Sociedade Black Mirror-parte II
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As novas tecnologias transformaram não só a maneira como as pessoas se relacionam entre si, mas também ampliaram os mecanismos de controle estatal e paraestatal sobre o indivíduo. A partir de episódios da série de TV Black Mirror, criada por Charlie Brooker e exibida pelo Channel 4 e Netflix, pesquisadores discutem faces de um futuro distópico que aparenta, em grande medida, já ser vivido nos tempos atuais. Recomenda-se que os alunos assistam previamente aos episódios.
05/06- Nosedive: Capital social nas redes sociais
As redes sociais na internet proporcionaram mudanças importantes nos processos de Comunicação da Contemporaneidade. Novos modos de circulação e construção de capital social são criados e novos modos de valorização dessas trocas. A palestra abordará essas novas formas de construção e circulação de capital social através da mídia social, bem como o impacto desses valores na sociabilidade das pessoas.
Com Raquel Recuero.
12/06- Shut up and dance e The entire history of you: segurança na internet e direito ao esquecimento
Até pouco tempo atrás, as notícias, as nossas opiniões, as nossas imagens e as nossas interações pessoais não eram digitalizadas. Se eram digitalizadas, não estavam na Internet. Se estavam na Internet, não eram indexadas por buscadores que prometem apresentar exatamente o que você busca, e na ordem supostamente mais relevante para você. Neste caminho entre o acesso a um conjunto extraordinário de informações e uma espécie de memória permanente, reconfigura-se não somente o lembrar e o esquecer, mas também a priorização da informação, cada vez mais estabelecida por algoritmos com os critérios para aquilo que importa, e quanto. Nesse contexto, é razoável pensar em um direito a ser esquecido?
Com Mariana Valente.
19/06- Be right back: Imortalidade Digital e limites para uso dos dados legados pelos usuários
Ao longo das interações com artefatos tecnológicos, uma grande quantidade de bens digitais são gerados via software. Com o falecimento dos usuários, esses bens farão parte do legado digital desses usuários. A Imortalidade Digital, por sua vez, foca nas mais recentes aplicações da tecnologia para a preservação de um usuário por meio de seus dados. Nos limites entre a realidade e a ficção, com a ajuda da Inteligência Artificial e o tratamento de grande quantidade de dados, formas de imortalização e preservação das memórias dos usuários tem sido cada vez mais próximas do nosso mundo. Além das questões técnicas, dilemas éticos e morais desta imortalização carecem de discussão. Assim, debater os limites e possibilidades destas soluções tecnológicas é o objetivo desta palestra.
Com Cristiano Maciel.
26/06- Playtest: Realidade virtual, games e violência
A articulação entre roteiro, direção, edição, direção de arte e trilha sonora de “Playtest” resulta em uma narrativa que combina ficção científica e horror, combinando elementos que remetem a cineastas como Stanley Kubrick, Ridley Scott e David Cronenberg. Algumas questões emergem: em que medida Black Mirror está, metaforicamente, elaborando processos que já existem nas relações atuais entre os seres humanos e a tecnologia? O que “Playtest” sugere a respeito de videogames caracterizados por alta intensidade de violência? A reflexão sobre esse episódio pretende articular paredes brancas e contratos com a manipulação da memória e o grotesco, sugerindo uma interpretação da narrativa centrada em impasses de história contemporânea.
Com Jaime Ginzburg.
03/07-Banalidade do mal e novas tecnologias bélicas
As relações entre Ciência, Tecnologia e Estado configuram um cenário específico a partir da chamada segunda revolução industrial ocorrida no final do século XIX. A maneira como a Ciência e Tecnologia ocuparam papel de destaque nos dois principais momentos bélicos no século XX (primeira e segunda guerras mundias) e como em meados da década de 1940 se constituiu nos EUA o complexo militar científico permitem uma análise de como as chamadas tecnologias emergentes (disciplinas de ciência e tecnologia tais como a Biotecnologia, Neurociência entre outras) podem se relacionar com o cenário bélico no século XXI. Examinaremos como essas relações se dão a partir de uma leitura do episódio Men against fire.
Com Francisco Rômulo Monte Ferreira.
10/07- Fifteen million merits: a ideologia da meritocracia e a construção da celebridade no show da sobrevida
“O que você faria?” é o título, em português, do filme El método, de Marcelo Piñero, lançado em 2005. Neste, um grupo de aspirantes a um cargo executivo se digladiam em um processo seletivo brutal, no qual se devem eliminar uns aos outros, ao mesmo tempo em que eliminam quaisquer freios postos por seus próprios juízos. A mesma pergunta é uma das estrofes da música Vida real, de Paulo Ricardo, utilizada na abertura do programa Big Brother Brasil, no qual aspirantes ao grande prêmio se digladiam em um processo seletivo televisionado, no qual devem enviar uns aos outros ao “paredão” e passar por provas de superação de seus próprios limites, físicos ou psíquicos. O episódio “Fifteen million merits”, da série Black mirror, pressente a contiguidade entre a esfera produtiva contemporânea e esse novo formato da Indústria Cultural. A palestra buscará refletir tal intuição, bem como a forma estética mediante a qual se apresenta.
Com Silvia Viana Rodrigues.
As inscrições pela internet podem ser realizadas até um dia antes do início da atividade. Após esse período, caso ainda haja vagas, é possível se inscrever pessoalmente em todas as unidades. Após o início da atividade não é possível realizar inscrição.
(Foto: Netflix)
Palestrantes
Mariana G. Valente
Advogada e doutora em direito pela USP. É diretora do InternetLab, pesquisadora do Núcleo Direito e Democracia do Cebrap, e coordenadora do Creative Commons Brasil.
(Foto: Sebaastien Ter Burg)
Francisco Rômulo Monte Ferreira
Doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da USP. Pesquisador e professor visitante do Programa de pós-graduação em Neurociências e Comportamento da mesma instituição.
(Foto: Acervo Pessoal)
Raquel Recuero
Professora e pesquisadora do curso de Jornalismo e do programa de pós-graduação em Letras da UFPel e do programa de pós-graduação em Comunicação e Informação da UFRGS e do CNPq.
(Foto: Acervo Pessoal)
Cristiano Maciel
Doutor em Ciência da Computação e Professor Associado I do Instituto de Computação da UFMT. Líder do projeto DAVI - Dados além da Vida, no LAVI/UFMT. É um dos autores do livro "Digital Legacy and Interaction: post mortem issues", da Springer.(Foto: Jose Luiz Siqueira)
Silvia Viana Rodrigues
Doutora em Sociologia pela USP. É professora da EAESP-FGV, autora de “Rituais de sofrimento” (Ed. Boitempo, 2012). Desenvolve pesquisas nas áreas de sociologia da cultura, sociologia do trabalho e teoria critica.
(Foto: Acervo Pessoal)
Data
05/06/2017 a 10/07/2017
Dias e Horários
Segundas, 19h30 às 21h30
As inscrições podem ser feitas a partir de 24 de maio às 14h, aqui no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.