 16/11/2023
Dias e Horários
Quinta, 10h às 18h.
Curso Presencial
Inscrições a partir das 14h do dia 27/0, até o dia 16/11.
Enquanto houver vagas.