O discurso hegemônico da modernidade e o lugar da mulher na política
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Programa
A atual organização política e social do Ocidente tem suas bases no discurso hegemônico da modernidade, que está fundado em duas crenças principais: a razão levará ao progresso; os indivíduos são naturalmente livres e dotados de direitos. Tendo como pano de fundo a Revolução Francesa, o surgimento da burguesia e da sua moral, os incipientes Estados modernos foram pensados, constituídos e justificados com base em princípios determinados sobre a natureza humana e a sociedade. Os homens, por serem livres, iguais e racionais só deveriam aceitar a submissão diante da garantia dos direitos à vida, à propriedade ou a execução do bem comum. As mulheres, por terem natureza antinômica à razão, deveriam atuar na esfera privada.
Revisitar esse pensamento, contestado desde o princípio (visto que o feminismo é um filho indesejado da Revolução Francesa), ajuda a compreender as origens dos atuais estereótipos de gênero e a tentar reverter uma cultura política desigual, quando o relativo êxito dos mecanismos institucionais (implementação de cotas dentro dos partidos e nas listas eleitorais, reservas de vagas nos parlamentos etc.) mostra que eles são insuficientes.
Nesse sentido, o curso pretende: debater a noção de indivíduo nas teorias do contrato social, problematizando suas considerações e apontando críticas escritas por autoras; apresentar propostas contemporâneas de neocontratualismo e refundação do espaço público; refletir sobre a metamorfose da noção de indivíduo na teoria política e social, conjugando-as com as disputas práticas que colaboram para ampliar as noções de Estado e democracia.
Programa
10/7 - Estado moderno e liberalismo
A emergência do indivíduo e a crença no progresso. Os contratos sociais de Hobbes, Locke e Rousseau: os direitos individuais. A ideia de Estado, fundada entre os binômios da igualdade e da liberdade. A crítica de Mary Wollstonecraft.
11/7 - O neocontratualismo
A constituição das mulheres como agentes políticas e democráticas. O indivíduo no neocontratualismo: a razão abrange as mulheres. Explicação da ideia de justiça de John Rawls: posição original; véu da ignorância; desigualdade permitida. Refundação do espaço público como resgaste das ideias utópicas da modernidade: a colaboração de Habermas.
12/7 - O problema da democracia liberal: a ausência da mulher nos contratos
O contrato sexual como parte do contrato social: a crítica de Carole Pateman. O contraponto de Irys Young a Habermas. Dinâmica de revisão.
13/7 - Multiculturalismo e a reivindicação do indivíduo como ser social
A política de reconhecimento de Charles Taylor. A democracia agonística de Chantal Mouffe: ampliação de direitos e identidades. O indivíduo condicionado por distintos lugares de fala.
14/7 - O lugar da mulher na política
Revisão: Qual o problema com a democracia liberal? (Anne Phillips). Interseção entre gênero, classe, raça. Representação descritiva, política de presença, perspectiva.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
Condições especiais de atendimento, como tradução em libras, devem ser informadas por email ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade.
centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600
Palestrantes

Joyce Martins
Professora substituta do Departamento de Sociologia da UFSCar e professora de Ciência Política da FESPSP. Doutora em Ciência Política pela UFGRS, com pós-doutorado na área pela PUC/SP. É autora do livro “O novo jogo eleitoral brasileiro: PT e PSDB na democracia de público”.
(Foto: Acervo Pessoal)
Data
10/07/2018 a 14/07/2018
Dias e Horários
Terça a Sábado, 10h às 13h.
As inscrições podem ser feitas a partir de 27 de junho às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.