Atividades

Seminário reflete sobre o significado da Semana no século de seu centenário, abordando as comemorações e as críticas feitas a ela ao longo dos anos.

Curso On-Line
Diversos 22: Levantes Modernistas

Voltar para o início Diversos 22: Levantes Modernistas

Programa


O seminário propõe pensar o significado da Semana no século de seu centenário, na abordagem das comemorações e críticas a ela feitas ao longo dos anos, conjeturando a questão essencial: o que a Semana e o modernismo têm a dizer sobre 2022?

A Semana, na interpretação canônica, é vista como um acontecimento inaugural por sinalizar intenções de ruptura na produção artística brasileira. E não apenas nela: queríamos descoelhonetizar a literatura e também desperrepizar a política, como disse Rubens Borba de Moraes. Por isso, refletir no presente sobre a Semana de 22 enseja discutir a nossa história artística e cultural e, ao mesmo tempo, quem somos, seríamos ou poderíamos ter sido. Pois a Semana se manteve como um levante permanente, acionando a invenção e a tradição durante o século XX. Está no núcleo dos conceitos decisivos da ideia ocidental de moderno: modernismo, modernidade e modernização. Dessa forma, levantou também a possibilidade da “utopia”, que guiou um ponto de vista sobre o país numa relação propositiva: um projeto afetivo, tão complexo quanto contraditório, para pensar o Brasil e todas as diferenças brasileiras.

Curadoria de Francisco Alambert e equipe do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc em São Paulo.

28/9
Abertura
11h às 14h
Participação especial: Marcelo Pretto e Rodrigo Caçapa.
Saudação: Danilo Santos de Miranda.
Conferência: Marilena Chauí.

Modernismo e Utopia
O Modernismo, do qual a Semana de 22 se tornou o acontecimento simbólico mais imponente no Brasil, pode ser entendido como um processo de contínuo levante em favor de diversos (e contraditórios) projetos de modernização e complexa busca de autonomia criativa dentro da modernidade (o novo tempo do capitalismo). Tal processo não foi de modo algum exclusivo do Brasil no século XX. Ao contrário, era parte de um conjunto semelhante de ações, não não menos contraditórias e abertas, sobretudo latino-americanas. A proposta da mesa é discutir os diversos “atos” modernistas em perspectiva comparada, do início do século até os anos 1960.
Com Andrea Giunta, Christopher Dunn e Francisco Alambert.
Mediação: Kelly Adriano de Oliveira.

Mesas
16h às 17h30
Anos 1920-1930
Nas duas primeiras décadas do século XX, o movimento modernista se lança em diferentes processos de afirmação e construção de sua legitimidade. O “moderno”, o “nacional” e sobretudo o desejo de “revolução” constituem seus terrenos de disputa e de embates. Os projetos estético-políticos de Mário de Andrade, a antropofagia oswaldiana, o “anarco-comunismo” do CAM de Flavio de Carvalho, a direita nacionalista e fascista, tudo se torna turbilhão em meio à crise de 29 e a “Revolução de 1930”.

Arte e sociabilidade no Clube de Artistas Modernos (1932-1933)
Com Graziela Naclério Forte.

Modernismo - anos 20
Com Eduardo Jardim.
Mediação: Mauricio Trindade da Silva.

17h40 ÀS 19h
Anos 1940-1950
Esta mesa se volta para a reflexão sobre o legado da Semana, a partir de seus expoentes e críticos. A começar por Mário de Andrade, em dois tempos. Primeiro, em uma de suas facetas menos conhecidas: o “africanista” que logo fascinou Roger Bastide. Assim, pretende-se evocar, à luz de um conjunto expressivo de trocas epistolares, como o escritor, musicólogo e gestor cultural inscreveu-se numa rede de especialistas nacionais e estrangeiros, voltados para o estudo das culturas negras no mundo e fortemente engajados no combate antirracista. Entre os anos de 1940-1950, o modernismo de 22 passa a ser “comemorado”. Primeiro pelo negativo. E aqui retorna Mário de Andrade. Ele inaugura, no contexto da ditadura do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, a crítica modernista ao modernismo. Em sentido oposto, seguindo os ares otimistas pós 45, Oswald de Andrade e Lourival Gomes Machado chamam de volta o modernismo da Semana como símbolo para um novo Brasil. Em seus 30 anos, o legado da Semana receberá releitura, engajada e otimista, do mais radical intelectual modernista, o crítico Mário Pedrosa. Entre os dois Mários, e diante dos ventos favoráveis do desenvolvimentismo, um segundo momento modernista se constitui.

Mário de Andrade em correspondência com africanistas nacionais e estrangeiros
Com Lígia Ferreira.

