Psicanálise, religião, política e arte
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Programa
16 e 17/10 - Freud e a Cultura
Freud considerou como fenômeno social que toda experiência subjetiva implica, necessariamente, a referência do sujeito ao outro (pais, irmãos, colegas, pessoa amada, etc..) e à linguagem que o determina simbolicamente. No plano coletivo, a vida social apenas apresenta unidades cada vez mais amplas, sempre obedientes às mesmas leis que marcam o individual. Sob esse novo registro, ele estendeu toda sua teoria do inconsciente aos sintomas e mal-estar da coletividade humana.
A proposta do curso é apresentar as linhas mestres do pensamento freudiano sobre religião, política e a arte, fenômenos aos quais ele dedicou seus interesses ao ponto de, através de elaborações teóricas, reservar aqueles que praticam a psicanálise, o lugar de crítico da cultura que testemunha. Vivemos no futuro da obra de Freud. Uma teoria e prática que mantém vigência, na medida em que o sujeito do inconsciente está inserido na grande História independentemente qualquer que seja sua biografia, sua cultura e seu país. Nosso objetivo é expor a teoria freudiana da cultura mantendo no horizonte a possibilidade de refletir sobre sintomas coletivos e o retorno da barbárie nos tempos atuais.
23 e 24/10: A cultura e seus discursos
Se a psicanálise não é o único campo de saber a ocupar-se com a questão da verdade, ela todavia difere da religião e da política, que tomam a verdade como causa final, e até mesmo da ciência moderna, que a toma como causa meramente formal. Em contrapartida, aproxima-se da arte, na medida em que a ficção é o caminho pelo qual se chega à verdade do inconsciente. Herdeiros que somos da separação cartesiana entre o saber e a verdade, foi necessário o advento do discurso analítico, para que se voltasse a situar algum saber no lugar que todo discurso reserva à verdade.
Objetivamos demonstrar que a função de todo discurso é permitir o laço entre aqueles que ocupam o lugar de “o agente” e aqueles que nele se inscrevem no lugar de “o outro”, ao mesmo tempo em que visamos esclarecer o que diferencia um discurso dos demais. A ênfase no discurso do analista, por ser o único em que o lugar do “outro” é ocupado pelo sujeito, nos permitirá trabalhar o assim chamado “giro dos discursos”, demonstrando como toda mudança social é uma mudança discursiva, mas também como há sempre um certo gozo escondido em todo discurso e, consequentemente, em todo laço social.
(Foto prinicpal: wikipedia)
Palestrantes

Betty Bernardo Fucks
Psicanalista. Doutora em Comunicação e Cultura (ECO-UFRJ), Professora do Programa de Pós-graduação em Psicanálise, Saúde e Sociedade (UVA/RJ). Pesquisadora do CNPq e do Laboratório de Psicopatologia Fundamental. Autora de Freud e a Judeidade: a vocação do exílio (Zahar) e Freud e a Cultura (Zahar).

Vera Pollo
Mestre e doutora em Psicologia. Membro da Internacional dos Fóruns e da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano; professora Mestrado e Doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida-RJ. Trabalha no Setor de Psicanálise e Saúde Mental do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Data
16/10/2014 a 24/10/2014
Dias e Horários
Quintas e sextas, 19h30 às 21h30