Atividades

O Ciclo propõe-se a lançar um olhar por perspectivas da cidade, partindo do olhar criativo de artistas e ativistas e de suas intervenções urbanas na cidade.

São Paulo: a cidade apresentada por suas intervenções urbanas

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Programa

Da limpeza da fuligem dos carros desenham-se caveiras em meio a poluição da cidade... Do caminho cotidiano surgem bonecos que parecem pessoas e contam histórias de pessoas em situação de rua... Enterros simbólicos questionam o racismo nas entranhas do Estado... Caligrafias nos muros e arranha céus incomodam muitos e trazem reconhecimento para outros, já fazendo parte da paisagem da cidade de São Paulo...

 

Mais do que um diálogo com a cidade, o que as intervenções urbanas aqui citadas questionam de modo crítico o status quo da cidade. Pela provocação, afetam o passante, sensibilizam, incomodam, ironizam, comunicando pontos críticos e necessidades de mudanças nos modos de sociabilidade na cidade. O Ciclo propõe-se a lançar um olhar por diferentes perspectivas da cidade, partindo do olhar criativo que artistas e ativistas e de suas intervenções urbanas na cidade, a partir da recriação de espaços, de materiais e das relações.

 

14/04: Na São Paulo da (in)visibilidade: desvelando histórias e direitos

Com Helder Oliveira e Marília de Freitas Pereira

"Eu Existo" foi um processo de intervenção urbana construído a partir de atelier-oficina aberta junto a conviventes de um albergue masculino para pessoas em situação de rua. Em menos de um mês foram construídos 20 bonecos de tamanho natural que trouxessem no rosto e corpo vivências de pessoas em situação de rua (por elas mesmas), inclusive com histórias de vida de cada “boneco”. Todo o processo culminou na saída destas esculturas/pessoas para espaços públicos do Centro de São Paulo, com objetivo sensibilizando passantes para tais histórias e situações. O processo foi coordenado pelos artistas Helder Oliveira e Wagner Almeida. Por sua vez, Marilia Pereira oferece uma análise reflexiva deste trabalho a partir das contribuições de autores como Vygotsky, Newman, Holzman e Andersen, afirmando que esta prática reforça o caráter relacional e performático na construção dos sentidos do mundo e da busca de uma sociedade mais justa e colaborativa. A experiência foi apresentada durante o encontro “Performing the World 2014”  promovido pelo East Side Institute, Nova York, EUA.

 

 

15/04: Na São Paulo silenciada: intervenção urbana como mensagem?

Com Alexandre Orion

 

O espaço público da cidade é alvo central de uma série de intervenções urbanas, ora de moradores, ora do poder público. Na contramão de um modelo urbanístico desigual e segregatório de cidade, intervenções urbanas ocupam o espaço público com ações que convocam situações na cidade, questionando, denunciando, anunciando, sensibilizando e mesmo incomodando os passantes para um outro olhar para os mesmos espaços, objetos e situações. 

A atividade propõe trazer contextos da arte na vida urbana e no espaço público da cidade como discurso político, apontando para a própria viabilidade de expressão e comunicação da obra.  

 

 

30/04: Na São Paulo da pixação “quem não é visto não é lembrado”

Com Djan Ivson e Alexandre Barbosa Pereira

 

 “A pixação normalmente escrita com X por nós pixadores não é apenas uma grafia estilizada de palavras nos espaços públicos da cidade, trata-se de um desenvolvimento expressivo realizado em sua maior parte por jovens das periferias, e funciona como a voz dos sem voz, o grito mudo dos invisíveis, brado pintado, corre existencial, identidade”. (Cripta Djan)

 

A pixação é marca paulistana protagonizada fundamentalmente por jovens moradores das periferias da cidade. Apesar de ser uma atividade bastante controversa e mal vista pela maioria da população, muitos jovens conseguem por meio dela certo reconhecimento, mobilizando outras dimensões de memória da cidade. Por meio de uma escrita particular estampada nos muros e prédios da cidade, jovens tecem redes de sociabilidade que se expandem por toda a região metropolitana. Nesse circuito, destaca-se quem consegue desafiar os maiores perigos para estampar seu nome no maior número de lugares e naqueles de maior dificuldade. Risco, excitação e transgressão como forma de buscar reconhecimento e visibilidade. Paradoxalmente, ao utilizar o suporte efêmero da paisagem urbana que lhe quer extirpar, a pixação constrói espaços de memória que permitam que sejam reconhecidos e lembrados pelos seus pares. E afinal, o que a pixação tem a dizer sobre a dinâmica sociocultural da cidade? 

