Sons da diáspora: tradições e tendências da cultura cigana
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Programa
O curso tem como objeto o estudo teórico e prático da cultura cigana por meio de algumas de suas principais manifestações artísticas: o flamenco, o balcânico e o manouche. Acrescenta-se a isso a música dos ciganos calon no Brasil, especialmente no Nordeste. Os tópicos serão abordados no contexto histórico, social e artístico, destacando as influências e representatividades nas sociedades mais amplas no passado e na atualidade.
Flamenco, patrimônio cultural da humanidade é um dos símbolos da cultura espanhola. De origem cigana e mourisca está associado à região de Andaluzia e é uma forma de arte multicultural composta por Musica e Baile. De raízes antigas e diversas é originário da fusão das comunidades que habitavam o sul da Espanha desde os tempos da presença muçulmana na área, da cultura cigana que se origina na Índia e perambula por toda a Europa, da cultura árabe e da música dos judeus sefarditas. Suas principais vertentes são o cante, o baile e a guitarra.
A península dos Balcãs é caracterizada por uma enorme diversidade étnica, cultural e religiosa, e por um alfobre riquíssimo de ritmos e melodias. Os ciganos participam ativamente dessa miríade de estilos, resultando numa forte associação entre os termos “roma” (cigano) e “música”. A fusão de “Balkan beats” com música cigana da região ficou conhecida no Ocidente como “Balkan music”, manifestação em que são reforçadas representações estereotipadas dos ciganos como exóticos e sensuais com objetivos mercadológicos.
Criado nos anos 30 pelo guitarrista cigano Django Reinhardt, o “Jazz cigano”, conhecido também como “Jazz Manouche” (em referência aos ciganos da região francófona da Europa), é um estilo de jazz original desenvolvido a partir da musicalidade cigana e que se utiliza, sobretudo, de instrumentos de cordas. Popularizou-se nos últimos anos e os festivais dedicados ao estilo se multiplicam em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.
Os ciganos calon, a partir de sua vinda da Europa para o Brasil em meados do século XVI, instituíram uma nova etapa na constante diáspora ao redor do globo. A itinerância forçada pelo Nordeste trouxe consigo poucas opções de formação profissional e ascensão social.
Para espantar a tristeza, a música advinda das Trovas do Jaimpem, do dedilhar de um violão (pouco comum), ou das cantigas entoadas pelos pais para embalar o sono das crianças, faziam dos dias tristes mais alegres, e ajudavam a suportar a melancolia de suas lembranças. Essa “escola musical” Calon, embora de caráter milenar, nunca foi instrumentalizada por meio de uma teoria musical sólida, sendo sua repercussão dada por meio de improvisos e adaptações de ritmos locais.
A falta de oportunidades não permitia a revelação dos talentos Calon na música dita tradicional, entretanto, atualmente estão conseguindo algum destaque no meio artístico através de nomes populares de ascendência regionalizada, com alguns expoentes conhecidos nacionalmente. Seus estilos são atualizados pelas novas tendências da indústria musical e pela demanda por um ritmo e composição de letra que privilegie o cotidiano boêmio.
Programa
Dia 28/1, das 14h30 às 18h
Apresentação; performance musical; definições, conceitos e metodologia; introdução aos estilos: Balcânico, Manouche e Flamenco.
29/1, das 14h30 às 18h
Flamenco: história, origens, conceitos e estruturas; cante: tipos, variações e características, baile: indumentária, expressão, sapateado e mãos; guitarra: história, construção, técnicas e características.
30/1, das 14h30 às 18h
Balcânico: história, origens, conceitos e estruturas; estilos, variações e características, a música Balkan no Brasil e no Mundo, atualidades.
31/1, das 14h30 às 18h
Manouche: história, origens, conceitos e estruturas; estilos, variações e características, ritmo, harmonia, instrumentos; principais artistas, manouche no Brasil.
1/2, das 14h30 às 18h
Calon: história, estilos e músicos no nordeste brasileiro.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600
(Ilustração: Camaron de la Isla y Paco de Lucia - Public_Domain)
Palestrantes

Ricardo Marcelo Luiz
(Marcelo Cigano), acordeonista autodidata de origem cigana. Em 2013 lançou seu primeiro CD intitulado "Influência do Jazz", com direção de Oliver Pellet e participações de Hermeto Pascoal e Toninho Ferragutti, entre outros.
(Foto: Acervo Pessoal)

Murillo Da Rós
Instrumentista e compositor, iniciou sua carreira estudando diversas vertentes da música universal, especialmente o violão flamenco. Indicado para o 24º Prêmio da Música Brasileira, lançou 4 CDs e 2 DVDs, realizando várias apresentações nos principais palcos do país ao lado de ícones da MPB como Gilson Peranzzetta e Badi Assad. Entre as principais realizações está o CD Murillo Da Rós & Orquestra à base de Sopro de Curitiba, o Festival "Terem Crossover" na Rússia e o Festival "Villa Celimontana" em Roma.
(Foto: Acervo Pessoal)

Israel Fogaça Jr
Violinista, arranjador e compositor, transita entre o Clássico e Popular, dedicando-se à Música de Câmara e ao Jazz Manouche. Fundador da Camerata Amatti e do Sampa Hot Jazz com o Maestro João Carlos Martins, atuou com diversos artistas como Toquinho, Ivan Lins, Hamilton de Holanda, Yamandu Costa e Arismar do Espírito Santo, além de diversas orquestras como Orquestra Sinfônica Municipal, Jazz Sinfônica entre outras.
(Foto: Acervo Pessoal)

Jucelho Dantas da Cruz
Cigano calon, doutor em Ciências Biológicas pela UNESP e professor titularnda UEFS. Suplente na representação dos povos ciganos no Conselho Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais (Cespct), junto a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Cespct/Sepromi-BA).
(Foto: Acervo Pessoal)

Winicius Luiz
Acordeonista, violonista, guitarrista, bandolinista e tecladista. Membro de uma família de músicos ciganos com tradição no acordeon.
(Foto: Acervo Pessoal)

Luiz Zanata da Silva Dantas
(Breno Cigano), cigano da etnia calon, estudante e intérprete.
(Foto: Acervo Pessoal)

Zanata Ribeiro Dantas
Cigano da etnia calon, suplente da representação dos Povos Ciganos na Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais (CESPCT), ligado à SEPROMI no Estado da Bahia. Comerciante, cantor e compositor.
(Foto: Acervo Pessoal)

Leandro Brenner
Violonista, arranjador e professor de música.
(Foto: Acervo Pessoal)

Olívio de Souza Filho
Arranjador e produtor musical. Atualmente trabalha com o artista pernambucano Antônio Nóbrega e com o grupo de teatro Banda Mirim.
(Foto: Acervo Pessoal)
Data
28/01/2019 a 01/02/2019
Dias e Horários
Segunda a Sexta, 14h30 às 18h.
As inscrições podem ser feitas a partir de 19 de Dezembro, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.