Atividades

o uso do cinema nos processos educativos

Seminário de Cinema e Educação

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Programa

O Seminário de Cinema e Educação, que acontece nos dias 29 e 30 de maio como parte das atividades da 7ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, é fruto de 15 anos de trabalho e engajamento da Ecofalante - organização não governamental - na área de cinema, educação e meio ambiente.

Igualmente crucial para que este evento seja realizado é o envolvimento do Sesc São Paulo, através de seu Centro de Pesquisa e Formação, que apostou desde o início na importância desse seminário e soube identificar na proposta toda a relevância da discussão que ela suscita.

  "A arte não se ensina, mas se encontra, se experimenta, se transmite por outras vias além do discurso do saber e, às vezes mesmo sem qualquer discurso".

Por meio dessas palavras, o crítico cinematográfico e acadêmico francês Alain Bergala propõe, em seu livro A Hipótese-Cinema: Pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola, as bases do que, segundo ele, deveria guiar o uso do cinema em sala de aula.

Ao sugerir a educadores tal abordagem, Bergala nos lembra que outras formas de aproximação do cinema para fins educativos são igualmente possíveis - e foram, efetivamente, durante muitas décadas, colocadas em prática nas escolas.

A percepção de que o filme possuía uma vocação pedagógica começou a render seus frutos ainda nas primeiras décadas do século passado. Em alguns países, inclusive no Brasil, foram criados, na época, órgãos encarregados de produzir películas educativas a fim de instruir a população sobre certos temas.

O que estava em pauta era o filme enquanto via de acesso à informação, instrumento de aprendizado e, em última instância, vetor ideológico. Esse entendimento instrumental do cinema permeou a relação que com ele estabeleceram algumas gerações de educadores.

Concomitantemente, porém, à ideia de que o cinema possuía uma vocação pedagógica, uma outra percepção também emergiu aproximadamente na mesma época: a de que os filmes eram obras de arte e que, por isso, mereciam ser tratados enquanto tais (preservados, mostrados em contextos específicos, onde teriam condições de ser apreciados e discutidos enquanto objetos estéticos).

É a partir desta abordagem, que ganham corpo e razão de ser os primeiros cineclubes e cinematecas. Foram eles, aliás, os primeiros a valorizar a formação de um olhar para o cinema.

A partir dessas duas matrizes principais, portanto, os usos do cinema em sala de aula passaram a ser encarados e discutidos, principalmente nas últimas décadas, quando uma abertura cada vez maior ao tema ocorreu por parte de novas gerações de educadores.

Estes vêm se mostrando menos rígidos e dogmáticos no que tange aos processos de aprendizagem, além de mais atentos e sensíveis às trocas passíveis de ocorrer dentro do âmbito da sala de aula.

O objetivo do evento é, portanto, mapear o que hoje se tem discutido e pesquisado a respeito dos usos do cinema nos processos educativos, seja em contextos de educação formal (em escolas de ensino fundamental e médio) e/ou não formal, o que inclui projetos de oficinas e cursos livres oferecidos por instituições culturais (públicas e particulares), ONGs e outras entidades engajadas na utilização do cinema nos processos de formação do indivíduo.

Desta forma, este seminário não só se propõe a ser um espaço de encontros e trocas, mas, ao mesmo tempo, oferece a possibilidade da exposição de um panorama do estado da arte deste tema no Brasil, reunindo os principais atores envolvidos nesse importantíssimo debate.

Pesquisa, curadoria e correalização: Ecofalante.

Programação

29/05
10h - Abertura

10h20 às 12h
Conferência de abertura: A pedagogia do dispositivo – cinema e educação.

Marcada por um lado pela filosofia da diferença e por outro, pelas práticas cinematográficas que se desenham entre o documentário e o cinema experimental, “a pedagogia do dispositivo” se apresenta como prática que engaja sujeitos e grupos no fazer cinematográfico. Nos limites entre uma dimensão clínica e uma produção estética, tal pedagogia vem sendo experimentada em escolas, formações livres e na universidade. É no tecer dessas redes entre a produção cinematográfica e subjetiva que inserimos essa conversa.


