Curso Presencial
Seminário Interpretações do Brasil

O Seminário Interpretações do Brasil será ministrado pelo professor Fernando Novais em 5 encontros nos quais os principais intérpretes da formação do Brasil serão objeto de exame e análise. Os encontros contarão também com a presença dos professores Alexandre Macchionne Saes, Iris Kantor e Pedro Puntoni, os quais conduzirão a discussão sobre três obras: Casa Grande & Senzala, Raízes do Brasil e Formação da Econômica do Brasil. A sequência de encontros procurará provocar o debate entre os inscritos e os professores que participarão de todas as sessões. 

 

"Casa Grande & Senzala" foi publicado em 1933 como a primeira parte de um estudo sobre a formação da sociedade patriarcal brasileira. Segundo Antonio Candido, o livro pode ser entendido como "uma ponte entre o naturalismo dos velhos interpretes da nossa sociedade, como Sílvio Romero, Euclides da Cunha e mesmo Oliveira Vianna, e os pontos de vista mais especificamente sociológicos que se imporiam a partir de 1940". Neste livro, Gilberto Freyre estuda a formação da sociedade colonial, agrária e escravista, com interesse na contribuição do povos africanos e indígenas. Ele valoriza a mestiçagem, mas, numa perspectiva que legitima o papel das classes dominantes na conformação da sociedade brasileira. Para ele, a formação brasileira deve ser compreendida como um processo de equilíbrio de antagonismos, o que resulta na criação do mito da democracia racial. As ideias de Freyre são fundamentais para um entendimento dos caminhos da cultura brasileira. 

 

Publicado em 1936, o livro de Sérgio Buarque de Holanda "Raízes do Brasil" marca um momento de inflexão na sociologia histórica brasileira ao estabelecer um dialogo crítico com as principais tendências da cultura intelectual nacional e estrangeira praticadas entre as duas grandes guerras mundiais e no pós-Revolução de 1930.  Neste ensaio inaugural, o jovem jornalista e historiador da cultura, descortina os impasses da modernização e da democracia no Brasil, como também indicou as possibilidades de transformação das estruturas coloniais. Não por acaso, as questões lançadas nos capítulos de Raízes do Brasil foram, objeto de escrutínio nos livros subsequentes de diversas formas e ângulos, reiterando a importância das linhas de força propostas neste livro seminal

 

Como afirma Francisco de Oliveira, com "Formação econômica do Brasil", obra publicada 1959, Celso Furtado passou a integrar o panteão dos intérpretes do Brasil. Ao apresentar uma síntese da história econômica do Brasil, o livro se tornou leitura obrigatória para cientistas sociais inseridos no debate sobre a história e a economia brasileira, como também uma porta de entrada para estrangeiros interessados em conhecer aspectos da uma sociedade que vivia, em meados do século XX, um processo de intensa transformação. Reconhecida como a obra-prima do estruturalismo latino-americano, Formação econômica do Brasil disseminou no debate nacional as ideias econômicas produzidas pela Comissão Econômica para a América Latina - CEPAL, enfatizando o subdesenvolvimento como condição específica da formação das economias da região. Partindo de uma formulação teórica original e de uma sintética interpretação histórica, Celso Furtado constituiu um dos mais relevantes projetos de desenvolvimento nacional do país.