 

 

06/05: Cartografias sobre o Racismo: experiência da Frente 3 de fevereiro

Com Eugênio Lima e Maurinete Lima

 

A Frente 3 de Fevereiro é um grupo de pesquisa e intervenção artística acerca do racismo na sociedade brasileira. Sua abordagem cria novas leituras e coloca em contexto dados que chegam à população de maneira fragmentada através dos meios de comunicação. As intervenções artísticas criam novas formas de manifestação e reflexão sobre as questões raciais. Formada por artistas plásticos, cineastas, designer gráfico, músicos, historiador, socióloga, antropóloga, dançarina, advogada, cenógrafo e atores, nasceu da mobilização desse grupo com um dado da realidade: no dia 03 de fevereiro de 2004, o jovem negro Flávio Sant’Ana, confundido com ladrão, foi assassinado pela polícia militar de São Paulo.  

 

Para o grupo, o assassinato de Flávio, um jovem dentista recém-formado, era mais do que um fato, era um caso exemplar, a denúncia de uma contradição social. Se existe a perpetuação de um ideário de democracia racial no Brasil – um discurso que nos afirma como um país mestiço e, por isso, automaticamente “livre” de racismo – por outro lado, a morte de Flávio traz a tona a cotidiana tipificação do jovem negro como “suspeito”, como “ameaça”. Seu assassinato revela, então, a democracia racial como tentativa deliberada de negar as perversas práticas sociais pontuadas por uma herança escravocrata. Assim iniciamos um exercício fundamental para o grupo, o qual nomeamos “cartografia”: a observação crítica da realidade e a invenção de novas maneiras de ler e escrever nossos desejos. (Frente 3 de fevereiro)

(Foto: Fernanda Vargas)

 

As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do inicio da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.

Palestrantes

Helder Oliveira

Helder Oliveira

Artista, educador e gestor cultural, criado no extremo sul da cidade de São Paulo, nunca se distanciou da reflexão acerca das questões sociais que permeavam e permeiam sua vida até hoje. Formado em Artes Plásticas (Belas Artes/SP) e Atendimento Sistêmico a Família e Redes (Lannus/ARG) traz uma trajetória marcada pela intervenção e arte urbana. (Foto: Fabio Silvestre)

 

Marília de Freitas Pereira

Marília de Freitas Pereira

Psicóloga, terapeuta de família, grupos e individual. Docente e diretora do Instituto FAMILIAE, para formação continuada em construcionismo social e práticas narrativas. Nesta perspectiva atuou em diferentes contextos sociais.

Alexandre Orion

Alexandre Orion

Artista multimídia. Realizou exposições individuais nas principais capitais do mundo. Suas obras fazem parte das coleções da Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAD Museum, Nelson Atkin’s Museum, Fundação Padre Anchieta, Itaú Cultural, Fondation Cartier Pour L’art Contemporain, entre outras. (Foto: Ivan Shupokov)

Djan Ivson

Djan Ivson

Cripta Djan, como é conhecido conquistou legitimidade no movimento da pichação realizando o maior número em raio de abrangência e dificuldade de realização. Sua atuação foi marco para a entrada da pichação no mundo da arte e das universidades. Participou da 29º Bienal Internacional de Arte contemporânea (BR), 7ª Bienal de Berlin (ALE), dentre outras. (Foto: Acervo pessoal)

Eugênio Lima

Eugênio Lima

Ator, DJ, diretor Núcleo Bartolomeu de Depoimentos (SP).
(Foto: Cristina Maranhao)

 

Maurinete Lima

Maurinete Lima

Membro Fundador da Frente 3 de Fevereiro, Poeta, Bacharel em Sociologia e Ciência Política ICPS Universidade Federal de Pernambuco. Doutoranda em Antropologia Social (USP). (Foto: Acervo pessoal)

 

Data

14/04/2015 a 05/05/2015

Dias e Horários

De 14, 15, 30/04 e 06/05. Terça, quartas e quinta, 19h às 21h30.

Local

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 
4º andar do prédio da FecomércioSP 
Bela Vista - São Paulo/SP
 

Valores

R$ 18,00 - credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes
R$ 30,00 - pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante
R$ 60,00 - inteira

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