Atividades

As experiências que definiram o perfil da produção cinematográfica no Brasil

História do Cinema Brasileiro

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Programa

O curso consistirá em aulas expositivas e análises de filmes, destacando as experiências que definiram o perfil da produção cinematográfica no Brasil em seu percurso dos anos 1920 ao século XXI.

Apresenta tópicos transversais que abordam aspectos específicos deste percurso histórico, destacando a sua filmografia, seu desenvolvimento cultural e econômico e seus principais protagonistas.

Trata-se de uma parceria com a Sociedade Amigos da Cinemateca, com a coordenação de Roberto Moreira Cruz e a supervisão de Ismail Xavier.

5/8 - Entre o artesanato e a indústria: o cinema de ficção no Brasil (1920-1949)
Esta aula tratará de forma panorâmica as diversas tentativas de se produzir cinema de ficção no Brasil entre 1920 e 1949 tendo Hollywood como referência estética e/ou de modo de produção. No contexto do período silencioso serão abordadas as atividades do diretor José Medina e do produtor Almada Fagundes, bem como das produtoras ApaFilm e Aurora Film. Após o advento do som serão destacadas a Cinédia, de Adhemar Gonzaga, e a Sonofilm, de Alberto Byington Jr., produtoras que de maneiras diferentes enfrentaram o desafio de tentar produzir cinema de forma industrial. Também serão analisados os primeiros anos de atividade da Atlântida, empresa fundada em 1941 por Moacyr Fenelon, José Carlos Burle, Alinor Azevedo e Edgar Brasil, cuja experiência foi inovadora para o cinema brasileiro de então.
Com Arthur Autran.

6/8 - A trajetória de Luiz de Barros: Relações do cinema com outras mídias e práticas culturais
A aula irá abordar as relações intermidiáticas entre cinema e outras mídias e práticas culturais, por meio das atividades realizadas pelo diretor, produtor e cenógrafo Luiz de Barros, entre as décadas de 1910 e 1940. Entre os tópicos a serem discutidos, estão as relações estabelecidas em seus filmes com elementos teatrais, em particular com o teatro de revista; as experiências de Barros com espetáculos de palco, muitos deles em estreita conexão com o cinema, como os prólogos cinematográficos encenados antes da projeção de filmes; os primeiros filmes sonoros, levando para o cinema artistas de sucesso nos palcos; e as adaptações de textos teatrais e filmes musicais realizados para a Cinédia, nos anos 1930-40.
Com Luciana Corrêa de Araújo.

12/8 - O documentário brasileiro no período silencioso
A aula é dedicada ao panorama da produção documental brasileira durante o período silencioso, ressaltando o estilo dos filmes e a trajetória dos cineastas envolvidos. Os naturais, como eram chamados os documentários nessa época, serão analisados a partir do contexto de produção, da recepção dos críticos, da perspectiva estética e de suas possibilidades educativas. A aula aborda o papel desempenhado pela produção institucional e suas associações com o poder, fechando um ciclo econômico fundamentado em torno de necessidades educativas, com as quais o cinema era visto no período. A fortuna crítica aos naturais possibilita também avaliar como o meio cinematográfico repensava as representações do Brasil para o mercado exibidor. O panorama traçado na aula realça o conteúdo dos filmes e suas recorrências formais em torno das representações do espaço urbano e do interior do Brasil.
Com Margarida Maria Adamatti.

13/8 - O trabalho da mulher no cinema brasileiro (1920-40)
A aula irá tratar das atividades profissionais exercidas pelas mulheres no cinema brasileiro, abrangendo desde o período silencioso até a década de 1940. Além de analisar a representação do trabalho da mulher nos filmes silenciosos, em tensionamento com os modelos mais tradicionais que regulavam o comportamento feminino, serão destacadas as atividades exercidas pelas mulheres no meio cinematográfico, seja como atrizes, seja em trabalhos por trás das câmeras, a exemplo das atrizes e diretoras Carmen Santos, Cléo de Verberena e Gilda de Abreu.
Com Luciana Corrêa de Araújo.

19/8 - Cultura Cinematográfica e Vanguarda (1920-1949)
Esta aula será dedicada às primeiras manifestações de reflexão sobre o cinema no Brasil. No período de 1920 a 1930 serão destacadas as revistas Cineartee A Scena Muda, ambas voltadas para o grande público; bem como o periódico O Fan – órgão do primeiro cineclube brasileiro, o Chaplin Club –, cujos críticos desenvolveram denso pensamento a respeito do fenômeno cinematográfico. A aula também versará sobre o ressurgimento do cineclubismo nos anos 1940, com destaque para o Clube de Cinema de São Paulo e a Filmoteca do MAM – embriões da futura Cinemateca Brasileira -, bem como a atuação no campo da críticados jovens Paulo Emílio Salles Gomes, Almeida Salles, Moniz Vianna e Alex Viany. Finalmente, será apresentado o filme Limite (1931), de Mário Peixoto, obra prima da cinematografia brasileira que se destaca no  contexto de então pela sua ousadia estética ímpar.
Com Arthur Autran.