Mário de Andrade e Mário Pedrosa
Com Francisco Alambert.
Mediação: Lucio Gomes Machado.

29/9
16h às 17h30
Anos 1960-1990: Antigos Modernistas 30 anos depois
Nos anos 1960 o modernismo de 22 ressurge como “vanguarda” no contexto dos levantes, insurgências e revoluções (imaginárias ou não) mundiais. Ao mesmo tempo, e na contramão, do fracasso representado pelo golpe militar triunfante. Tanto, e de tal maneira, que as comemorações dos 50 anos da Semana são tingidas do verde-amarelismo e do nacionalismo autoritário e reacionário (e ainda assim modernizador). O turbilhão agora se torna uma terra em transe, e encontra na oposição entre o “nacional-popular” (que reivindica a herança de Mário de Andrade) e o “Tropicalismo” (que reinventa a antropofagia oswaldiana na chave do desencanto) seu grande embate. As décadas seguintes serão marcadas ora pela continuidade do debate, ora pela descrença completa dele, como nas “releituras” pós-modernistas. O segundo tempo modernista chegava ao fim.

Descontinuidades na vida artística: antropofagia, tropicalismo, curtição
Com Celso Favaretto.

O espírito bandeirante e o modernismo reacionário
Com Francisco Foot Hardman.
Mediação: Zélia Duncan.

17h30 às 18h45
Anos 2000
O que o legado do século da Semana tem ou não tem a dizer à nossa contemporaneidade? Em tempos neoliberais, novas e velhas vozes constituem o turbilhão, de horizonte rebaixado (frequentemente distópico) da fragmentação de projetos e sentidos. A Semana foi elitista ou não? Foi autoengano? Foi mito “inventado”? Está superada e substituída pelos novos arranjos identitários e periféricos? Ainda podemos ser antropófagos?

O sequestro do modernismo: uma semana de arte em São Paulo e não de São Paulo
Com Lilia Moritz Schwarcz.

A visão periférica da antropofagia
Com Sérgio Vaz.
Mediação: Patrícia Palumbo.

18h45 – Participação especial: Juçara Marçal.


*A atividade será transmitida através do youtube.com/sescsp e contará com tradução em libras e legendas.

(Arte: Walter Cruz)


 


Palestrantes

Francisco Alambert

Francisco Alambert

Doutor em História pela USP, onde leciona História Social da Arte e História Contemporânea. Historiador e crítico de arte. É autor de vários livros, incluindo A Semana de 22: a aventura modernista no Brasil (1992), As bienais de São Paulo da era do Museu à era dos curadores (1951-2001).
(Foto: Acervo pessoal)

Andrea Giunta

Andrea Giunta

Escritora, pesquisadora (CONICET) e professora (UBA); foi curadora da Bienal 12 Porto Alegre (2020) e da exposição Pensar todo de nuevo (Rolf Gallery, Buenos Aires, 2020).
(Foto:
Rob Verf)

Celso Favaretto

Celso Favaretto

Professor-colaborador no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da FFLCH e no de Educação da FE-USP Autor, entre outros, de A contracultura, entre a curtição e o experimental (2019), n-1 edições.
(Foto: Acervo Pessoal)

Christopher Dunn

Christopher Dunn

Professor do Departamento de Espanhol e Português da Tulane University. É o autor de Contracultura: Alternative Arts and Social Transformation in Authoritarian Brazil (2016),  publicado pela University of North Carolina Press. É co-organizador com Idelber Avelar de Brazilian Popular Music and Citizenship (Duke UP, 2011). Atualmente desenvolve um estudo sobre Tom Zé.
(Foto: Acervo Pessoal)

Danilo Santos de Miranda

Danilo Santos de Miranda

Especialista em ação cultural, diretor regional do Sesc SP. É formado em Filosofia e Ciências Sociais. Atua como conselheiro em diversas entidades, dentre as quais o Museu da Língua Portuguesa e a Fundação Bienal de São Paulo.
(Foto: Adauto Perin)

Francisco Foot Hardman

Francisco Foot Hardman

Professor titular do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Foi professor visitante em várias instituições da Europa e EUA e, mais recentemente, na Universidade de Pequim. É autor, entre outros, de: Nem pátria, nem patrão! Memória operária, cultura e literatura no Brasil (2002. Organizou ainda o livro do poeta modernista chinês, Ai Qing: Viagem à América do Sul (2019).
(Foto: Acervo Pessoal)

Graziela Naclério Forte

Graziela Naclério Forte

Doutora pela Unicamp e possui pós-doutorado pela Unesp-Marília; tem experiência na área de História Social, com ênfase em História Social da Arte Brasileira e Modernismo.
(Foto: Acervo Pessoal)

