Atividades

Poder, punição, biopolítica e normalização.

Ciclo Michel Foucault

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Programa

Poucos intelectuais foram tão influentes no século XX, em tantas áreas do conhecimento, como Michel Foucault. Entre suas inúmeras contribuições, mostrou como o discurso científico – filosófico, médico, psicológico, psiquiátrico, criminológico, histórico- não se dissocia de um projeto político. Nesse sentido, revolucionou paradigmas acadêmicos exercendo simultaneamente o papel de militante libertário, em uma época de profundas transformações sociais e efervescência cultual, conforme testemunham Maio de 68, A Revolução Iraniana de 1979, a Revolução Sexual e a disseminação da AIDS. O presente ciclo abordará de forma interdisciplinar conceitos e obras fundamentais foucaultianos.

→ 10/06 – Michel Foucault e a história da loucura

“A História da loucura” trata da questão da experiência da loucura na modernidade por meio de uma arqueologia da percepção. Seus antecedentes encontram-se num gesto que divide e exclui da ordem da razão o Outro (louco, doente mental, anormal, talvez, hoje, indivíduo ou população portadores de transtorno). Na contramão das histórias da psiquiatria, a loucura não é abordada em termos de conhecimento médico-científico da essência ou natureza da loucura. Ela é escavada, no nível simbólico, da experiência e de suas condições de possibilidade: práticas sociais, políticas e econômicas, saberes médicos e artes. Apesar de histórica, apresenta-se como ferramenta para uma problematização original de formas de governo de si e dos outros, de resistências possíveis, ante aquilo que fomos determinados a pensar, ver e ser em nossa atualidade “normal”. 

Com Vera Portocarrero.


→ 12/06 – Punição e poder em Michel Foucault

Michel Foucault foi um crítico das relações entre formas de conhecimento e formas de poder, dos mecanismos sociais e simbólicos de exclusão, de divisão e de controle que condenam indivíduos e grupos aos submundos da anormalidade, aos porões das instituições de sequestro e de vigilância, ao aprisionamento existencial em identidades subordinadas e desviantes. O objetivo da apresentação consiste em caracterizar a trajetória intelectual desse autor, bem como ressaltar sua discussão sobre o poder nas sociedades modernas e contemporâneas, com especial ênfase nos seus estudos sobre o tema da punição. Será igualmente destacado como seu pensamento permite problematizar questões da atualidade.

Com Marcos César Alvarez.


→ 17/06 – A história da sexualidade
A História da Sexualidade, desenvolvida por Foucault em três volumes – I. A vontade de saber, II. O uso dos prazeres e III. O cuidado de si - problematiza a relação com o sexo que se desenvolveu no Ocidente, desde o século XIX, contrastando fortemente com a experiência vivida na Antiguidade Clássica. Foucault pergunta por que o sexo ganhou uma centralidade tão grande na Modernidade, a ponto de servir de referência para a classificação dos indivíduos de todas as classes, etnias, nacionalidades, em duas categorias sexuais normativas e hierárquicas: os heterossexuais e os homossexuais. Discute por que o sexo e não outras dimensões da vida humana, como a alimentação foi usado como objeto de conhecimento científico capaz de definir a verdade do sujeito e como estratégia de poder para legitimar formas sofisticadas de exclusão. Em contraste, mostra como os gregos e romanos criaram outros modos de pensar, interpretar e experimentar o sexo e a constituição da subjetividade, como veremos ao longo dessa aula.

Com Margareth Rago.

→ 24/06 – Michel Foucault e a biopolítica

Em A vontade de saber, primeiro volume de sua História da Sexualidade, Michel Foucault faz uso da noção de biopolítica para referir-se ao que seria uma mudança nas estratégicas globais de exercício do poder político nos estados modernos: se para as formas clássicas da soberania régia, a vida natural, como fruto da criação, era politicamente indiferente, já em meados do século XVIII a regulação massiva da vida, compreendida em seus processos biológicos fundamentais – os ciclos vitais de saúde e morbidez, natalidade e mortalidade, reprodução, produtividade e improdutividade –, torna-se a finalidade mesma dos cálculos e operações das políticas de estado e governança. Assim, das taxas de natalidade ao controle das epidemias, das formas de produção à reprodução assistida da vida, da “ciência da sexualidade” aos projetos de higienismo social, passando pelos racismos de estado e pelas práticas eugenistas, é toda uma séria de mecanismos de poder que serão colocados em marcha a propósito de um novo “sujeito” das políticas públicas: as “populações”. A aula pretende retomar o tema da biopolítica em Foucault com vistas a demarcar o lugar de atualidade e os modos de operação de um poder que representa, a um só tempo, um adestramento dos corpos e um controle normativo das populações.

Com André Constantino Yazbek.

(Foto: Thierry Ehrmann CC BY 2.0)

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do inicio da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Palestrantes

Vera Portocarrero

Vera Portocarrero

Professora titular de Filosofia e do programa de pós-graduação em Filosofia da UERJ, pesquisadora do Prociência da FAPERJ. Tradutora, organizadora e autora de diversos livros e artigos nacionais e internacionais sobre filosofia e história da ciência, ética e filosofa política. (Foto: Marco Antônio Gambôa)

Marcos César Alvarez

Marcos César Alvarez

Professor de Sociologia no curso de Ciências Sociais da FFLCH/USP, pesquisador do Laboratório de Pesquisas Sociais e do Núcleo de Estudos da Violência. (Foto: Acervo pessoal)

André Constantino Yazbek

André Constantino Yazbek

Professor de Filosofia Contemporânea do Departamento de Filosofia da UFF/RJ. (Foto: Acervo pessoal)

Bibliografia

ALVAREZ, M.C.; SANTOS, E. A. C. (2015) Michel Foucault e a Sociologia. Sociologia, nº 56, pp. 22-29.

FOUCAULT, M. (1977) Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes.

________. ( 1981) Microfísica do poder. 2ª ed. Rio de Janeiro: Graal. pp. 1-14.

________. (1995) O Sujeito e o Poder. In: Dreyfus, H. Rabinow, P. Michel Foucault – uma trajetória filosófica.  Rio de Janeiro: Forense Universitária, pp.231-249.

 

Data

10/06/2015 a 24/06/2015

Dias e Horários

Quartas e sexta, 19h30 às 21h30.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 
4º andar do prédio da FecomércioSP 
Bela Vista - São Paulo/SP

Valores

R$ 15,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 25,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 50,00 - inteira