Com Cezar Migliorin.

13h15 às 14h50
Mesa 1 - A produção audiovisual como processos educativos e emancipatórios
Um filme pode ser encarado "apenas" como um objeto ou enquanto a marca final de um processo criativo. De acordo com este último sentido, o cinema não poder ser apreendido sem que o "fazer" esteja presente. Seria, precisamente, esta dimensão do processo de aprendizado aquela capaz de estimular a imaginação, reforçar a autoconfiança, engajando os alunos em seu próprio processo emancipatório. Inúmeras são as experiências que se valem desta pedagogia intrínseca ao fazer cinematográfico e esta mesa propõe o diálogo com algumas delas.
Com Vincent Carelli, e Bete Bullara.

15h10 às 17h
Mesa 2 - Regulamentação: a garantia do acesso aos filmes em sala de aula (Lei 13006/14 e direitos autorais)
O cinema está presente nas escolas, este é um fato, ainda que, muitas vezes, isso se deva ao engajamento pessoal de certos educadores. Com a aprovação da Lei 13006/14, que obriga as escolas a exibirem ao menos duas horas mensais de filmes nacionais aos seus alunos, isso deve mudar. Mas, para além da discussão em torno da regulamentação deste dispositivo, de que maneira a legislação de direitos autorais poderá dar conta de ser aplicada neste contexto?
Com Francisco C. Martins, Adriana Fresquet e Rodrigo Chacon.

30/05
10h às 12h
Mesa 3 - Projetos de Educação em Instituições de Preservação Audiovisual
Atividades de formação do olhar para o cinema são praticamente inerentes à missão histórica de instituições de difusão de filmes de repertório, tais como cineclubes e cinematecas, que tendem a olhar para as películas preferencialmente enquanto obras de arte. Algumas instituições, inclusive, colocam essas atividades pedagógicas no centro de sua missão. É o caso, por exemplo, da Cinemateca francesa. No Brasil, há iniciativas nesse sentido, que apresentaremos nesta mesa, porém há também ainda muita resistência e dificuldades a serem enfrentadas.
Com Hernani Heffner, Maria Angélica dos Santos e Ana Dillon.

13h15 às 15h35
Mesa 4 - O cinema como pedagogia para uma formação cidadã/ Diálogos entre cinema e educação
Por que utilizar o cinema em sala de aula em detrimento de outras artes? Qual é a peculiaridade específica da obra fílmica? Por que e como promover o encontro dos alunos com o cinema? O que se pode efetivamente ensiná-los sobre os filmes? Essas são algumas das relevantes questões que hoje estão na pauta dos educadores engajados em levar o cinema para a sala de aula e que os palestrantes desta mesa se propõem a discutir.
Com Carlos Miranda, Marcos Napolitano, Moira Toledo, e Inês Teixeira.

15h50 às 17h40
Mesa 5 - Cinema, Educação e Meio-ambiente (Lei 9.795/99 da Educação Ambiental)
As disciplinas que tratam de meio ambiente talvez sejam as que, tradicionalmente, mais se valem do uso dos filmes em sala de aula a fim de propor debates aos alunos em torno de temas específicos. A utilização que fazem do cinema tem, portanto, normalmente, uma abordagem mais instrumental. Desta forma, a questão que inevitavelmente se coloca é como ir além do uso "conteudista" do cinema nessas disciplinas. Além disso, como ele pode contribuir para a Política Nacional de Educação Ambiental.
Com Pedro Roberto Jacobi e Edson Grandisoli.