20/8 - Humberto Mauro: entre o cinema educativo e os filmes de ficção
A obra de Humberto Mauro é composta por uma vastíssima produção documental e ficcional. O cineasta mineiro foi eleito por Glauber Rocha como uma espécie de precursor do Cinema Novo pelo lirismo de seus filmes do período silencioso. A aula observa as continuidades da produção de Mauro entre as décadas de vinte a quarenta, com o início em Cataguases, passando pela Cinédia de Adhemar Gonzaga, pela Brasil Vita Filmes de Carmem Santos, até sua extensa participação como diretor-técnicodos filmes educativos realizados pelo Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). A análise da produção documental se concentrará no longa-metragem de 1937, Descobrimento do Brasil, produzido pelo Instituto de Cacau da Bahia. Entre as obras ficcionais, o destaque recai sobre os primeiros filmes de Cataguases, sobre Ganga Bruta (1933) da Cinédia, e Argila (1940) da Brasil Vita Filmes.
Com Margarida Maria Adamatti.

26/8 - Cinema Paulista nos Anos 1950: os Grandes Estúdios e Outras  Formas de produção
A aula abordará a efervescência cultural e artística da cidade de São Paulo após 1945 e o papel da burguesia paulista no financiamento dessas atividades, com destaque para o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e o seu papel na modernização da dramaturgia no Brasil. Em relação à atividade cinematográfica serão tratadas as experiências dos grandes estúdios que surgem nos anos 1950: Companhia Cinematográfica Vera Cruz: a fábrica de sonhos; Cinematográfica Maristela: a sombra da outra; Multifilmes: outro sonho interrompido. Também será analisado o chamado "Cinema Independente", ou seja, os pequenos e médios produtores e a conseqüente multiplicação de gêneros cinematográficos.
Com Afrânio Mendes Catani.

27/8 - A Chanchada nos Anos 1950
Ementa: A aula fará uma exposição sobre a chanchada buscando inicialmente definir o gênero. Será abordada com destaque a experiência da Atlântida em suas diferentes fases, esta empresa promoveu a consolidação de um cinema de gênero no Brasil, bem como em termos de mercado empreendeu a integração entre produção, distribuição e exibição.Também serão tratadas as outras produtoras de chanchadas, tais como a Herbert Richers, além de destacar quais os principais diretores e o Star System do gênero. O último tópico examinado tem relação com o Cinema Independente no Rio de Janeiro nos anos 1950.
Com Afrânio Mendes Catani.

2/9 - Cinema Novo I, pré-64: rumo à Revolução
No começo dos anos 60, o Brasil se politizava em todas as áreas, e no campo do cinema isso resultou numa versão particular do cinema de autor. A proposta cinemanovista era a de uma modernidade estética anti-imperialista, rebelada em termos de linguagem e de esquemas de produção, buscando uma violência simbólica – uma “estética da fome” – afinada à revolta popular. Nos termos do Cinema Novo pré-Golpe, ser autor era ser revolucionário.
Com Leandro Saraiva.

3/9 - Cinema Novo II, pós-64: o trabalho de luto
Com o Golpe, as esperanças revolucionárias mostraram-se um castelo de cartas. Os militares apoiavam-se num conservadorismo de massas e num projeto de modernização excludente e subordinada aos interesses do centros capitalistas mundiais. O Cinema Novo tomou para si a tarefa árdua de digerir a derrota, internalizando a crise em sua exploração de formas estéticas tensionadas, anti-ufanistas.
Com Leandro Saraiva.

9/9 - 1a. Parte: Experimentações do cinema moderno nos anos de chumbo (1967-74)
Se Terra em Transe ofereceu a resposta mais vigorosa do cinema brasileiro moderno ao golpe de 1964, um leque variado de propostas a desdobrou ou coexistiu com ela entre 1967 e 1974. Esta aula examinará filmes representativos do período de diretores como Julio Bressane, Rogério Sganzerla, Andrea Tonacci, Arthur Omar, entre outros.
Com Mateus Araújo.

10/9 – 2a. Parte: Experimentações do cinema moderno nos anos de chumbo (1967-74)
Examinará um conjunto paralelo de filmes que também reagiam a seu modo aos
processos históricos em curso no Brasil do período, investindo na experimentação radical e associando-a com freqüência à confrontação política com o regime. Entre estes, filmes como: Viagem ao fim do mundo (F. Coni Campos, 1968), O Bandido da Luz Vermelha (R. Sganzerla, 1968), Jardim de Guerra (N. de Almeida, 1968-70), O Jardim das Espumas (Luiz Rosemberg Filho, 1970) e Cuidado Madame (J. Bressane, 1970).
Com Mateus Araújo.

