Curso On-Line
Direitos humanos e pensamento social brasileiro

Programa

O século XX ficou conhecido por duas designações. A primeira, a era dos extremos, e a segunda, a era dos direitos. Seus formuladores foram respectivamente Eric Hobsbawn e Norberto Bobbio. Nos últimos anos a era dos direitos ganhou maior projeção, sobretudo porque ela foi uma resposta para a era dos extremos. Com o qualificativo de humanos os direitos passaram a ser fundamentais para a constituição de sociedades mais igualitárias, mais diversificadas e mais justas. Direitos humanos passava a ser um regulador normativo que mediria se governos e sociedade estavam próximos ou não de realizar aquelas exigências.

Nas universidades, nos centros de pesquisa, nos grupos de trabalho junto a órgãos públicos e nas secretarias de governo os direitos humanos adquiriram estatuto de agenda de investigação e estudo de acadêmicos, intelectuais, agentes estatais e atores da sociedade civil e dos movimentos sociais. Em um país como o Brasil, marcado por uma formação escravocrata, patrimonialista, patriarcal e pessoalista, os debates sobre os direitos humanos adquirem caráter de fundamental importância.

Neste aspecto convém a todas e todos interessados (pesquisadores das ciências sociais e humanas, agentes púbicos, jornalistas, profissionais da cultura, militantes e atores do sistema judiciário) uma chave de compreensão dos direitos humanos pelo eixo do pensamento social e político brasileiro. Pelo eixo daqueles autores e autoras, sejam eles ensaístas, historiadores, sociólogos, romancistas e poetas, que pensaram o Brasil ao longo do século XIX, XX e inícios do XXI.

O curso tem como objetivo estudar os direitos humanos mediados pelo que escreveram e refletiram alguns dos mais importantes autores e autoras do pensamento social e político brasileiro. Mais especificamente através do que pensaram sobre o Brasil, Joaquim Nabuco; Machado de Assis; Caio Prado Jr.; Sérgio Buarque de Holanda; Florestan Fernandes; Carolina Maria de Jesus e Marilena Chauí.

Iremos averiguar qual o sentido dos direitos humanos entre nós. Ou seja, mobilizaremos esses textos, ensaios, contos, crônicas e pesquisas dos intérpretes do Brasil para entendermos de modo mais aprofundado a quem os direitos humanos se destinam entre nós.

14/9 - Aula 1. Apresentação do Curso
- Introdução: o Brasil como problema para os direitos humanos;
- Um vasto território para a opressão (a contribuição de Caio Prado Jr. em A Evolução Política do Brasil)

15/9 - Aula 2. Machado de Assis: a desfaçatez como dominação
- O cinismo e a desfaçatez de classe contra os Direitos Humanos (a sociedade brasileira de Machado de Assis);

21/9 - Aula 3. Os direitos humanos diante da Escravidão
- A questão racial e o futuro do Brasil (as preocupações de Joaquim Nabuco);
 - O Brasil como sociedade escravagista (dois textos fundamentais de Florestan Fernandes: Integração do Negro na Sociedade de Classes e Sociedade Escravista no Brasil)

22/9 - Aula 4. Os direitos humanos diante da Escravidão (o debate das mulheres negras)
-  A luta pelos direitos humanos vista a partir de um quarto (Carolina Maria de Jesus e o Quarto de Despejo);
- Não aceitamos o racismo, como aceitar os direitos humanos (o conceito de denegação e sexismo no ensaio Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira de Lelia Gonzáles);

28/9 - Aula 5. A cordialidade brasileira e patrimonialismo
- Os direitos humanos são privatizados no Brasil (a visão de Sergio Buarque de Holanda sobre a cordialidade opressiva em Raízes do Brasil);
- A elite branca patrimonialista e a apropriação do Estado brasileiro contra os direitos humanos (Os Donos do Poder de Raymundo Faoro);

29/9 - Aula 6. Os direitos humanos no Brasil contemporâneo
- Podem os subalternos falar em direitos humanos (O Lugar de Fala de Djamila Ribeiro);
- Como reivindicar os direitos humanos no bolsonarismo (as contribuições do filósofo Rodrigo Nunes)

Obs: O participante precisa ter celular e computador e conhecer os princípios básicos para uso desses equipamentos. Após a conclusão da sua inscrição on-line na atividade e/ ou curso, você receberá por e-mail um link de acesso à Plataforma onde será realizada a atividade e/ou curso, com até 1 (um) dia de antecedência da data de início. O acesso também poderá ser realizado através do web navegador de sua preferência.

Os encontros em ambiente on-line não são gravados, não sendo disponibilizados seus registros para posterior visualização.

As inscrições podem ser feitas a partir das 14h do dia 28/8 no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc ou presencialmente em qualquer unidade do Sesc São Paulo. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.

O pagamento dever ser feito através do cartão de crédito, e trabalhamos com as bandeiras Visa, Mastercard, Elo e Hipercard.

*Ao término do curso, você poderá solicitar sua declaração de participação pelo e-mail declaracao.cpf@sescsp.org.br

A declaração será encaminhada em até 30 dias

**Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, faça a solicitação pelo e-mail centrodepesquisa.cpf@sescsp.org.br, justamente após a conclusão e efetivação do pagamento de sua inscrição, e com pelo menos 48 horas de antecedência do início da atividade.

O cancelamento poderá ser realizado com até 48 horas antes do início da atividade, por email: centrodepesquisa.cpf@sescsp.org.br

(Foto: Missa campal abolição da escravatura - Acervo IMS)

Palestrantes

Ronaldo Tadeu de Souza

Doutor e pesquisador de Pós-Doutorado no Departamento de Ciência Política da USP, no Grupo de Pesquisa Soberania Popular em Perspectivas Histórica (CNPQ-USP), pesquisador no Núcleo de Estudos em Teoria e Pensamento Político do Cedec e editor do Boletim Lua Nova/Cedec.
(Foto: Acervo Pessoal)