Breve história das favelas e a questão da urbanização das cidades
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As favelas constituem um caso muito especial de ocupação de território e construção de uma sociabilidade pelos seus habitantes. Na realidade, as favelas apresentam, em sua estrutura sócio-espacial, similaridades marcantes com as mais primitivas formas de aglomerados humanos, remetendo às primeiras aldeias do período neolítico, nas quais predominavam determinadas relações familiares, de vizinhança e de espacialização, análogas ao que encontramos nesses agrupamentos atuais que se convencionou denominar modernamente como "subnormais".
A compreensão dessa realidade, subjacente às questões visíveis de precariedade, pobreza e instabilidade jurídica e fundiária, permite uma abordagem nova da favela, com vistas à promoção de medidas saneadoras, urbanísticas e edilícias que apresentem maior efetividade e duração do que aquelas que costumam ser promovidas pelos agentes públicos que normalmente se ocupam do problema.
O desmanche puro e simples das estruturas espaciais e sociais presentes nas favelas, com a implantação de projetos de urbanização calcados em premissas técnicas que pouco ou nada levam em consideração do caráter arcaico das relações ali presentes, acaba por conduzir ao fracasso das iniciativas. O "pacto" que se estabelece com a população, por ocasião desses projetos, acaba por apresentar uma verticalidade que não resiste ao desgaste do tempo e da própria dinâmica do assentamento; na falta de um componente horizontal e autóctone, o pacto se ressente de uma datação limitativa, e, assim que passa o "momentum" do projeto, a comunidade retroage aos usos primitivos, acabando por destruir o construído.
Entre a cidade formal e a informalidade da favela, existem relações que não podem ser intermediadas senão pela prática diária dos que vivem nela. Arquitetos, engenheiros e técnicos sociais deveriam, antes de propor soluções calcadas na chamada "boa técnica", buscar aprender com os moradores dessas comunidades seu modus vivendi, para que as medidas tomadas confluam na direção de seus anseios legítimos, e não apareçam como formas de saneamento social que, visando a integração das famílias a uma formalidade convencional, acabam por desmontar o delicado equilíbrio da vida, sem trazer o benefício da qualidade almejada.
A palestra consistirá numa exposição mostrando: as dimensões atuais do problema das favelas pelo mundo, a origem dos slums nos séculos XVIII e XIX, o surgimento das favelas no Brasil, um breve relato sobre o aparecimento das cidades na história do homem, exemplos de espacialização e de ocupação do território em cidades antigas, a dinâmica das favelas atuais no Brasil, e uma breve reflexão sobre as chamadas "sociedades de afluência".
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade. centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600
(Foto: Tom Pratt)
Palestrantes
Luis Kehl
Arquiteto, formado pela FAUUSP (1979), com Mestrado em Estruturas Ambientais Urbanas nessa mesma instituição. Participa regularmente como palestrante do Curso de Direitos Humanos promovido pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente - CEDECA/Limeira. É autor de diversos livros.
Data
27/09/2018 a 27/09/2018
Dias e Horários
Quinta, 10h às 12h
As inscrições podem ser feitas a partir de 28 de Agosto, às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.