Trajetórias das desigualdades: mercado de trabalho

Palestras baseadas na obra "Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos" (UNESP, 2015), resultado de pesquisas do Centro de Estudos da Metrópole da USP, que abordam as relações entre mercantilização do trabalho, desenvolvimento econômico e desigualdade no país.  

16/03 - Mercado e mercantilização do trabalho no Brasil.

Nos últimos 50 anos, o mercado de trabalho se consolidou, no Brasil, como o espaço em que os indivíduos estão premidos a buscar sua sobrevivência. Este processo implica ampliação da oferta efetiva de trabalho, isto é, peso crescente da população economicamente ativa (ocupados e desempregados) no conjunto dos indivíduos em idade ativa. A esfera do mercado de trabalho, que nos anos 1960 retinha apenas 4 em cada 10 brasileiros, passou, nos anos 2010, a ser um espaço imperioso para produção da sobrevivência entre quase 7 a cada 10 brasileiros em idade ativa. Mais que isso, tal esfera, antes um domínio masculino, alterou de maneira substancial sua composição por sexo, com interfaces importantes com outros processos, como a notável redução da fecundidade e a significativa ampliação da escolaridade feminina.
Este intenso movimento de mercantilização pautou a agenda dos intérpretes, notadamente da literatura sociológica que explorou as especificidades do mercado brasileiro de trabalho. Mas, coube ao campo dos estudos de gênero afiar os instrumentos para deslindar aspectos cruciais a um movimento que parece declinar-se fortemente no feminino.
Sua importância e desafios transparecem ainda no modo como as próprias categorias censitárias voltadas a computar a atividade econômica, e os/as que a ela se dedicam, foram sendo esculpidas ao longo do tempo. As mudanças no modo de contar a atividade feminina refletem o ir-e-vir nos modos de classificar o trabalho - e o trabalho feminino - numa sociedade submetida a intensas mudanças.
Com Nadya Guimarães

30/03 - Desenvolvimento econômico e desigualdades no Brasil

Esta palestra analisa a desigualdade no Brasil pela ótica das mudanças nas estruturas produtiva e sócio-ocupacional e de sua relação com o desenvolvimento econômico. Uma breve discussão de proposições de ordem teórica será seguida da análise dos censos de 1960 a 2010, tendo como eixos a transição rural-urbano e a estratificação sócio-ocupacional que dela emerge. A influência da estrutura agrária preexistente e o modelo de industrialização terão papel central na análise. A política educacional dos sucessivos governos brasileiros será analisada indiretamente por meio da evolução do perfil educacional da força de trabalho, com ênfase em seus efeitos sobre a população rural e os grupos étnico-raciais não brancos. O ingresso das mulheres no mercado de trabalho será examinado em seção específica. Por fim, a estratificação sócio-ocupacional e a cobertura dos direitos trabalhistas e previdenciários também serão abordados.
Com Alvaro Comin