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Condições especiais de atendimento, como tradução em libras, devem ser informadas por email ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade.
centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600

Palestrantes

Adriana Fresquet

Adriana Fresquet

Professora da Faculdade de Educação da UFRJ, onde coordena o Grupo CINEAD: Laboratório de Educação, Cinema e Audiovisual. Fundou e participou da coordenação da Redekino.
(Foto: Acervo Pessoal)

Ana Dillon

Ana Dillon

Mestre em Didática da Imagem pela Universidade Paris 3. Fundadora da associação RAIAR - Redes de Ações e Interações Artísticas e do Programa Imagens em Movimento, sócia da Panapaná Produções Artísticas.
(Foto: Felipe Fittipaldi)

Bete Bullara

Bete Bullara

Formada em Cinema pela UFF, fotógrafa, curadora de mostra e festivais, secretária executiva do Cineduc.
(Foto: Pedro Agilson)

Carlos Miranda

Carlos Miranda

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Unicamp. Pesquisador vinculado ao Laboratório de Estudos Audiovisuais OLHO FE/Unicamp. Coordenador da Rede Kino.
(Foto: Acervo Pessoal)

Edson Grandisoli

Edson Grandisoli

Doutor em Educação e Sustentabilidade pelo Programa de Ciência Ambiental da USP. Assessor da UNESCO para o Currículo Paulista. Diretor da Reconectta e do Movimento Escolas pelo Clima.
(Foto: Acervo Pessoal)

Francisco C. Martins

Francisco C. Martins

Roteirista e diretor formado na ECA-USP. Vice-presidente da Associação Paulista de Cineastas.
(Foto: Acervo Pessoal)

Hernani Heffner

Hernani Heffner

Diretor da Cinemateca do MAM, professor da AIC-RJ e idealizador da série lost+found (2021), sobre preservação audiovisual.
(Foto: Acervo Pessoal)

Inês Teixeira

Inês Teixeira

Doutora em Educação pela UFMG. Professora titular da Faculdade de Educação da UFMG.
(Foto: Acervo Pessoal)

Maria Angélica dos Santos

Maria Angélica dos Santos

Especialista em Alfabetização para as Classes Populares e Projetos Sociais e Culturais pela UFRGS. Trabalha na Cinemateca Capitólio, SMC/Porto Alegre.
(Foto: Acervo Pessoal)

Moira Toledo

Moira Toledo

Cineasta, doutora pela ECA-USP.
(Foto: Gui Mohallem)

Pedro Roberto Jacobi

Pedro Roberto Jacobi

Professor titular do Instituto Energia e Ambiente da USP. Editor da revista Ambiente e Sociedade. Membro do Conselho Brasileiro do Greenpeace. Presidente do Conselho do ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade - América do Sul.
(Foto: Acervo Pessoal)

Rodrigo Chacon

Rodrigo Chacon

Pós-graduado em Direito do Entretenimento, Mídia e Propriedade Intelectual na Escola Superior de Direito da OAB. Advoga na área audiovisual do escritório Cesnik, Quintino e Salinas Advogados.
(Foto: Acervo Pessoal)

Vincent Carelli

Vincent Carelli

Cineasta e indigenista. Fundou, em 1986, o Vídeo nas Aldeias.
(Foto: Acervo Pessoal)

 Cezar Migliorin

Cezar Migliorin

Professor de Cinema da UFF. Coordenador do projeto nacional de cinema, educação e direitos humanos "Inventar com a Diferença". Publicou, entre outros, "Inevitavelmente Cinema: educação, política e mafuá" (Azougue, 2015) e “Cartas sem resposta: A internet, a educação, o cinema e o Luciano Huck” (Ed. Autentica, 2015).


(Crédito:Júlia Raad)


Data

29/05/2018 a 30/05/2018

Dias e Horários

29/5, Terça, 10h às 17h.
30/5, Quarta, 10h às 18h.

As inscrições podem ser feitas a partir de 24 de abril às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

Valores

R$ 18,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 30,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 60,00 - inteira