Atividades

a segregação dos mortos da convivência cotidiana e seus territórios na cidade

A morte, os mortos e o território na cidade de São Paulo

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Programa

Tradução em Libras disponível. Faça sua solicitação no ato da inscrição, com no mínimo dois dias de antecedência da atividade.

 

A ideia do programa é problematizar as complexas relações entre a morte, os mortos e o território na cidade de São Paulo. Como movimento genérico, com o estabelecimento dos cemitérios públicos a partir do século XIX os mortos foram segregados da convivência cotidiana com os vivos na cidade. No entanto, um olhar mais cuidados percebe que a contrapelo deste processo em uma série de situações a cidade resiste a este movimento, os mortos e a morte insistem em incidir sobre o espaço. Esta série de encontros vai refletir sobre essas relações e realizar uma série de visitas a campo que mostra como a morte e os mortos seguem marcando o espaço da cidade na contemporaneidade.

 

1. Introdução

Neste encontro será traçado o longo percurso que as sociedades ocidentais realizaram em relação aos seus mortos no processo de modernização e secularização. Iniciando em uma situação em que o historiador francês chamou de “Morte Doméstica”, aquela de convivência íntima entre vivos e mortos, passamos a uma situação de alta segregação dos mortos, de silenciamento e até mesmo tabu em torno deste tema. O encontro traz, no entanto, a advertência: mesmo segregada e silenciada, a morte insiste em se fazer presente no espaço da cidade, algo que será aprofundado nos próximos encontros.

 

2. Mortos e espaço na cidade antiga

Neste encontro percorreremos partes do território de São Paulo que são ocupados desde o período colonial, que mostram um período em que vivos e mortos compartilharam cotidianamente do mesmo espaço. Serão visitados a igreja do Pátio do Colégio, a cripta da Catedral da Sé e a igreja dos enforcados na Liberdade.

 

3. Mártires

Neste encontro será realizada visita à Igreja de Santa Cecília, cuja decoração pelo pintor Benedito Calixto entrelaça os mártires antigos, seu tratamento no decorrer da história, o manuseio de seus restos mortais – as chamadas “relíquias sagradas” – e a história da Igreja paulista no início do século XX.

 

4. Herois de guerra

Desde tempos imemoriais, heróis e mártires merecem serem sepultados e cultuados no espaço das cidades. Não é diferente em São Paulo, onde centenas de ex-combatentes do conflito de 1932 estão sepultados no Obelisco do Ibirapuera. A visita tratará desse conflito e da forma como os paulistas vêm construindo a memória dos mortos em batalha desde então. O espaço do Obelisco é também uma oportunidade de refletirmos sobre as formas de reconstrução da história e da memória paulista nas celebrações do IV Centenário, em que foram inaugurados o Obelisco e o Parque do Ibirapuera, com linguagens aparentemente contraditórias – mas veremos que os espaços estavam em forte diálogo.

 

5. Tempos de chumbo: as marcas da ditadura na cidade

A ditadura militar (1964-1985) é uma das fronteiras da memorialização da cidade. Esta sessão percorrerá um curto trecho da cidade, a Al. Casa Branca, nos Jardins, onde ocorreram mortes de personalidades célebres, de apoio e de oposição ao regime militar: Carlos Marighella e Hennig Boilesen, mostrando as dificuldades e desafios referentes a essas memórias difíceis.

 

6. Encerramento: os mortos por todos os lados

O encontro de encerramento fará uma síntese e um balanço das reflexões e visitas em campo, debatendo o fato de que espaços relacionados à morte e aos mortos permanecem como sítios importantes na cidade, constituindo pontos estratégicos a partir dos uais podemos refletir sobre a história, a memória e também os dilemas da contemporaneidade.

 

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

 

Bibliografia

CYMBALISTA, Renato. "Cidades dos vivos: arquitetura e atitudes perante a morte nos cemitérios do Estado de São Paulo"(Anna Blume/FAPESP)

CYMBALISTA, Renato. "Sangue, Ossos e Terras: os mortos e a ocupação do território luso-brasileiro"(Alameda/FAPESP)

CYTRINOWICZ, Roney (org). "10 roteiros Históricos a Pé em São Paulo"(Ed. Narrativa Um)

Data

28/04/2016 a 13/05/2016

Dias e Horários

Quintas e sextas, 14h30 às 17h30

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

Valores

R$ 24,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 40,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 80,00 - inteira