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Ciclo virtual com quatro encontros aborda a imigração espanhola em São Paulo

Curso On-Line
Espanhóis em São Paulo: singularidades e influências

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Programa


Realizado em parceria com o Instituto Bixiga, o presente ciclo virtual pretende discutir a presença e a singularidade da imigração espanhola em São Paulo. A influência espanhola na cultura paulistana e mesmo no Brasil, ainda é pouco estudada. Na esteira dos movimentos migratórios do final do século XIX, atraídos pelos subsídios dos fazendeiros paulistanos, os espanhóis foram encaminhados, sobretudo, para trabalhar nas fazendas de café no interior do estado de São Paulo, mas a experiência urbana atraiu muitos espanhóis que se fixaram na cidade e deixaram marcas na cultura da cidade. Ocorre que a narrativa historiográfica dominante, que coloca o italiano como o elemento sintetizador da imagem do imigrante daquele período, acabou ofuscando os diversos sujeitos históricos que compunham a urbe paulistana.  

 

Programa 

 

09/03 - Espanhóis em São Paulo, singularidades de sua imigração 

É comum, em textos sobre a imigração para o Brasil, já no cenário do fim da escravidão, atribuir o que foi próprio da imigração italiana aos imigrantes de outras origens. O que atinge particularmente os espanhóis, a segunda maior corrente imigratória para suceder os italianos em virtude da proibição da emigração italiana para o Brasil. Para compreender a imigração espanhola é preciso começar do que nela é singular e a diferencia de outras correntes imigratórias. O espanhol não teve das autoridades consulares de seu país a assistência e atenção que o italiano teve. Por outro lado, talvez por isso, o espanhol mais rapidamente se integrou na sociedade brasileira. Essas são as premissas da exposição. 

 

Com José de Souza Martins 

 

16/03 - Imigração Espanhola em São Paulo: Trabalho, Sociabilidade e Luta. 

Na virada do século XIX, a cidade de São Paulo sofreu um acelerado processo de crescimento urbano e populacional provocado pela intensificação da corrente migratória internacional de forma independente ou subvencionada pelo Estado brasileiro. Nesse período de substituição do trabalho compulsório pelo trabalho assalariado, São Paulo, que era entroncamento de ferrovias para todo o Brasil, tornou-se um centro urbano multicultural com muitos sotaques e passagem obrigatória de milhares de imigrantes que aportaram nos portos de Santos e Rio de Janeiro com destino ao interior do estado de São Paulo e regiões ainda mais distantes como Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Paraná. Dentre as nacionalidades mais numerosas que se estabeleceram na capital nesse período, depois dos italianos e portugueses, estão os espanhóis, cuja trajetória singular nos permite abordar duas importantes dimensões de nosso complexo processo migratório. A primeira diz respeito a não considerar o “imigrante estrangeiro” como uma categoria indiferenciada: diferentes nacionalidades e correntes migratórias, tiveram diferentes trajetórias aqui no Brasil. A segunda dimensão consiste na incorporação em nosso debate do não-conformismo, oposição, militância, resistência e luta desses grupos de trabalhadores – caso dos imigrantes espanhóis – frente a marginalização e opressão encontrada no novo país. Intensificando a sociabilidade por meio de agremiações, associações recreativas, sociedades de ajuda mútua, festas, jornais, teatro dramático, círculos de conferências, os imigrantes espanhóis contornaram a marginalização à que foram submetidos, se inserindo e compondo um importante grupo étnico/cultural na formação da Paulicéia. 

 

Com Danielle Franco da Rocha, Eribelto Peres Castilho, Edimilsom Peres Castilho 

 

Presença de violonistas espanhóis em São Paulo no século XIX. 

A historiografia paulista aponta que os italianos e seus descendentes foram os pioneiros do violão na cidade, movimento que teria ocorrido no início do século XX, violonistas como Américo Jacomino, o célebre Canhoto e construtores como Tranquilo Giannini, Romeo Di Giorgio e Angelo Del Vecchio. Ocorre que periódicos do século XIX, revelam a presença de violonistas e construtores na cidade, sobretudo os valencianos. Visa-se apresentar alguns dos vestígios desta atuação e abordar a trajetória de Praxedes Gil-Orozco Bastidas, que fixou residência na capital paulistana durante dezessete anos (1890–1907), tendo sido fundamental não somente para o desenvolvimento do violão na cidade, mas também na rede de sociabilidades ligada aos imigrantes espanhóis na cidade. 