Juçara Marçal

Juçara Marçal

Cantora, pesquisadora musical, compositora e professora, reconhecida tanto pelo seu trabalho em grupos como Vésper Vocal, A Barca e Metá Metá, como pela carreira solo.
(Foto: Pablo Saborido)

Kelly Adriano de Oliveira

Kelly Adriano de Oliveira

Doutora em Ciências Sociais, educadora, ativista antirracista, pesquisadora, curadora e gestora cultural. É gerente do Sesc Vila Mariana.
(Foto: Adauto Perin)

Ligia Fonseca Ferreira

Ligia Fonseca Ferreira

Professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autora-organizadora da edição crítica da obra poética integral do autor em Primeiras trovas burlescas & outros poemas de Luiz Gama (2000), da antologia Com a palavra Luiz Gama: poemas, artigos, cartas, máximas (2011, 2018), e de Lições de resistência: artigos de Luiz Gama na imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro (2020), e do ensaio "Mário de Andrade, africanista" no volume da obra inédita do autor Aspectos do folclore brasileiro (Global, 2019).
(Foto: Acervo Pessoal)

Lilia Moritz Schwarcz

Lilia Moritz Schwarcz

Doutora em Antropologia Social (USP) e historiadora; é professora titular do Departamento de Antropologia da USP, “global scholar” e professora visitante em Princeton e editora da Companhia das Letras.
(Foto: Leonor Calasans)

Lucio Gomes Machado

Lucio Gomes Machado

Doutor em Arquitetura e Urbanismo (USP) e professor do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto (FAU-USP); foi curador da III e IV Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
(Foto: Acervo Pessoal)

Marcelo Pretto

Marcelo Pretto

Cantor autodidata, além de integrante do Barbatuques desde 1999, faz parte do grupo A Barca, que pesquisa a música brasileira tradicional há mais de 15 anos.
(Foto: Divulgação)

Marilena de Souza Chaui

Marilena de Souza Chaui

Escritora e filósofa, professora emérita de Filosofia Política e Estética da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
(Foto: Ivone Perez)

Mauricio Trindade da Silva

Mauricio Trindade da Silva

Doutor em Sociologia da Cultura pelo Programa de Pós-Graduação de Sociologia da Universidade de São Paulo. Exerce a função de gerente adjunto no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc em São Paulo. Tem experiência na área da Sociologia, com ênfase em Sociologia da Cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: crítica cultural; política cultural; modernismo; Mário de Andrade; correspondência.
(Foto: Acervo Pessoal)

Patrícia Palumbo

Patrícia Palumbo

Jornalista e pesquisadora. Premiada 4 vezes por seu trabalho em rádio pela APCA, melhor radialista pelo WME (Womens Music Event) em 2018, homenageada no Prêmio Profissionais da música em 2021, apresenta desde 1998 o programa Vozes do Brasil. Apresenta o Instrumental Sesc Brasil há mais de 20 anos.
(Foto: Leonardo Sang)

Rodrigo Caçapa

Rodrigo Caçapa

Compositor, arranjador, produtor musical e violeiro pernambucano radicado em São Paulo, seu primeiro disco solo, "Elefantes na Rua Nova", 2011, teve patrocínio da Petrobras e repertório composto a partir de Bolsa de Incentivo à Criação Artística (Funarte em 2008). Desenvolve o projeto "O Coco-Rojão e as Violas Eletrodinâmicas: Pesquisa e Criação", Rumos Itaú Cultural.
(Foto: Acervo Pessoal)

Sérgio Vaz

Sérgio Vaz

Poeta e agitador cultural, autor de oito livros e cofundador do Sarau da Cooperifa – movimento cultural que transformou um bar na periferia de São Paulo em centro cultural e que, assim, ajudou a deflagrar a literatura periférica.
(Foto: Acervo Pessoal)

Zélia Duncan

Zélia Duncan

Cantora e compositora. Paralelamente aos shows, atuou como atriz ao aceitar o convite do diretor teatral Moacyr Góes para estrear o musical Alegria, Alegria em São Paulo em 2017.  No ano seguinte atua na comédia Mordidas, do argentino Gonzalo de Maria, ao lado de Ana Beatriz Nogueira, Regina Braga e Luciana.
(Foto: Roberto Setton)

Data

28/09/2021 a 29/09/2021

Dias e Horários

Abertura: 28/9, terça, às 11h
Mesas: 28 e 29/9, terça e quarta, das 16h às 17h30 e das 17h45 às 19h. Grátis.

Transmissão através do youtube.com/sescsp

Local

youtube.com/sescsp

Valores

Grátis