O pensamento social de Florestan Fernandes

Considerado pai da Sociologia Crítica no Brasil, Florestan Fernandes (1920-1995) deu grande contribuição para a interpretação da realidade política e social do Brasil. Seus estudos se debruçaram sobre os antagonismos e disparidades presentes na sociedade brasileira como questões de classe e raça. No ano em que se completa 20 anos de sua morte, quatro palestras abordam diferentes aspectos de sua vida e obra.

 

Florestan Fernandes reivindicou a sua origem humana e a vivência social no universo da pobreza urbana, na cidade de São Paulo, na primeira metade do século XX. A evocação merece ser compreendida para além do registro biográfico e da autoconstrução de identidade individual, social e política. Os significados desta rememoração insistente serão abordados em busca de sentidos de fatos e da memória espontânea ou construída.

 

Com Paulo Henrique Martinez.

 

Centrado na obra de Florestan Fernandes, a palestra tratará das relações entre a constituição da sociologia acadêmica no Brasil, a formação da moderna sociedade capitalista e o movimento modernista. A articulação proposta permite revelar como os caminhos da reflexão sociológica - suas propostas e seus dilemas - podem ser entendidos à luz dos impasses da sociedade moderna brasileira.

 

Com Maria Arminda do Nascimento Arruda. 

 

Em 1958, um grupo de professores e alunos da Universidade de São Paulo começou a ler O Capital de Karl Marx, capitaneados por José Arthur Giannotti. Florestan Fernandes não foi convidado para esta iniciativa e a reprovava parcialmente.  Entrementes, o grupo se constituiu mimetizando a forma de organização coletiva do trabalho por ele inaugurada e rente aos temas de seu domínio – dando origem, não obstante, a uma leitura particular e diversa da realizada por Florestan, no que tange a Marx. Frequentaram as reuniões deste grupo, com diferentes graus de assiduidade: Bento Prado Jr., Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni, Fernando Novais, Roberto Schwarz, Paul Singer, Sebastião Advíncula da Cunha e Juarez Rubens Brandão Lopes – entre outros.  A interdependência entre concorrência e colaboração intelectual caracteriza a relação destes jovens leitores com Florestan.

 

Com Lidiane S. Rodrigues. 

 

O livro A Integração do Negro na Sociedade de Classes é um marco nos estudos sobre o racismo e a formação da moderna sociedade brasileira. Neste trabalho que constitui sua tese de livre docência Florestan Fernandes fundamentou a crítica científica ao mito da democracia racial, realizou um estudo significativo da importância dos movimentos negros, estabeleceu hipóteses sobre a relação entre o desenvolvimento do capitalismo e o racismo, além de lançar a problemática de que a revolução burguesa no Brasil só seria plenamente interpretada caso os cientistas observassem os limites à integração social da população negra no pós-abolição. Nesta conferência apresentarei parte do acervo pessoal do autor, isto é, a coleta empírica que balizou sua interpretação em seu livro clássico.

 

Com Matheus Gato de Jesus.