16/9 - 1a. Parte – A Embrafilme co-produtora e distribuidora: o perfil temático e estético do cinema nos anos 1970 - 1980 (I)
As formas de marginalidade ou de inserção do Cinema Novo e de outras vertentes na política estatal da Embrafilme. O incentivo aos filmes históricos e às adaptações literárias, suas polaridades exemplares: Os inconfidentes/Independência ou Morte e São Bernardo/Dona Flor e seus dois maridos. O diagnóstico do presente: Iracema, Lúcio Flávio- o passageiro da agonia e Bye bye Brasil. O outro lado da moeda: a comédia erótica e seu público.
Com Ismail Xavier.

17/9 – 2a. Parte - O período da Embrafilme co-produtora e distribuidora: o perfil temático e estético do cinema ao longo dos anos 1970 – 1980. (II)
O perfil múltiplo de um tema recorrente: a crítica da família patriarcal. A tensão entre a inovação estética e o sucesso no mercado exibidor. A proposta de um novo Cinema
Popular: O amuleto de Ogum. A diversidade temática e de estilo nos filmes das gerações emergentes no período. A vez do documentário: as greves do ABC e a memória camponesa. A crônica do ocaso do regime militar e o cinema da Nova República antes do colapso da produção em 1990: uma crise paradoxal?
Com Ismail Xavier.

23/9 – Cinema da Retomada
Com a extinção da Embrafilme em 1990, o meio cinematográfico brasileiro se viu numa crise sem precedentes. A resposta ao cenário de terra arrasada vem por meio da criação, de uma legislação de apoio à produção audiovisual. De 1995 até o final da década, é notório o crescimento do número de filmes brasileiros em circuito comercial, assim como o maior eco que essa produção consegue encontrar na mídia, se comparado com o período imediatamente anterior.
Com Luiz Carlos Oliveira Jr.

24/9 - Cenário Atual
A partir da segunda metade dos anos 2000, é evidente uma mudança de contexto. Diversifica-se (social e culturalmente) o ambiente cinematográfico no Brasil. A revolução digital (com o que implica de barateamento de custos e “democratização” dos meios) finalmente rende frutos significativos na cinematografia nacional, permitindo que pessoas fora do eixo sul-sudeste e do quadro tradicionalmente elitizado das artes possam realizar, com baixíssimo orçamento.
Com Luiz Carlos Oliveira Jr.

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600

(Fotogramas Limite, Mário Peixoto - Cinemateca Brasileira)

Palestrantes

Arthur Autran

Arthur Autran

Professor associado no Departamento de Artes e Comunicação da UFSCAR. É membro do conselho da Cinemateca Brasileira e do Conselho Deliberativo da Sociedade Amigos da Cinemateca.
(Foto: Acervo Pessoal)

Leandro Saraiva

Leandro Saraiva

Doutor em Cinema pela ECA/USP. Foi roteirista das séries Cidade dos Homens (Globo/02) e 9mm (Fox/Mooshot). Atualmente é coordenador de dramaturgia da produtora Acere F.C. e do Núcleo de Dramaturgia Cinematográfica do SESI-PR.
(Foto: Acervo Pessoal)

Luciana Corrêa de Araújo

Luciana Corrêa de Araújo

Doutora em Cinema pela ECA/USP. Realizou Pós-Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Multimeios, da Universidade de Campinas (2001-2005). Atualmente é professora adjunta da UFSCAR.
(Foto: Acervo Pessoal)

Luiz Carlos Oliveira Jr.

Luiz Carlos Oliveira Jr.

Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela  ECA-USP. É crítico de cinema, curador e publicou A mise en scène no cinema: do clássico ao cinema de fluxo (Papirus, 2013).
(Foto: Acervo Pessoal)

Mateus Araújo

Mateus Araújo

Professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Universidade de São Paulo.
(Foto: Acervo Pessoal)

Ismail Xavier

Ismail Xavier

Pesquisador, crítico e professor de cinema. Professor associado da Universidade de São Paulo, publicou diversos livros e artigos que são referência na área de cinema no Brasil e internacionalmente.
(Foto: Acervo Pessoal)

Afrânio Mendes Catani

Afrânio Mendes Catani

Professor Titular na Faculdade de Educação da USP. Mestre, Doutor e Livre Docente em Sociologia. Escreveu, dentre outros, "A chanchada no cinema brasileiro" (com J. I. Melo Sousa). Pesquisador do CNPq.
(Foto: Acervo Pessoal)

Margarida Maria Adamatti

Margarida Maria Adamatti

Doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela USP. Pesquisadora de Pós-Doutorado na UFSCar (PNPD/CAPES), onde é professora do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som. Autora do livro Crítica de cinema e repressão (Alameda, 2019).
(Foto: Acervo Pessoal)

Data

05/08/2019 a 24/09/2019

Dias e Horários

Segundas e Terças, 19h às 21h30.

As inscrições podem ser feitas a partir de 25 de julho, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

Valores

R$ 24,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 40,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 80,00 - inteira