Atividades

Os meios de comunicação por ondas eletromagnéticas em contextos de povos e coletividades indígenas e tradicionais

Rádio Livre: vizinhança, bem-viver e apropriação tecnológica

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Programa

A prática de rádio livre foi bastante difundida no Brasil entre os anos 1980 e a primeira década dos anos 2000. Na década seguinte, essa na qual nos encontramos, a adesão massiva a plataformas digitais baseadas na Internet e dependentes de serviços de acesso pagos, fez com que grande parte dos projetos então ativos, minguassem. Por outro lado, ao longo desse processo, a repressão do Estado não cessou, atingindo diretamente e causando o encerramento de projetos históricos.

Se as iniciativas brasileiras das primeiras décadas foram fortemente influenciadas pelo movimento europeu dos anos 1960 e 1970, influencia cuja principal marca são as visitas ao país realizadas pelo ativista e pensador Félix Guattari nos anos 1980, que preconizava a rádio livre como meio de expressão de vozes menores (aquelas dos grupos minoritários), nos anos 2000 as rádios livres brasileiras se apropriaram da internet, estabelecendo redes e rizomas em sintonia com as lutas anti-globalização.

A Internet ainda era um meio em construção que comportava relações de comunicação descentralizadas e o digital ao invés de substituir outras formas de comunicação e de linguagem foi mobilizado de maneira complementar: transmissão via FM e via streaming – o que possibilitou experiências de diálogo entre lugares (muitas vezes entre países diferentes) e dos chamados “arrastões” quando várias rádios de lugares diferentes retransmitiam uma mesma programação, a qual era produzida alternadamente por cada uma das rádios que transmitia.

Atualmente, diante da consolidação do acesso à Internet nas cidades, vemos a prática de rádio livre resurgir em contextos não-urbanos e associados a povos e coletividades indígenas e tradicionais, os quais a exploram não somente pela falta de conexão, mas por ser um meio baseado na oralidade. Diante disso, cabe também observar outras experiências que, mesmo não mencionando o conceito de rádio livre, praticam experiências diretas de apropriação do espectro eletromagnético em outras faixas que não o FM, como a de Ondas Curtas.

Neste ciclo, pretendemos processar algumas experiências de rádios livres realizadas em diferentes contextos diferentes – cidades, universidades, assentamentos, periferias, aldeias indígenas, etc. – visando entender como prática de comunicação, linguagem, gestão de infraestrutura tecnológica e ativação de vizinhanças se constituíram em torno deste conceito.

Diante disse, indagaremos o que podemos aprender com essas experiências e memórias para construir o bem-viver em um mundo cada vez mais dependente e refém de plataformas digitais baseadas na Internet que engendram relações de comunicação controladas por corporações, alinhadas a sistemas de vigilância, submetidas a uma propaganda cada vez mais segmentada e cujas estruturas os participantes, convertidos em usuárias, sequer podem saber como funcionam, quanto mais participar de sua gestão e construção.

Programa:
Dia 14/2 - 14h às 14h20
Provocação Inicial: Vizinhança, bem-viver e apropriação tecnológica
Apresentação dos conceitos cuja articulação informa a via proposta para pensarmos juntos sobre rádio livre e outras usos do espectro praticados por redes, comunidades e povos tradicionais.
Conferência de abertura: Chico Caminati (Presidente Prudente/SP).

Dia 14/2 - 14h30 às 16h30
Mesa 1 - Rádio Livre e Redes de Informação em zonas urbanas e não-urbanas.
Aboradará experiências contemporâneas e passadas de rádios livres e de redes de informação em Terreiros, Terras Indígenas, Quilombos e comunidades rurais e urbanas.
Debatedores: Beth de Oxum (Olinda/PE) e Bruna Zanoli (São Paulo/SP).
Mediação: Cassio Quitério (Campinas/SP).

Dia 14/2 - 17h às 19h
Mesa 2 - Prática de rádio livre e experimentos de linguagem: desdobramentos na Educação e no Direito.
Pensar a partir da prática de rádio livre a respeito do que ela comporta em termos de experimentação de linguagem tanto no caso da Educação quanto no do Direito à cidadania.
Debatedores: Guilherme Figueiredo (Tefé/AM) e Gustavo Torrezan (São Paulo/SP).
Mediação: Elisa Ximenes (São Paulo/SP).

Dia 15/2 - 14h às 16h
Mesa 3 – Ondas Curtas e Rádio Digital: outras práticas de apropriação do espectro e fronteiras para o desenvolvimento tecnológico
Abordará a experiência da Rede Fonias Juruá que opera radiofonia e transmissão digital de dados em Ondas Curtas e o panorama aberto para desenvolvimentos do rádio digital no Brasil.
Debatedores: Jacinta Moreira (Marechal Thaumaturgo/AC) e Luiza Cilente (Rio de Janeiro/ RJ).
Mediação: Chico Caminati (Presidente Prudente/SP).

