A história do filme Tito e os Pássaros foi criada 10 anos atrás, a partir da ideia de uma doença do medo que contagia o mundo inteiro. Isso foi bem antes de aparecer um grupo de líderes e governantes que usam o medo e a discórdia como forma de manter seu poder. E foi antes ainda do aparecimento da pandemia do Coronavírus.
É muito legal de ver como as artes podem proporcionar um diálogo intenso com a realidade, indo bem além daquilo que conseguíamos imaginar ou enxergar no momento da criação. (Um amigo meu diz que um dia o mundo vai entender que a arte tem o mesmo nível de importância que a ciência para as sociedades, e que ambos operam de forma complementar.)
Acho que o filme que fizemos pode ser muito importante para ajudar as crianças (e os adultos) a lidar com o mundo que virá depois que o pico da pandemia passar e todo mundo puder sair da quarentena.
Ter medo de um vírus é razoável, é igual a ter medo de leão. Ninguém vai achar que é ruim ter medo de sair de casa porque tem um leão na frente da porta. Com o coronavírus é igual, é não sair na rua porque se não todo mundo adoece ao mesmo tempo e não cabe no hospital. O problema pra mim é depois que isso for controlado, depois que o leão for domado. Vamos viver com medo do leão ou do vírus pra sempre? Como e pra que esse medo vai ser usado?
Na verdade, acho que a gente já estava vivendo com vários medos imaginários antes do Coronavírus, medos que não existem e que são criados pra nos imobilizar ou pra nos colocar uns contra os outros. E acho que o Tito pode ajudar bastante a pensar sobre isso.
Então aproveite a quarentena e assista ao filme se ainda não assistiu! Tá passando no Canal Brasil, no Telecine e também está disponível nas seguintes plataformas: Google Play, iTunes, Looke, MicrosoftStore, Net NOW, Oi Play, Telecineplay e Vivo Play.
Por Gustavo Steinberg, mestre em Ciências Políticas e master of Science em Mídia e Comunicação. Concebeu e produz o BIG Festival, o Festival de Clipes e Bandas e o Dia da Música. Produziu e dirigiu longas, programas de TV e é codiretor de "Tito e os Pássaros".
