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130 anos de abolição/ebulição!

Em Debate

A despeito da falta de reconhecimento, as populações africanas trazidas forçosamente para o Brasil e os descendentes que geraram são componentes fundamentais da constituição do nosso país. São múltiplos os aspectos da vida nacional que contabilizam contribuições desses povos. No entanto, a condição de escravizados e toda a lógica escravista que conformou o imaginário da população brasileira oculta tais contribuições e gera resistência em assimilar a população negra como um elemento positivo em nossa sociedade.

A abolição da escravidão em 1888, que completa 130 anos em maio próximo, falhou em tirar o elemento negro da subalternidade e incorporá-lo plenamente como cidadão da república que nasceu no esteio da abolição. Mantidas as profundas desigualdades econômicas, sociais e culturais, o racismo encontrou campo fértil para se manifestar em todas as esferas da vida cotidiana. A lei Áurea acabou com a relação mestre/escravo, mas possibilitou o surgimento de uma nova relação hierárquica: a relação branco/negro.

A filósofa Judith Butler em Quadros de Guerra: Quando a vida é passível de luto? (2015) afirma que sociedades racializadas produzem populações cujas vidas são enlutáveis e populações cujas vidas são consideradas “destrutíveis” e “não passíveis de luto”, essas últimas podem ser sacrificadas, pois na lógica do pensamento hegemônico representam ameaças a um determinado modo de vida. É o que se vê no Brasil em relação à população negra. Como vidas não passíveis de luto, e portanto, destrutíveis, estão vulneráveis à enorme precariedade como os dados de mortalidade da juventude negra, mortalidade materna, feminicídio, dentre outros, nos revelam.

Sem dúvida houve avanços, mérito que devemos atribuir aos movimentos negros brasileiros. Mas, o caminho para a supressão das desigualdades que afligem tal população ainda é longo e tortuoso.

A programação do Em debate nos meses de maio e junho nos incita a refletir sobre os sentidos de liberdade para a população negra 130 anos após a extinção da escravidão no Brasil, as consequências do racismo, bem como as estratégias a seu enfrentamento.

O teatro negro em perspectiva 
Dia 11/5, sexta, das 15h às 17h
Grátis.
As obras apresentadas nesta publicação apresentam várias facetas relacionadas aos negros e à cultura afrodescendente levantando apontamentos que dizem respeito a aspectos fundamentais enfrentados por esses sujeitos, dentre os a questão do negro assediado (física, moral e psicologicamente), alienado, desejado, engajado, homossexual, objeto, pobre, politizado, rejeitado, rico, violentado etc. Quando grupos como Bando de Teatro Olodum, Cia Espaço Preto, Grupo dos Dez, entre outros, colocam em discussão esses temas, eles possibilitam que o leitor/espectador repense os espaços de representações aos quais os negros costumam ser encarcerados.

Com Marcos Antônio Alexandre, mestrado e doutorado em Estudos Literários  pela UFMG e professor de Literatura na mesma universidade.

Cine Debate: Açúcar 
Dia 12/5, sábado, das 15h às 18h
Grátis.
Açúcar é ambientado num universo de realismo mágico, que cruza a história pessoal de Bethania com a formação da identidade de um país que é, ao mesmo tempo, moderno e arcaico, contemporâneo e ancestral, branco e muito, muito mais negro.

Com Sérgio Oliveira, roteirista e diretor. Realizou sete curtas-metragens, entre eles o premiado "Praça Walt Disney", e os longas documentários "Estradeiros" e “Super Orquestra Arcoverdense de Ritmos Americanos”. “Açúcar” é o seu primeiro longa-metragem de ficção, codirigido com Renata Pinheiro.

Nego Fugido - Um auto sobre escravidão e liberdade 
Dia 12/5, sábado, das 15h às 18h
GRÁTIS
Nego Fugido é uma expressão popular de cultura realizada pelos pescadores da comunidade quilombola de Acupe - da cidade de Santo Amaro da Purificação-BA -, que há mais de um século narra a saga dos negros escravizados que, em batalha, subjugam o rei de Portugal e exigem do monarca a carta de alforria. Uma encenação de reparação história que coloca os negros como protagonistas da conquista da abolição da escravatura. A apresentação será precedida de um debate com Monilson S. e Salloma Salomão.

A atividade será iniciada com um debate protagonizado por Monilson dos Santos Pinto e Salloma Salomão que discutirão com o público os aspectos que compõem o auto.

