Atividades

O curso faz uma imersão na história e memória do tradicional bairro paulistano do Bixiga.

Bixiga: história, memória e desafios de um bairro paulistano

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Programa

Bixiga ou Bela Vista? Bexiga ou Bixiga? O mesmo bairro ou regiões distintas?

A área em que se implantou um dos mais tradicionais bairros paulistanos traz em sua história paradoxos que – quando observados ao microscópio – revelam o complexo processo de expansão urbana de São Paulo. Localizado na extensa colina que desce do grande espigão divisório das bacias dos rios Pinheiros e Tietê em direção ao chamado “triângulo histórico” de São Paulo, o Bixiga nasceu no processo de expansão urbana da cidade, iniciado no século XVIII. Contudo, diferentemente de outros bairros estabelecidos no período – ou pouco depois – como o Bom Retiro, a Luz, Higienópolis (já no século XIX assim como a av. Paulista, os Campos Elíseos, etc.), - o Bixiga reuniu uma população muito mais diversificada, de menor renda, com algum grau de segregação (negros, imigrantes italianos, sobretudo calabreses, comerciantes portugueses de secos e molhados) e, principalmente, sem o caráter higienista, ou de ostentação e opulência, que marcou outras regiões (principalmente a Av. Paulista e os Campos Elíseos).

 

Curiosamente, apesar de ser um bairro marcado pela diversidade e por uma mistura singular de influências culturais, o Bixiga, seus hábitos, seu sotaque, tornaram-se símbolos da metrópole tanto ou mais do que a própria Av. Paulista.Quando das comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo (em verdade, da fundação da capela do Colégio dos Jesuítas) uma eleição popular escolheu a canção que melhor simbolizava a cidade. Entre Sampa (de Caetano Veloso), São, São Paulo meu amor (de Tom Zé), Ronda (de Paulo Vanzolinni), Av. Paulista (de Eduardo Gudin) a população preferiu Trem das onze de Adoniram Barbosa, consagrada na interpretação dos Demônios da Garoa. Uma canção de um ator de rádio, natural de Valinhos, cuja letra sem fazer qualquer sentido geográfico (Jaçanã foi inserido apenas para rimar com “amanhã”) era cantada num acentuado sotaque que não é paulistano, mas do Bixiga (e mesmo assim de modo caricatural na canção). Isso, tanto a canção, quanto Adoniran, quanto a escolha da canção, diz muito sobre a cidade, sobre o bairro e sobre as relações de identidade do paulistano.

 

Ainda que determinados traços do falar “bixiguense” sejam comuns aos paulistanos (como um certo cantar na fala), como o uso de expressões que apenas demonstram alguma forma de surpresa, em nenhuma outra região de São Paulo – cidade ou estado – vai se encontrar alguém falando como numa canção de Adoniran (ou imagina-se um morador de Perdizes falando como em “Samba do Arnesto” ou “Tiro ao Álvaro”?). Entretanto, pouco importa o fato, o imaginário já entronou essa visão; o que não deixa de ser curioso, posto que, até o início do século XIX a visão que se tinha – nas demais regiões do Brasil e mesmo em Portugal – a respeito dos paulistas era a de um povo bruto, sem civilidade e dado mais aos hábitos indígenas do que aos europeus.

 

O curso pretende, dessa forma, não apenas mergulhar na história do bairro, revisitar suas ruas, instituições, hábitos, o cotidiano (tal como Michael de Certeau o concebeu), mas, principalmente, compreender essa construção imagética e identitária do Bixiga e como ela se espalha e promove uma espécie de “adesão” do paulistano a esses marcos culturais. O curso será ministrado por Rodrigo Silva, mestre e doutorando em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e coordenador de mais de uma centena de projetos de pesquisa sobre o patrimônio cultural brasileiro.

Programa:

 

18/05 – A São Paulo no nascimento do Bixiga

 

20/05 – A segmentação social nos bairros de São Paulo: o Bixiga como espaço periférico

 

22/05 - “Orra meu”: a construção de um bairro “italiano”

 

23/05 - Aula externa*: arquitetura e cotidiano. Ênfase na formação miscigenada da cultura local: italianos, negros, portugueses.


*Visitas à Vai-Vai, a Rua 13 de Maio, Praça Dom Orione e as Escadarias do Bixiga. Passagem pelas cantinas e padarias. Visita a Casa de Dona Yayá.

 

25/05 - O Bixiga hoje: entre o cotidiano e o turismo

 

27/05 - O Bixiga como espaço das experimentações: o rock e o samba paulistano

 

29/05 - Vila Itoróró: entre a utopia e a realidade

 

30/05 - Aula Externa: visita à Vila Itororó

 

(Foto ilustrativa: Secretaria de Estado da Cultura - SP)

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do inicio da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Palestrantes

Rodrigo Silva

Rodrigo Silva

Mestre e doutorando em História Social pela USP com especialização em patrimônio cultural brasileiro. Assinou projetos de inventário e proteção do patrimônio cultural em parceria com o IPHAN, Condephaat e outros órgãos responsáveis pelo patrimônio cultural brasileiro. (Foto: Acervo pessoal)

Data

18/05/2015 a 30/05/2015

Dias e Horários

Segundas, quartas e sextas, 10h às 13h. Sábados, 10h às 14h.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 
4º andar do prédio da FecomércioSP 
Bela Vista - São Paulo/SP

Valores

R$ 24,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 40,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 80,00 - inteira

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