Curso Presencial
A escrita na carne

Programa

O lugar da carne sempre esteve presente na história do pensamento e da cultura. Na Antiguidade clássica, por exemplo, ela está em diversas epopeias e tragédias, como em Filoctetes, às voltas com a carne gangrenada de sua chaga incurável, ou Antígona, que luta pelo sepultamento do corpo de seu irmão, cuja carne tornou-se "presa de aves carniceiras".

Já na Idade Média a carne emerge pelo corpo das mulheres queimadas em processos de inquisição. Mas ela só se torna protagonista de maneira mais enfática e intencional no Barroco.

Nesse período, a carne serve de apelo erótico à fé católica e abre um campo específico de expressão artística, ligado à autoria do artista. Esse espaço aberto pela produção artística mais visceral alcança a contemporaneidade de modo intenso e rearticula o modernismo a partir de outro lugar.
 
Para analisar esse diagnóstico, passaremos pela teoria do romance e até atingir uma multiplicidade de expressões atuais.

Aula 1: O lugar de protagonismo da carne no Barroco
Trata-se de ir e voltar em diferentes períodos históricos para situar no Barroco um certo protagonismo da carne nas produções artísticas e pensar sobre seu sentido na cultura.

Aula 2: O romance como gênero moderno e a carne nas letras
Veremos como o romance torna-se o gênero artístico moderno por excelência, sendo sua configuração primordial Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Ali, veremos o lugar da carne, que também aparecerá de modo especular no teatro barroco de Calderón de la Barca bem como nas pinturas de Caravaggio e Rembrandt e de Francisco de Goya.   

Aula 3: O protagonismo da carne como barbárie
Embora a carne esteja presente desde os primeiros romances, ela só alcança protagonismo deliberado nas décadas de 1920-30, quando o fascismo emerge na Europa. Veremos esse recorte a partir de Berlin Alexanderplatz, de Alfred Düblin e das análises sobre a crise do romance de Walter Benjamin e Theodor Adorno.

Aula 4: O protagonismo da carne como restauração das histórias
Aqui veremos manifestações artísticas contemporâneas que recolocam a carne em cena, mas agora não apenas como avesso da civilização. Ela aparecerá como o tecido de populações oprimidas na modernidade e mostraram vários outros coloridos, prismas, formas.

As inscrições podem ser feitas a partir das 14h do dia 25/4 no site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, através do app ou presencialmente em qualquer unidade do Sesc São Paulo. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição. O cadastro é pessoal e intransferível.

O pagamento pode ser feito através do cartão de crédito, débito ou em dinheiro. Trabalhamos com as bandeiras Visa, Mastercard, Elo e Hipercard.

Ao término do curso, você poderá solicitar sua declaração de participação pelo e-mail declaracao.cpf@sescsp.org.br
A declaração será encaminhada em até 30 dias

O cancelamento poderá ser realizado com até 48 horas antes do início da atividade, por email: centrodepesquisa.cpf@sescsp.org.br

(Foto: Divulgação)

Palestrantes

Alessandra Affortunati Martins

Psicanalista, pesquisadora da Cátedra Edward Saïd (Unifesp), colunista da Revista CULT, doutora em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de São Paulo (USP), membra do Grupo de Trabalho em Filosofia e Psicanálise da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF, Brasil) e do Grupo de Estudos, Pesquisas e Escritas Feministas, (GEPEF, Brasil).
(Foto: Acervo Pessoal)