Com Monilson dos Santos Pinto, doutorando em Artes Cênicas da ECA-USP. Mestre em Artes Cênicas pela UNESP. Ator/dançarino (brincador) e coordenador das atividades de arte-educação da Associação Cultural Nego Fugido - BA.
Com Salloma Salomão, possui graduação, mestrado e doutorado em História pela PUC-SP. Professor no Centro Universitário Fundação Santo André. Consultor da Secretaria de Educação do Município de São Paulo.
 
130 anos de abolição: limites e sentidos da liberdade na atualidade
Dia 14/5, segunda, das 14h às 18h30
R$50,00 / R$25,00 / R$15,00
Em 2018 a Abolição da Escravatura completa 130 anos. Em torno dessa data alguns especialistas participarão desse debate com o intuito de responder às seguintes questões: Como pensar os sentidos de liberdade para a população negra na atualidade? Quais os sentidos de liberdade para as mulheres negras tanto no contexto da abolição quanto na contemporaneidade?

Com Mário Augusto Medeiros, bacharel, mestre e doutor em Sociologia pela Unicamp.
Com Suzane Jardim, Bacharel em História pela Universidade de São Paulo.
Com Regimeire Maciel, Professora da UFABC. Graduada em Ciências Sociais pela UFMA; mestra e doutora em Ciências Sociais pela PUC/SP.
Com Rosangela Costa Araújo, Mestra e doutora em Educação pela USP. Professora da Faculdade de Educação e do Bacharelado de Estudos de Gênero e Diversidade da UFBA.

Estudos pós-des-de-coloniais 
De 18/5 a 29/6, sextas, das 15h às 18h
O curso apresenta discussões e pensamentos críticos de diferentes grupos de pensadores, sobretudo latino-americanos(as) e africanos(as), que reclamam a necessidade de se decolonizar/descolonizar epistemologias eurocentradas e seus cânones. Busca-se evidenciar, a partir de um diálogo interdisciplinar entre várias áreas do saber, as respostas epistêmicas e matrizes teóricas que vêm sendo dadas às diferentes formas de opressão e colonialidades, ainda pouco difundidas no meio acadêmico brasileiro. Objetiva-se que participantes adentrem outras concepções de mundo e filosofias que desafiam a racionalidade do sistema-mundo.


18/05. Trilhando caminhos de estudos pós/des/de-coloniais
25/05. Stuart Hall e os Estudos Culturais: raça, identidade e cultura
01/06. Contranarrativas epistêmicas em Áfricas e diásporas: entre artes, militância e academia
08/06. Inquietações ao Sul: Ecologia de Saberes e Interculturalidades
15/06. "Lógica do oral, lógica do escrito": Corpo, oralidade e performance como pedagogias
22/06. Questões de gênero: intelectualidade e militância transpondo binarismos
29/06. Ubuntu: Educação, direito à diferença e outros modos de vida

Com Bebel Nepomuceno, doutora e mestra em História Social pela PUC-SP.
Com Liliane Braga, doutoranda em História e mestra em Psicologia Social pela PUC-SP.

Violência e Sociedade: racismo como estruturante da sociedade e da subjetividade 
Dia 26/5, sábado, das 16h às 18h
Grátis
O livro é fruto da parceria entre a Clínica do Testemunho, do Centro de Estudos em Reparação Psíquica do Instituto Sedes Sapientiae e o Instituto Amma Psique e Negritude. A parceria teve, num primeiro momento, foco na realização de cursos que visaram promover a discussão acerca do fenômeno da Violência de Estado e sua intersecção com o Racismo.  Num segundo momento, como uma maneira de finalizar essa etapa de parceria entre as instituições envolvidas, promovendo a produção de algum tipo de material para a posteridade, propôs-se a organização de um livro. Assim, os docentes participantes foram convidados - em conjunto com outros/as especialistas da área - a registrarem as suas contribuições que o leitor encontra na presente publicação.

Com Maria Lúcia da Silva, ativista negra feminista e defensora dos direitos humanos das mulheres. Psicóloga e Psicanalista. Co-fundadora e Diretora-Presidente do Instituto AMMA Psique e Negritude.
Com Maria Cristina Ocariz, psicóloga, psicanalista, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, membro do Departamento de Psicanálise, professora, supervisora e coordenadora de cursos no Instituto Sedes Sapientiae.