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Entrevista com Nuno Ramos
Reflexões sobre a arte contemporânea

Entrevista com Nuno Ramos

Nuno Ramos é artista visual e escritor. Nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha, e formou-se em Filosofia pela USP em 1982. Participou de diversas exposições coletivas no Brasil e no exterior. Podemos encontrar em sua produção gravuras, pinturas, fotografias, instalações, vídeos e canções. Ganhou diversos prêmios, incluindo o Grand Award, da Barnett Newmann Foundation (2007).

Para ele, o sucesso popular das Bienais e de megaexposições contrariaria a ideia recorrente de que há um preconceito por parte do público com a arte contemporânea. Ramos critica os excessos da mediação cultural, que torna a experiência do público muitas vezes próxima de um experimento pavloviano, diante de tantas regras colocadas, que inclusive direcionam o seu corpo e o seu olhar. Compara também a mediação com uma leitura de bula de remédio. Perguntado sobre as transformações pelas quais estão passando as bienais, aponta sua proliferação pelo mundo, a perda de sua função cosmopolita e o fortalecimento do poder do curador, que chega a ganhar mais destaque do que os próprios artistas.

O entrevistado acredita que vivemos uma crise de recepção da obra de arte, mais do que de produção. Sobre o futuro dos museus, analisa o caso de Inhotim, chama a atenção para a diminuição do espaço dado a “indivíduos geniais” em favor de uma curadoria mais sociológica, reconhece o aspecto lúdico das exposições e problematiza o aspecto espetacular da arquitetura das instituições. Já em relação à crítica, defende que houve há muito tempo o deslocamento do julgamento da obra de arte como boa ou ruim para sua contextualização e interpretação.
Se por um lado Ramos desvincula na entrevista a verdade de uma obra de arte e seu valor de mercado, não demoniza a presença do mercado na arte, aludindo à pop art. Em tempos de controvérsia sobre lugar de fala, o entrevistado reconhece as dificuldades e questões éticas envolvidas na representação de episódios de violações de Direitos Humanos, mas afirma a importância e o direito de se falar daquilo que não se viveu.

Demonstra seu desinteresse pelo processo criativo e aponta como as condições estruturais acabam ditando a concepção e execução da obra. Sobre o polêmico uso de animais em instalações, exalta a temporalidade própria do animal, independente e indiferente ao expectador e opõe-se à ideia de que a arte deve ser exemplar, inclusive ecologicamente. Por fim, comenta sobre sua obra literária, musical e dramatúrgica.

A entrevista completa está disponível na quarta edição da Revista do Centro de Pesquisa e Formação.