Seminário Mário de Andrade: amar e compreender
Voltar para o inícioPrograma
Entrega e dedicação: dois aspectos – o termo é proposital na composição do título deste seminário – que são inerentes à atuação intelectual de Mário de Andrade. Na “Advertência” dos Aspectos da literatura brasileira, o escritor explicitou o sentido do termo “aspectos”: “Reuni neste volume alguns dos ensaios de crítica literária escritos mais ou menos ao léu das circunstâncias e do meu prazer.
Espero que se reconheça neles, não o propósito de distribuir, que considero mesquinho na arte da crítica, mas o esforço apaixonado de amar e compreender.” De fato, “amar e compreender” oferecem um sentido pleno para a sua atuação literária, intelectual e institucional.
Neste seminário, o Sesc presta homenagem à pesquisadora Telê Ancona Lopez, professora emérita do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e titular de Literatura Brasileira no IEB e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Desde 1962, formando-se com Antonio Candido, dedica-se ao estudo da obra de Mário de Andrade, a partir da exploração do arquivo e da biblioteca do autor, e desde 1968 no patrimônio do IEB-USP.
No registro do amor e da compreensão, Telê Ancona Lopez devotou-se à organização arquivística do Fundo Mário de Andrade, no IEB-USP, visando a sua ampla e irrestrita difusão. Formou um consistente quadro de pesquisadores em nível de graduação, pós-graduação e pós-doutorado.
Entre 2006 e 2011, com subvenção da Fapesp, coordenou o projeto temático Estudo do processo de criação de Mário de Andrade nos manuscritos de seu arquivo, em sua correspondência, em sua marginália e em suas leituras.
Sob sua orientação, inéditos de Mário de Andrade ganharam forma de livro, em edições fidedignas e anotadas. Publicou, em 1996, a modelar edição crítico-genética de Macunaíma (Coleção Archivos, Paris); seu ensaio Mário de Andrade, Ramais e Caminhos (1972) recebeu o prêmio da APCA.
A homenagem é justíssima e necessária, permitindo a realização de um balanço dos 58 anos de sua atuação como professora e pesquisadora dedicada ao estudo do modernismo brasileiro e da obra de Mário de Andrade.
Programação
18/2
Abertura
14h às 16h15: Homenagem a Telê Ancona Lopez
Telê Ancona Lopez é professora titular do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP), ministra disciplinas e orienta projetos acadêmicos, como colaboradora-sênior, nessa instituição e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma universidade (FFLCH-USP). Estuda especialmente o modernismo brasileiro, as vanguardas europeias, os gêneros de fronteira, a crítica textual e a crítica genética, tendo publicado livros e artigos nessas áreas. Foi curadora do Arquivo Mário de Andrade.
Entre 2006 e 2010, coordenou o projeto temático FAPESP, que organizou os manuscritos e estudou o processo de criação do escritor. Entre 2007 e 2015, responsabilizou-se pelas edições fidedignas, acrescidas de documentos, das obras de Mário de Andrade incluídas no protocolo IEB-USP e Editora Nova Fronteira-Agir. Essa proposta prossegue em um protocolo com a Global Editora no qual saiu, em 2019, o livro inédito Aspectos do folclore brasileiro.
As edições contam com a participação de pesquisadores da Equipe Mário de Andrade e de especialistas convidados. Telê dedica-se atualmente ao projeto ligado ao CNPq, Traje de arlequim: uma biografia/“autobiografia” de Mário de Andrade. É professora emérita do IEB-USP.
Mesa
16h30 às 18h15: Mário de Andrade e a escrita biográfica: como a vida explica a obra
Debate sobre a vida e a obra do modernista, em abordagem às biografias já publicadas e pesquisas em andamento.
Com Jason Tércio, Eduardo Jardim, Telê Ancona Lopez e mediação de Marcos Antônio de Moraes.
19/2
14h às 16h15: Mário de Andrade e o Concerto das Nações: Projetos de Brasilidade.
Mesa 1
Obra interrompida: entre a revolução e a utopia
A ópera Café, de Mário de Andrade, assim como o romance homônimo, tem como tema a crise econômica do final da década de 1920 e a revolução de 1930 no Brasil. Enquanto o romance reflete sobre os limites dessa revolução e o seu sentido histórico, a ópera, por outro lado, apresenta não a revolução em si, mas a utópica: a revolução socialista. Para discutir esse projeto inacabado e situá-lo perante as preocupações sociais moventes na complexidade do pensamento de Mário de Andrade, propõe-se esta mesa.
Com Flavia Toni, Pedro Fragelli e Tatiana Longo Figueiredo.
16h30 às 18h30
Mesa 2
Mario de Andrade e a gestão pública da cultura
A criação do Departamento de Cultura da Municipalidade de São Paulo (1938) constituiu um marco inovador para a elaboração de ações políticas que mesclavam cultura e educação em São Paulo. Mário de Andrade ocupou o cargo de Diretor do Departamento e também de Chefe da Seção de Expansão Cultural, entre 1935 e 1938. Para discutir o contexto de criação e a presença do modernista à frente das ações realizadas no Departamento, esta mesa reúne pesquisadores e especialistas em gestão e política cultural.
Com Isaura Botelho, Carlos Augusto Calil, e Carlos Sandroni.
20/2
14h às 15h15: Redes de Sociabilidade
Mesa 1
Mário de Andrade folclorista e africanista
Pretende-se discutir as contribuições de Mário de Andrade para os estudos de folclore no país por ocasião do lançamento recente do livro Mário de Andrade: Aspectos do folclore no Brasil (2019). Além de abordar os estudos sobre folclore brasileiro, visa-se, ainda, trazer luz a uma faceta ainda pouco conhecida de Mário de Andrade: sua inserção em uma rede de sociabilidade formada por intelectuais que se dedicavam a estudar os legados africanos em diversos países pelo mundo. Essa rede posiciona o escritor como uma referência nos estudos da diáspora africana no Brasil.
