O papel da Embrafilme nos anos de chumbo
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Com o golpe de 1964, os militares, articulados com diversos segmentos da sociedade civil, iniciam um movimento de reorganização do Estado brasileiro, que partia de princípios de centralização político-administrativa e de um projeto de institucionalização cultural que tivesse uma abrangência nacional.
Em 1966, fez-se presente uma ação mais efetiva do Estado no campo cinematográfico, com a criação do então Instituto Nacional de Cinema (INC), um órgão voltado para o desenvolvimento de políticas para o cinema brasileiro, fomento aos filmes de longa-metragem nacionais e fiscalização da atividade. Esse trabalho tem continuidade e é ampliado com o surgimento, em 1969, em plena vigência do AI-5, da Empresa Brasileira de Filmes S/A, que estabelece um termo de cooperação com o INC no intuito de desenvolver atribuições específicas de promoção e de distribuição de filmes brasileiros no exterior.
Havia, porém, uma preocupação por parte dos militares que conduziam o golpe com o sucesso do Cinema Novo e a ideologia de esquerda, presente nas suas obras. Cientes do potencial que o cinema tinha em difundir ideologias, o controle sobre a atividade cinematográfica logo foi adotado pelo regime.
No início dos anos 1970, o governo Médici (1969-1973) destina uma maior atenção ao setor cultural, estreitando sua relação com os setores cinematográficos. Com essa aproximação, a classe cinematográfica consegue obter alguns avanços para a área, especialmente a reserva de mercado para o cinema nacional, que também atendia ao projeto nacionalista do regime.
No governo Geisel (1974-1979), o cinema nacional consegue grandes avanços com a indicação do cineasta e produtor Roberto Farias para a direção geral da Embrafilme. Farias, que contou com total apoio da classe cinematográfica, imprimiu uma nova forma de administrar a atividade cinematográfica, ampliando o controle e a intervenção estatal desta atividade, além de incentivar a valorização da cultura e da identidade nacional, que também era um dos objetivos dos militares.
Apesar de o governo Geisel ser um momento de grande tensão política-institucional, é um período de maior relevância nas relações entre Estado e Cinema. Entre 1974-1979, através da Embrafilme, o cinema nacional recebeu grandes aportes financeiros destinados a estimular a produção e distribuição de filmes, resultando em um aumento da participação do cinema brasileiro nas salas de cinema, tradicionalmente dominadas pelo cinema norte-americano.
Portanto, é o objetivo desta aula esclarecer que, a despeito das inúmeras dificuldades que ainda existam na produção audiovisual nacional e das amarras impostas pelo regime ditatorial, é fundamental registrar que uma empresa estatal tenha conseguido manter caminhos abertos para a produção cinematográfica brasileira.
*Esta palestra integra o ciclo de debates ¨Cultura e Ditadura Militar¨, composto por encontros independentes que acontece em abril.
As inscrições podem ser feitas a partir de 25 de março, às 14h, pela Internet ou nas unidades do Sesc em São Paulo.
Em 1966, fez-se presente uma ação mais efetiva do Estado no campo cinematográfico, com a criação do então Instituto Nacional de Cinema (INC), um órgão voltado para o desenvolvimento de políticas para o cinema brasileiro, fomento aos filmes de longa-metragem nacionais e fiscalização da atividade. Esse trabalho tem continuidade e é ampliado com o surgimento, em 1969, em plena vigência do AI-5, da Empresa Brasileira de Filmes S/A, que estabelece um termo de cooperação com o INC no intuito de desenvolver atribuições específicas de promoção e de distribuição de filmes brasileiros no exterior.
Havia, porém, uma preocupação por parte dos militares que conduziam o golpe com o sucesso do Cinema Novo e a ideologia de esquerda, presente nas suas obras. Cientes do potencial que o cinema tinha em difundir ideologias, o controle sobre a atividade cinematográfica logo foi adotado pelo regime.
No início dos anos 1970, o governo Médici (1969-1973) destina uma maior atenção ao setor cultural, estreitando sua relação com os setores cinematográficos. Com essa aproximação, a classe cinematográfica consegue obter alguns avanços para a área, especialmente a reserva de mercado para o cinema nacional, que também atendia ao projeto nacionalista do regime.
