Atividades

Ciclo de palestras sobre o comum

A lente do comum

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Programa

Ciclo aborda o tema do comum a partir de três perspectivas, convocando para isso pesquisadores e ativistas que têm proposto leituras e ações baseadas nos bens comuns.

Em dezembro de 2018, completa-se cinquenta anos que Garret Hardin publicou A Tragédia dos Comuns (The Tragedy of the Commons), na revista Science. Desde então, seu influente artigo tornou-se, por um lado, referência para os defensores da privatização e, por outro, alvo de defensores da preservação dos bens comuns. Na tese defendida por Hardin, o ser humano é auto-interessado e tem foco exclusivo em competir para maximizar seus ganhos.

A partir dos anos 1970, a cientista política Elinor Ostrom consolidou-se como principal adversária intelectual dessa concepção, demonstrando por meio de pesquisas empíricas que comunidades em cooperação podem ser mais eficientes na preservação de bens comuns, destruindo o mito de que somente a propriedade privada ou a forte regulação impedem a destruição de um determinado bem.

Essa visão de Ostrom viria a lhe rendeu o prêmio Nobel de Economia em 2009.
No Brasil, com a publicação da tradução de Bem-Estar Comum, escrito por Michael Hardt e Antonio Negri (2016), O Comum – Ensaio sobre a Revolução no Século XXI, de Christian Laval e Pierre Dardot (2017), e O Calibã e a Bruxa, de Silvia Federici (2017), temos um novo ciclo de interesse na temática do comum, que voltou a ganhar atenção de ativistas e pesquisadores das ciências humanas e sociais.

Numa definição rápida, podemos definir o comum como bens geridos por meio de comunidades que se autogovernam. Podemos, portanto, nos referir a bens naturais, como o ar, os mares, rios, florestas, mas também ao conhecimento, à internet, ao espectro eletromagnético, entre outros bens essenciais à humanidade. O livro “O Comum entre Nós: da cultura digital à democracia do século XXI”, lançado pelas Edições Sesc em 2018, introduz essa discussão.

Três perspectivas do comum
A mesa de abertura contrapõe e aproxima o discurso de três ativistas-pesquisadores – ou seriam pesquisadores-ativistas? -, que estão trabalhando com o tema do comum em seus trabalhos atuais, estabelecendo diálogos com questões culturais, ambientais, de gênero e raciais.
Debatedores: Rodrigo Savazoni, Bianca Santana e Alana Moraes.

O  agir comunitário e em rede
O comum pede a interdependência. Entre as pessoas, as pessoas e os recursos, os seres humanos e o planeta, a cultura e a natureza. Exige, por isso, uma entrega de todos os envolvidos. Não há comum sem uma sólida e vibrante rede de afetos. Não há comum sem uma teia de cuidados. Diferentes comunidades em movimento criam e preservam comuns. Escutemos suas histórias.
Debatedores: Rud Rafael, Juliana Gonçalves e Henrique Parra.
Mediação: Verena Glass.

A cidade comuneira

Festivais culturais no espaço público, piqueniques políticos, hortas urbanas, bibliotecas e parques abertos 24 horas, rios e praias limpos por seus frequentadores, bosques recuperados, zonas autônomas e permanentes de invenção, centros sociais autogovernados, canteiros de experimentação, encontros de ciclistas, de caminhantes, de artesãos, de reparadores, de construtores, de criadores, tecnologias digitais livres, uma discussão sobre a cidade do comum, múltipla, diversa e plural.
Debatedores: Mariana Belmont, Thiago Carrapatoso e Ricardo Brazileiro.
Mediação: Georgia Nicolau.

A vida em comum
“Aí a gente fica sabendo que a Terra vai esquentar, que a Terra vai explodir, que as pessoas vão morrer, e que a Terra está muito quente por causa das mudanças climáticas. Tudo isso todo mundo sabe. Os próprios brancos ficam falando, mas são os próprios brancos que desmatam. Os brancos acham que só nós vamos ser impactados com o que eles estão causando. Não são só os indígenas; não sou só eu que vou morrer. Somos todos nós que vamos morrer”. Nesta mesa, o plano é discutir a própria existência da espécie humana, a partir dessa provocação de Magaró Ikpeng, mulher indígena, do Território do Xingu.
Debatedores: Coletivo Etinerâncias (Gabriel Kieling, Raísa Capasso e Débora del Guerra), Jean Tible e Inaldo Kum ’ Tum Gamela.
Mediação: Cinthia Mendonça.