Dia 15/2 - 16h30 às 18h30
Mesa 4 – Experiências de construção de vizinhanças e de intervenção no cotidiano por meio da prática de rádio.
Relato de uso do rádio não só como um veículo de disseminação de de informações preformatadas, mas meio para intervenção no cotidiano e construção de vizinhanças e do bem viver.
Debatedores: Ju Pagul (Brasília/DF) e Carlinhos Luz (Belém/PA).
Mediação: Paulo José Lara (São Paulo/SP).

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600

(Foto: Chico Caminati)

Palestrantes

Beth de Oxum

Beth de Oxum

Iyalorixá do Ylê Axé Oxum Karê e Coordenadora do Ponto de Cultura Coco de Umbigada e do LABCOCO - laboratório de criação e inovação cidadã para promoção da identidade negra. é comunicadora, integra o Coletivo de Comunicação e Hiper Mídias Nordeste Livre e o Coletivo da Rádio Amnésia - FM 89,5.
(Foto: Acervo Pessoal)

Carlinhos Luz

Carlinhos Luz

Jornalista e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Atua no Setor de Comunicação do MST e contribui nas frentes de Rádio, Fotografia e produção de conteúdo. Formado na I Turma de Jornalismo da Terra “Luiz Gama” pela Universidade Federal do Ceará.
(Foto: Acervo Pessoal)

Cassio Quitério

Cassio Quitério

Graduado em Jornalismo e Ciências Sociais e com especialização em divulgação científica e cultural pelo Labjor – Unicamp, Cássio Quitério trabalha no Sesc SP há 16 anos, tendo atuado principalmente nas áreas de cultura digital, cinema, literatura, meio ambiente e artes visuais. Entre 1998 e 2010, integrou diferentes projetos coletivos em Campinas e São Paulo elaborando e aplicando dinâmicas de experimentação e oficinas voltadas à apropriação tecnológica.
(Foto: Acervo Pessoal)

Chico Caminati

Chico Caminati

Professor do Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente da UNESP.
(Foto: Acervo Pessoal)

Elisa Ximenes

Elisa Ximenes

Participa da organização da CryptoRave e colabora no Centro de Mídia Independente no Brasil. Trabalhou em Pontos de Cultura. Graduada em Ciências Sociais pela PUC-SP.
(Foto: Acervo Pessoal)

Jacinta Moreira

Jacinta Moreira

Educadora Ambiental formada na Reserva Extrativista Alto do Juruá (REAJ), no Acre, desde 2013 é pesquisadora e implementadora da Rede Fonias Juruá, que opera na mesma REAJ em Ondas Curtas e com transmissão digital de dados. Trabalhou no Ponto de Cultura da Aldeia Apiwtxa e em diversos projetos do Centro Yorenka Ãtame.
(Foto: Acervo Pessoal)

Ju Pagul

Ju Pagul

Artista, educadora e pesquisadora de mídias independentes.
(Foto: Tatiana Reis)

Paulo José Lara

Paulo José Lara

Midiativista e pesquisador. Doutor em política pelo Centro de estudos culturais da Goldsmiths College, Londres. Mestre em sociologia e graduado em ciência política pela Unicamp. É membro da rede LAVITS e assessor do programa de direitos digitais da ONG ARTIGO19 Brasil.
(Foto: Acervo Pessoal)

Guilherme Figueiredo

Guilherme Figueiredo

Professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e do curso de Pedagogia do Centro de Estudos Superiores de Tefé da Universidade do Estado do Amazonas. Possui bacharelado em Ciências Sociais Geral, Antropologia e mestrado em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas, e doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua nas áreas de antropologia da mídia, antropologia do colonialismo e antropologia e educação.
(Foto: Acervo Pessoal)

Luiza Cilente

Luiza Cilente

Possui graduação  Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF).  Atuou durante vários anos na Agência de Notícias Pulsar Brasil, da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC)  produzindo conteúdos para rádios livres e comunitárias. Coordenou o projeto "Mídia dos Povos"  que promoveu encontros de apropriação tecnológica junto à povos tradicionais da Amazônia de 2015 à 2016 e recentemente coordenou o projeto de instalação de uma rádio livre junto à mulheres da etnia Pankararu no sertão pernambucano.

Data

14/02/2019 a 15/02/2019

Dias e Horários

Quinta e Sexta, 14h às 19h.

As inscrições podem ser feitas a partir de 29 de janeiro, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

Valores

R$ 4,50 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 7,50 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 15,00 - inteira

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