Atividades

Quais preocupações éticas um documentarista deve levar em conta em suas relações com quem é filmado?

Ética e Documentário

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Programa

Direcionar uma câmera e editar são atos de poder. A relação entre quem filma e quem é filmado, ainda mais em documentários, pode ser determinante tanto nas escolhas do documentarista do que filmar e em quanto ele se coloca em cena quanto nas falas e silêncios do documentado. Por sua vez, um documentário sobre pessoas em situação de vulnerabilidade pode trazer mudanças profundas em suas vidas, tanto positivas quanto negativas.

O presente ciclo tem como objetivo discutir os dilemas éticos com os quais se depara o documentarista quando faz um documentário autobiográfico, quando filma pessoas com quem possui intimidade, como amigos e familiares, quando filma pessoas vulneráveis e quando filma inimigos de diversas naturezas.

21/03-Documentários autobiográficos e sobre pessoas próximas
De que maneira o terreno ético do documentário pode ser discutido quando a tematização do "outro" envolve laços afetivos entre o cineasta e as pessoas filmadas? Existiria relação entre a exploração de privacidade individual e um possível comprometimento ético em narrativas documentárias?
Como tradicionais relações de poder entre documentarista e pessoa filmada flexionam-se ou potencializam-se quando há vínculo sanguíneo, comunal ou familiar entre as partes? Tais questões serão abordadas a partir da exploração das particularidades dos documentários autobiográficos no campo do cinema de não-ficção, tendo como subsídio exemplos contundentes desta produção, tanto em títulos nacionais quanto internacionais, das últimas décadas.
Com Gabriel Tonelo.

28/03-Documentar o vulnerável
Como o documentário não dispõe de um conjunto de procedimentos que regulariam, a priori, o que ele pode ou não filmar, o que deve ou não mostrar, ele só pode forjar, a cada vez, de modo imanente, a dimensão ética que sustenta a relação entre quem filma e aquelas e aqueles que se engajam - com seus corpos, falas e gestos - no filme que se faz.
Se a forma documentária não impõe sua soberania frente à alteridade dos sujeitos filmados, de que maneira ela poderia sofrer a incidência da presença dos que só podem oferecer ao filme a vulnerabilidade de suas vidas? Seguindo o fio dessa indagação, na aula serão comentadas algumas obras cuja escritura se faz no enfrentamento desse desafio.
Com César Guimarães.

04/04-Como filmar o inimigo?
Como filmar o inimigo? A aula se debruça sobre essa difícil questão ética no documentário, passeando por relações de inimizade em suas diversas modalidades: inimigos políticos, de classe, sociais, íntimos e familiares. Os dilemas dessa relação: a ambiguidade entre o desejo de ataque e a necessidade de cordialidade: filmar para melhor combater ou filmar para melhor conhecer? A ponderação sobre as controversas estratégias de aproximação (os dispositivos de infiltração, o engano, a falsa identidade) e os distintos resultados estéticos, que variam da estratégia calculada à câmera urgente do ativista em perigo.
A aula abordará a obra de cineastas variados, brasileiros e estrangeiros, como Avi Mograbi, Eduardo Coutinho, Vincent Carelli, Marcelo Pedroso, Gabriel Mascaro, Maria Clara Escobar, Joshua Oppenheimer, entre outros, a partir de textos como o de Jean-Louis Comolli.
Com Mariana Souto.

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Condições especiais de atendimento, como tradução em libras, devem ser informadas por email ou telefone, com até 48 horas de antecedência do início da atividade.
centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br / 11 3254-5600

Palestrantes

Gabriel Tonelo

Gabriel Tonelo

Doutor em Multimeios pela UNICAMP. Sua pesquisa de doutoramento envolveu o estudo dos documentários autobiográficos, com passagem como Fellow do departamento Visual and Environmental Studies (VES) da Universidade Harvard.
(Foto: Acervo Pessoal)

Mariana Souto

Mariana Souto

Doutora em Comunicação pela UFMG, onde pesquisou cinema brasileiro. Professora da graduação em Cinema da UNA (Belo Horizonte). Curadora de mostras e festivais (Festival de Curtas BH, Cineclube Comum), diretora de arte e assistente de montagem.
(Foto: Eduardo Queiroga)

Data

21/03/2018 a 04/04/2018

Dias e Horários

Quartas, 19h30 às 21h30

As inscrições podem ser feitas a partir de 22 de fevereiro às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Bela Vista - São Paulo.

Valores

R$ 15,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 25,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 50,00 - inteira