Para além do estado e do mercado
Refletir sobre arranjos possíveis que vão além das visões estadocêntrica e mercadocêntrica. A partir de Laval e Dardot, que afirmam o comum como vetor oposto do neoliberalismo, pensar quais formas de ação conectadas ao conceito de comum podemos vislumbrar como reais alternativas para a política contemporânea.
Debatedores: Tica Moreno, Rosana Pinheiro-Machado e Marcio Black.
Mediação: João Brant

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600

(Foto: Movimento Ocupe Estelita/Divulgação)

Palestrantes

Thiago Carrapatoso

Thiago Carrapatoso

Jornalista, mestre pelo Center for Curatorial Studies (CCS) na Bard College, em Nova York. Foi um dos fundadores da Casa de Cultura Digital; um dos idealizadores do Movimento Baixo Centro; coordenador do Google Cultural Institute no Brasil, fornecido pela Accenture.
(Foto: Mark Charmer)

Georgia Nicolau

Georgia Nicolau

Senior Fellow na Atlantic Fellows for Social and Economics Equity da LSE e pesquisadora associada do grupo de Políticas da Desigualdade na mesma universidade. É uma das fundadoras do Instituto Procomum.
(Foto: Acervo Pessoal)

Rud Rafael

Rud Rafael

Assistente social, faz parte da coordenação nacional do MTST. Educador da ONG Fase e professor da Especialização em Direitos Humanos da UNICAP.
(Foto: Acervo Pessoal)

Juliana Gonçalves

Juliana Gonçalves

Jornalista, ativista dos direitos humanos, integra a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo e a Marcha das Mulheres Negras/SP. Atualmente é repórter do Brasil de Fato e tem textos publicados na Carta Capital, revista TPM/Trip e na revista eletrônica Calle 2.
(Foto: Acervo Pessoal)

Mariana Belmont

Mariana Belmont

Jornalista, trabalha com mobilização e comunicação para políticas públicas. Integra o coletivo Imargem, que atua nas margens do extremo sul de São Paulo.
(Foto: Acervo Pessoal)

Ricardo Brazileiro

Ricardo Brazileiro

Cientista da computação, mestre em Mídia, Interação e Sistemas Criativos para Internet das Coisas. Coordenou o programa LabCEUs, uma parceria entre INCITI/UFPE/MinC.  Sócio-fundador da 3Ecologias, uma empresa que atua com inovação e sustentabilidade.

Jean Tible

Jean Tible

Professor no Departamento de Ciência Política da FFLCH-USP e autor de “Marx Selvagem” (2013) e “Política Selvagem” (2022).
(Foto: Ivi Maiga Bugrimenko)

Cinthia Mendonça

Cinthia Mendonça

Artista e pesquisadora. Diretora da Silo - Arte e Latitude Rural, uma OSC que se dedica a promover ciência, arte e tecnologia em zonas rurais e unidades de conservação.
(Foto: Acervo Pessoal)

Rosana Pinheiro-Machado

Rosana Pinheiro-Machado

Antropóloga e cientista social. Professora titular visitante da Universidade Federal de Santa Maria. Coordenadora e co-fundadora da Escola Comum, uma escola de governo para jovens de periferia.
(Foto: Acervo Pessoal)

Marcio Blak

Marcio Blak

Produtor cultural, cientista político e integrante do Coletivo Sistema Negro e da Bancada Ativista. Atualmente integra a equipe da Fundação Tide Setúbal.
(Foto: Acervo Pessoal)

Coletivo Etinerâncias

Coletivo Etinerâncias

Gabriel Kieling, Raísa Capasso e Débora del Guerra.
Atua a partir da prática diária, no fortalecimento das experiências autô-nomas de comunidades tradicionais e espaços de resistência pelo Brasil e América Latina. Através da convivência, escuta e apoio à inteligência coletiva, desenvolve metodologias e práticas de defesa dos corpos, memórias e territórios para o fortalecimento do Bem Viver.

Verena Glass

Verena Glass

Jornalista e pesquisadora, coordenou a assessoria de comunicação do Fórum Social Mundial. Integra a equipe da Fundação Rosa Luxemburgo em São Paulo.

Tica Moreno

Tica Moreno

Integrante da SOF (Sempreviva Organização Feminista), é mestre em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC e doutoranda em Sociologia pela USP.

Kum tum Akroá-Gamella

Kum tum Akroá-Gamella

Membro do povo Akroá-Gamella,  em luta pela retomada de território.
(Foto: Acervo Pessoal)

Henrique Z.M. Parra

Henrique Z.M. Parra

Sociólogo e ativista, professor de Ciências Sociais na Universidade Federal de São Paulo e coordenador do Pimentalab - Laboratório de Tecnologia, Política e Conhecimento.
(Foto: Acervo Pessoal)

Data

25/10/2018 a 26/10/2018

Dias e Horários

Quinta e Sexta, 14h às 21h30.

As inscrições podem ser feitas a partir de 26 de Setembro, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

Valores

R$ 18,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 30,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 60,00 - inteira