Com Angela Teodoro Grillo, Ligia Fonseca Ferreira e Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti.
15h30 às 18h30
Mesa 2
Formação das nacionalidades latino-americanas
Qual o lugar dos intelectuais na conformação das representações nacionais? Mário de Andrade estava inserido em uma rede de sociabilidade de artistas e intelectuais latino-americanos do início do século XX, tendo cultivado correspondência com vinte e seis interlocutores, entre uruguaios, peruanos, chilenos e colombianos. Esses intelectuais - Carlos Vega (Argentina), Alexo Carpentier e Fernando Ortiz (Cuba), entre outros - estavam unidos pelo espírito da época: encontrar as bases para a formação das diversas nacionalidades latino-americanas, países que têm em comum, nas palavras do próprio poeta, “uma cultura importada”.
Com Julio Moracen Naranjo, João Cezar de Castro Rocha e Raúl Antelo.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.
Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600
(Foto: Divulgação)
Palestrantes
Angela Teodoro Grillo
Mestre e doutora em Literatura Brasileira pela mesma USP, autora de Sambas insonhados: o negro na perspectiva de Mário de Andrade (Ciclo Continuo, 2016) e organizadora do inédito de Mário de Andrade, Aspectos do folclore brasileiro (Global, 2019). Atualmente leciona língua portuguesa, cultura e literatura brasileira na Zhejiang Yuexiu University of Foreign Languages - China. Desde de 2005 integra a Equipe Mário de Andrade do IEB-USP.
(Foto: Acervo Pessoal)
Carlos Augusto Calil
Professor colaborador do Departamento de Cinema, Televisão e Rádio da ECA/USP. Diretor e presidente da Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes S.A (1979-86), diretor da Cinemateca Brasileira (1987-92), diretor do Centro Cultural São Paulo (2001-2004), Secretário Municipal de Cultura de São Paulo (2005-2012).
(Foto: Garapa Coletivo Multimidia)
Flavia Toni
Livre-docente e professora titular da USP, pesquisadora no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP). Foi do Conselho Editorial da Revista do IEB entre 2017 e 2018 e é vice-diretora da instituição. Desde 2017 ocupa a cadeira de número 40 da Academia Brasileira de Música, cujo patrono é Mário de Andrade, antes ocupada por Renato Almeida e por Vasco Mariz. Café, uma ópera de Mário de Andrade: estudo e edição anotada, foi sua tese de livre-docência no IEB, em 2004.
(Foto: Acervo Pessoal)
Isaura Botelho
Doutora em ação cultural pela ECA USP. Gestora cultural desde 1978, ao longo de sua carreira se especializou em planejamento
(Foto: Acervo Pessoal)
Jason Tércio
Escritor e jornalista . Publicou sete livros, de ficção e não-ficção, entre eles a biografia de Mário de Andrade, Em busca da alma brasileira, premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte como a melhor biografia lançada em 2019. Também é autor da peça “Kafka e Lim a Barret o jogando sinuca em Bruzundanga”.
João Cezar de Castro Rocha
Julio Moracen Naranjo
Marcos Antônio de Moraes
Doutor em Literatura Brasileira pela USP. Pesquisador e docente do Instituto de Estudos Brasileiros e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
(Foto: Alexandre Bastos)
Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti
Professora titular do Departamento de Antropologia Cultural e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ. É autora de Carnaval carioca: dos bastidores ao desfile (UFRJ, 2006).
Pedro Fragelli
Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Entre 2014 e 2018, desenvolveu pesquisa de pós-doutorado no Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Sua pesquisa concentra-se na produção literária dos séculos XIX e XX, com foco nas obras de Machado de Assis e Mário de Andrade.
(Foto: Acervo Pessoal)
Raúl Antelo
Professor e escritor, doutor em Letras pela USP e professor titular de Literatura Brasileira na Universidade Federal de Santa Catarina. Autor de Na ilha de Marapatá (Mário de Andrade lê os hispano-americanos (HUCITEC, 1986), Imágenes de América Latina (EDUNTREF, 2014) e Maria com Marcel Duchamp nos Trópicos (UFMG, 2010), entre outros títulos. Foi pesquisador do CNPq, Guggenheim Fellow e professor visitante nas Universidades de Yale, Duke, Texas at Austin, Maryland e Leiden, na Holanda.
(Foto: Acervo Pessoal)
Tatiana Longo Figueiredo
Doutora pela FFLCH-USP, com pós-doutorado como bolsista da FAPESP no IEB-USP. Seu doutoramento, em 2009, Café: o trajeto da criação de um romance inacabado de Mário de Andrade, deu origem à edição fidedigna da obra em 2015. Ao lado de Telê Ancona Lopez, responsabilizou-se pela edição de Macunaíma e de Poesias completas.
(Foto: Acervo Pessoal)
Telê Ancona Lopez
Professora titular do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP), ministra disciplinas e orienta projetos acadêmicos, como colaboradora-sênior, nessa instituição e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma universidade (FFLCH-USP). Estuda especialmente o modernismo brasileiro, as vanguardas europeias, os gêneros de fronteira, a crítica textual e a crítica genética, tendo publicado livros e artigos nessas áreas. Foi curadora do Arquivo Mário de Andrade.
(Foto: Acervo Pessoal)
Data
18/02/2020 a 20/02/2020
Dias e Horários
Terça a Quinta, 14h às 18h30.
As inscrições podem ser feitas a partir de 28 de janeiro, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.