No governo Geisel (1974-1979), o cinema nacional consegue grandes avanços com a indicação do cineasta e produtor Roberto Farias para a direção geral da Embrafilme. Farias, que contou com total apoio da classe cinematográfica, imprimiu uma nova forma de administrar a atividade cinematográfica, ampliando o controle e a intervenção estatal desta atividade, além de incentivar a valorização da cultura e da identidade nacional, que também era um dos objetivos dos militares.
Apesar de o governo Geisel ser um momento de grande tensão política-institucional, é um período de maior relevância nas relações entre Estado e Cinema. Entre 1974-1979, através da Embrafilme, o cinema nacional recebeu grandes aportes financeiros destinados a estimular a produção e distribuição de filmes, resultando em um aumento da participação do cinema brasileiro nas salas de cinema, tradicionalmente dominadas pelo cinema norte-americano.
Portanto, é o objetivo desta aula esclarecer que, a despeito das inúmeras dificuldades que ainda existam na produção audiovisual nacional e das amarras impostas pelo regime ditatorial, é fundamental registrar que uma empresa estatal tenha conseguido manter caminhos abertos para a produção cinematográfica brasileira.
*Esta palestra integra o ciclo de debates ¨Cultura e Ditadura Militar¨, composto por encontros independentes que acontece em abril.
As inscrições podem ser feitas a partir de 25 de março, às 14h, pela Internet ou nas unidades do Sesc em São Paulo.
Palestrantes
Bruno Hingst
Pesquisador e professor universitário, doutor em comunicação pela Universidade de São Paulo, com formação acadêmica em Cinema, Rádio e TV pela Fundação Armando Álvares Penteado.
Bibliografia
AMANCIO, Tunico. Artes e manhas da Embrafilme: Cinema estatal brasileiro em sua época de ouro (1977-1981). Niterói: EdUFF, 2000.
BERNARDET, Jean-Claude. Piranhas no mar de rosas. São Paulo: Nobel, 1982.
FICO, Carlos; ARAUJO, Maria Paula (Orgs.). 1968, 40 anos depois: História e memória. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009.
GATTI, André Piero. Cinema brasileiro ritmo de indústria (1969-1990). São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1999.
____. Embrafilme e o cinema brasileiro [recurso eletrônico]. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 2007. (Cadernos de Pesquisa, 6).
____. O consumo e o comércio cinematográficos no Brasil vistos através da distribuição de filmes nacionais: Empresas distribuidoras e filmes de longa-metragem (1966-1990). 1999. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo. São Paulo. 1999.
HINGST, Bruno. Roberto Farias: Uma perspectiva mercadológica positiva para o cinema brasileiro. 2001. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. São Paulo, 2001. Disponível em: <http://pergamum.casperlibero.edu.br/pergamum/biblioteca/index.php?resolution2=1024_1>
____. Projeto ideológico cultural no regime militar: O caso da Embrafilme e os filmes históricos / Adaptações de obras literárias. 2013. Tese (Doutorado) – Escola de Comunicação e Artes. Universidade de São Paulo. 2013. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27161/tde-23082013-092350/pt-br.php>
SILVA, Vanderli Maria da. A construção da política cultural no regime militar: Concepção, diretrizes e programas (1974-1978). 2001. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.
SIMÕES, Inimá. Roteiro da intolerância: A censura cinematográfica no Brasil. São Paulo: SENAC, 1999.
Revistas eletrônicas:
NAPOLITANO, Marcos. A arte engajada e seus públicos (1955/1968). In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, n. 28, 2001, p.103-124. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewFile/2141/1280
RIDENTI, Marcelo. Intelectuais e artistas brasileiros nos anos 1960/70: “entre a pena e o fuzil”. In: Revista ArtCultura, Uberlândia, n. 14, jan.-jun. 2007, v.9, p.185-195.Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/artcultura/article/view/1457/1304
Data
11/04/2014 a 11/04/2014
Dias e Horários
Sexta, 19h30 às 21h30.
Local
Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana
5º andar - Torre A
São Paulo/SP
Valores
R$ 6,00 - comerciários e dependentes
R$ 15,00 - usuários matriculados e dependentes, aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 30,00 - inteira
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