Intervenção urbana e coletivos de arte

 

No fim da ditadura militar, após anos de silêncio e repressão impostos pelo governo, diversos coletivos de arte independente voltaram a ocupar as ruas da cidade de São Paulo, entre eles o Viajou sem Passaporte e o 3Nós3. Os coletivos realizaram uma série de ações durante as décadas de 1970 e 1980 que consistiam na introdução de elementos ou gestos estranhos em situações cotidianas, com o objetivo de alterar a ordem habitual da vida em comunicação direta com o público. Além disso, eles se opunham ao dogmatismo e ao idealismo político e as suas ações nas ruas tinham um viés lúdico ou irracionalista.  Podemos dizer que as intervenções urbanas realizadas pelo Viajou Sem Passaporte e o 3Nós3 foram ações disruptivas capazes de provocar estranhamento ou até mesmo interromper os fluxos cotidianos da cidade. Para isso, cada grupo se utilizou de características próprias de trabalho: o Viajou Sem Passaporte estava interessado em incitar a criatividade dos transeuntes durante as intervenções nas ruas, principalmente por estar ligado às artes cênicas; o 3Nós3 tinha como foco o impacto visual de suas ações, pois considerava a cidade enquanto produto arquitetônico, enquanto forma plástica.  Este curso pretende apresentar as ações destes grupos, além de apontar para a sua importância na retomada dos espaços públicos, para quem ele é de direito, os cidadãos.