 

Com Flavia Prando 

 

23/03 - Peculiaridades dos imigrantes espanhóis: da Andalucia ao bairro do Brás em São Paulo. 

O Bairro do Brás se diferencia do povoamento da cidade de São Paulo no decorrer do final do século XIX e princípio do XX. O Brás tem sua origem na rota terrestre que unia a Vila de São Paulo ao Rio de Janeiro, passando pelo povoado da Penha de França, percurso conhecido como Caminho da Penha. O desenvolvimento do bairro foi lento até que a economia cafeeira se expandiu por terras do interior paulista, acarretando o crescimento da cidade e a construção da ferrovia The São Paulo Railway. O Brás foi presenteado com uma estação, consequentemente, recebeu uma porteira fechando o caminho que o ligava ao centro da cidade, na passagem dos trens, mas possibilitou o desenvolvimento industrial do bairro e arredores e tornou-se atrativo para os imigrantes ibéricos e mediterrâneos que buscavam trabalho do outro lado do Atlântico. Os espanhóis, em geral, procediam da Galícia e da Andalucia, desta última, principalmente das províncias de Granada, Málaga e Almeria portando saberes da região de origem e uma cultura que os diferenciavam. Os que se dirigiram para a região das fazendas de café, sonhavam em morar no Brás, outros logo conseguiam trabalho ao desembarcarem na Estação do Brás, nas indústrias que necessitavam de mão de obra. Este estudo prioriza imigrantes andaluzes, procedentes de Granada e Málaga, muitas vezes tendo uma passagem pelos campos da Argentina. 

 

Com Arlete Assunção Monteiro 

 

A Cozinha Étnica Espanhola em São Paulo: Identidade e Memória  

Busca-se analisar a cozinha espanhola sob a perspectiva Histórico-Cultural, as representações e costumes alimentares reproduzidos na cidade de São Paulo, por seus imigrantes. São Paulo foi uma cidade receptora de migrantes e imigrantes, em vários períodos da história, tornando-se a mais plural do país levando-se em conta a mescla de culturas estabelecida como um mosaico de múltiplas representações, costumes e tradições. Ao mudar de cidade ou país os i/migrantes carregam consigo sua bagagem cultural, suas práticas, seu idioma e hábitos alimentares que são socializados entre eles e os moradores locais. Para eles a alimentação contém significados de identidade e memória, como um elo afetivo, basicamente por ser elaborada por mãos femininas, quase sempre maternas, que formaram o gosto na infância. Embora a cozinha espanhola não tenha sido marcante na cidade, pois a hegemonia pertence a italiana, ela é mantida em restaurantes de cozinha étnica, nas associações regionais espanholas e em famílias quando se encontram para saborear os pratos da cozinha de afeto.  

 

Com Dolores M. Rodriguez Corner 

 

30/03 - O fazer a América e as contribuições da cultura imigratória espanhola em São Paulo. 

Apresentar os espanhóis no processo da imigração, como uma razão política e jurídica, mas sobretudo as contribuições culturais que emolduraram o cenário da cidade de São Paulo com os respingos de uma longa tradição que passou a ser nova parceria, religiosa, literária, artística, musical e arquitetônica trazida nas bagagens com todo o carinho de quem deseja melhorar suas condições econômicas, mas também adaptar-se a um novo modelo de vida. Começar compartilhando em um novo território.? 


 

Com Yvone Dias Avelino

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Obs: O participante precisa ter celular e computador e conhecer os princípios básicos para uso desses equipamentos. Após a conclusão da sua inscrição on-line na atividade e/ ou curso, você receberá por e-mail um link de acesso à Plataforma Zoom, onde será realizada a atividade e/ou curso, com até 1 (um) dia de antecedência da data de início. O acesso também poderá ser realizado através do web navegador de sua preferência.

 

Os encontros em ambiente on-line não são gravados, não sendo disponibilizados seus registros para posterior visualização.

 

As inscrições podem ser feitas a partir das 14h do dia 26/1, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.

 

*Este curso será 100% Online. A declaração será enviada automaticamente em até 10 dias após a finalização da atividade e caso isso não ocorra, você poderá solicitar pelo e-mail: declaracao.cpf@sescsp.org.br

 

*Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, faça a solicitação pelo e-mail centrodepesquisa.cpf@sescsp.org.br, justamente após a conclusão e efetivação do pagamento de sua inscrição, e com pelo menos 48 horas de antecedência do início da atividade.

 

(Arte: Walter Cruz)

Palestrantes

José de Souza Martins

José de Souza Martins

Sociólogo pela USP. É professor titular aposentado de Sociologia e Professor Emérito na USP. É membro da Academia Paulista de Letras. Tem 41 livros publicados. Há mais de 40 anos inaugurou aulas pelos cemitérios de São Paulo.
(Foto: German Lorca)

Danielle Franco da Rocha

Danielle Franco da Rocha

Doutora em História Social, mestra em Ciências Sociais e bacharel em Ciências Econômicas pela PUC-SP. Pesquisadora/Professora do Instituto Bixiga de Pesquisa, Formação e Cultura Popular.
(Foto: Edimilsom P. Castilho)

Edimilsom Peres Castilho

Edimilsom Peres Castilho

Doutor e mestre em História Social pela PUC-SP. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFU. Professor e Pesquisador do Instituto Bixiga. Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Ibirapuera (UNIBI). Professor de Especialização em História, Sociedade e Cultura da PUC-SP e do Curso de Especialização em Arquitetura e Urbanismo do SENAC-SP.
(Foto: Acervo Pessoal)

 

Eribelto Peres Castilho

Eribelto Peres Castilho

Doutor e mestre em História Social pela PUC-SP. Graduado em Direito pela PUC-SP. Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela FFLCH/USP.
(Foto: Acervo Pessoal)

Dolores Martin Rodriguez Corner

Dolores Martin Rodriguez Corner

Pós-doutorado em História Social pela UNIVERSO, em Niterói, 2014-2015. Doutora em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, junho 2011, “Da Fome a Gastronomia – Imigrantes Espanhóis em São Paulo”. Mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Turismo Ambiental e Cultural: Planejamento e Gestão pelo Centro Universitário Ibero Americano, 2002. Pesquisadora das áreas de História, Imigração e e Gastronomia Espanhola do NEHSC – Núcleo de Estudos de História Social da Cidade da PUC-SP. Pesquisadora do LEER - Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação, do Departamento de História da FFLC/USP junto ao Núcleo de Estudos Populacionais, Linha de Pesquisa Etnicidade.  (Foto: Acervo Pessoal)

Arlete Assumpção Monteiro

Arlete Assumpção Monteiro

Dra. em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Profa. Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-Doutorado Universidad de Salamanca, Instituto de Ibéro-América (2018). Pós-Doutorado Universidad Pablo de Olavide, História da América Latina, Sevilha, Espanha (2010). Profa. Visitante Universidad Pablo de Olavide, Sevilha, Espanha (2003-2014). Líder do Grupo de Pesquisa “Arte, Educação e Sociedade”, credenciado no CNPq.  Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Livro publicado em Portugal, comemoração aos “500 Anos da Descoberta do Brasil”. Prêmio Estudo da Cultura Portuguesa no Brasil, IX Bienal do Livro de São Paulo, 1989. (Foto: Acervo Pessoal)

 

Yvone Dias Avelino

Yvone Dias Avelino

Graduação em História, Mestrado em História Social e Doutorado em História Econômica, todas estas titulações pela Universidade de São Paulo - USP, além de um Pós-Doutorado em História pela PUC-SP. É Titular no Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde atua como docente desde 1971, atuando principalmente nos seguintes temas: Cidade, Cultura, História, Memória, Literatura e América Latina. Coordena o Núcleo de Estudos de História Social da Cidade - NEHSC - da PUC-SP, existente há mais de 20 anos. É editora da Revista Cordis - Revista Eletrônica de História Social da Cidade. (Foto: Acervo Pessoal)

Data

09/03/2022 a 30/03/2022

Dias e Horários

Quartas, das 19h às 21h

Curso On-Line

Inscrições a partir das 14h do dia 23/2, até o dia 06/3.

Enquanto houver vagas.

Local

Plataforma Zoom

Valores

Grátis